Arquivo diários:agosto 23, 2013

Os Pontiagudos Alongados – Sapatos Medievais

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Os sapatos com os dedos longos e extremamente torneados começaram a ser usados no início do século XII na Europa Ocidental. As origens desses sapatos foram, por fatos não muito comprovados e mais por tradição, colocado nos pés do conde d’Anjou, que tinha a necessidade de cobrir os dito cujos em virtude de deformidades enormes. Acredita-se que seriam enormes joanetes ou dedos disformes e grandes, tanto que o chamavam de o nobre pato. Outra tradição coloca a origem de tal sapato vinda dos árabes, Oriente Próximo, e que a mesma teria existido desde os sumérios, mas também sem possibilidades de comprovação histórica. Há certos manuscritos, século XIII, que relatam cruzados citarem tais calçados como sendo cômodos e que levariam tal comodidade aos seus reinos e feudos. Esta última análise nos parece mais convincente, pois há relatos de 12 cruzados transcritos em pergaminhos, encontrados em uma embarcação náufraga, que foi encontrada muito bem conservada, no mar Mediterrâneo, que nos diz que os mesmos, os cavaleiros, levariam vários pares para as suas esposas e filhos.

Uma série de obras sobre a história do figurino medieval refere este tipo de calçado de “pigases”, que parecem encontrar suas origens na menção de pigaciæ e pigatiæ em Ordericus Vitalis, ou “pigache” em francês. Estes referidos sapatos com pontas longas começaram a aparecer no início do século XII. No entanto no decorrer dos anos suas pontas foram crescendo exageradamente, crendo que mais longos os sapatos mais elegantes e sofisticados eram eles. Algumas pontas atingiam mais da metade do calçado, às vezes, atingindo mais de 20 cm. Os sapatos mais longos eram “recheados” com acreditem, musgo, cabelo, lã e até farinha de trigo.

As variações dos calçados em suas extremidades tinham como adornos: rabo de peixe, serpente, escorpião e outras. Mas a maioria usava os

calçados sem maiores extravagâncias. Acho que os exageros ocorriam em festas, grifo meu. Esse estilo, das pontas longas, permaneceu popular ainda no século XIII e XIV, mas nunca desapareceu completamente ainda no século XV, mantendo um padrão mais sóbrio e com tecidos de pelúcia, veludo entre outros. Os sapatos com estilos pontiagudos foram em sua maioria usados pela aristocracia, sendo que as pessoas comuns usavam sapatos com pontas arredondadas, mas há certas controvérsias entre os historiadores. As pesquisas continuam e certamente aparecerão novos fatos e fontes comprovando outra tese, esse é o trabalho do historiador.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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A Morte Negra – O Triste Cotidiano Medieval

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A fome, as pragas e os desastres causados pelos humanos criaram então problemas sérios, mesmo antes de 1348. A “peste negra” de 1348-1349 foi, claramente, uma grande catástrofe, mas a população tinha atingido o seu auge medieval alguns anos antes de ela surgir, em 1250, em zonas da bacia do Mediterrâneo, e entre 1275 e 1310, na maior parte do norte. A famosa peste “bubônica” foi apenas uma das três epidemias que surgiram em 1348. Começo na China, tendo trazido de lá para Gênova através das pulgas que vinham nos navios e que se alojavam no pelo de ratos castanhos. Por volta do verão de 1348, já se tinha espalhado pela França central e, no final de 1349, pelo resto da Inglaterra e dos Países Baixos. Alastrou-se depois para o nordeste, para a Escandinávia e a Europa eslava. Apareciam pústulas nas virilhas ou nos sovacos. Se rebentassem, a morte era inevitável; se não a recuperação era possível. Uma epidemia pneumônica, espalhada pelo contato humano através dos pulmões, e uma epidemia septicêmica, eram invariável e rapidamente fatais.

Durante todo este ano (1348) e o seguinte, a mortalidade de homens e mulheres, dos novos mais ainda do que os velhos, em Paris e no reino de França, e também, diz-se em outras partes do mundo foi tão grande que era quase impossível enterrar os mortos. As pessoas ficavam doentes apenas dois ou três dias e depois morriam subitamente, como se estivessem de perfeita saúde. Aquele que estava bem num dia morria no seguinte e era levado para a sua sepultura. […]Esta praga e doença veio da ymaginatione ou associação e contágio, pois se um homem são visitava um doente apenas raramente evitava o risco da morte. Em muitas cidades, os padres temerosos retiravam-se, deixando o exercício das suas funções para religiosos mais corajosos. Em muitos locais nem dois de entre vinte conseguiam sobreviver. A mortalidade era tão elevada no Hôtel-Dieu em Paris que, durante muito tempo, se levavam diariamente mais de 500 mortos, devotamente colocados em carros, vagões, para serem enterrados no cemitério dos Santos Inocentes. […] Muitas aldeias do campo e muitas casas em boas cidades ficaram vazias e desertas. Muitas casas, incluindo mesmo algumas magníficas habitações, depressa caíram em ruínas.

Chronicle Jean de Venette, fatos ocorridos entre 1340 e 1368. França.

Em termos humanos, a peste foi um desastre. Poucas regiões foram poupadas, e a maioria delas perdeu entre um quatro a um terço da população. A mortalidade era mais alta nas cidades, muitas das quais perderam praticamente, metade de seus habitantes. Muitas aldeias inteiras deixaram, eventualmente, de existir, e muitas delas nõ 1348-1349, mas durante as várias pragas que se seguiram.

Isto porque a catástrofe não terminou em 1349. Houve pragas em 1358, 1361, outra em 1368-1369, que poderá ter sido mais grave nos Paíse Baixos do que a de 1348-1349, e uma outra, em 1374-1375, que foi particularmente grave na Inglaterra. Daí em diante, as pragas abrandaram um pouco, surgindo apenas uma outra em 1400, que afetou toda a Europa. Uma geração separou esta última de uma peste em 1438, mas entre essa e as de 1480 ocorreram epidemias frequentes. A Inglaterra sofreu, pelo menos, sete epidemias entre 1430 e 1480, a maioria das quais nos anos de 1430 e 1470, e apenas duas delas foram de outras pestes que não a bubônica. Lamentável cotidiano medieval.

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Máscara medieval contra contaminação das pestes e epidemias. Usadas frequentemente pelos médicos, padres e voluntários.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Iluminuras Eróticas

Na Idade Média, apesar das restrições da Igreja, o cotidiano conjugal, o erotismo, obviamente de forma moderada era retratado nas belas, lindas iluminuras, principalmente nos séculos XIV e XV. Na maioria das vezes mostrando a alegria do casal no seu convívio diário, mas a partir do século XV, as ilustrações também tomam um rumo irônico e crítico. O sexo, e as suas circunstâncias são expostas mais vezes para o público em geral. 

Certas barreiras são ultrapassadas perante a Igreja, identificando os artistas como protagonistas das artes das iluminuras, e com certa liberdade de expressão mais flexível, desde que não seja apelativa e passível de investigações da inquisição. E as novelas Decameron de Giovani Boccaccio muito contribuiu para essa flexibilização.

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 Roman de la rose, 1352

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Boccaccio, Decameron, século XV

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Boccaccio, Decameron, século XV

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Boccaccio, Decameron, século XV

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Roman Arthurien, século XIII

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