Monthly Archives: January 2014

Os Enlutados Medievais

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As figuras representam uma facção ampla da população medieval, incluindo leigos, clero e a nobreza. Cada um é único e incrivelmente realista, a partir da misteriosa figura encapuzada que usa sua manga para enxugar suas lágrimas de tristeza. Eram ornamentos das tumbas medievais. Significava que todos, pertencentes a comunidade do homenegeado sentiam enormemente a sua perda.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Livros Medievais. As Primeiras Iluminuras nos Manuscritos

q346

As miniaturas e as encadernações preciosas revelam a complexidade da relação do texto com a imagem nos manuscritos medievais. As primeiras experiências no campo da ilustração são realizadas nos livros da Bíblia e em particular no Génesis, livro privilegiado no conjunto do Antigo Testamento, cujo exemplar iluminado mais antigo, Génesis de Cotton (Londres, British Library, ms. Cotton Otho B. VI), provém do mundo grego, é tradicionalmente considerado obra pictórica de autor alexandrino do século V ou do início do VI e existem apenas alguns fólios. Mas o mais imponente é, sem dúvida, o códice do Génesis de Viena (Österreichische Nationalbibliothek, Vind. theol. gr. 31), atribuído à Síria e que contém uma versão abreviada da Bíblia dos Setenta, ilustrada com numerosas miniaturas de caráter narrativo na parte inferior de cada página.

Rebecca e Eliezer no poço, fólio recto 7 do Gênesis Viena, século VI. Tempera, ouro, prata e roxo, pergaminho 1 ’1/4 “X 9 1/4″. Österreichische Nationalbibliothek, Viena.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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O Armamento do Cavaleiro – Séculos X e XI – Simples mas Eficaz

O equipamento é simples. A peça essencial é a veste de escamas ou a loriga de malha entrelaçada, a loriga barmata dos romanos, remontando há muitos anos atrás (conforme a Tapeçaria de Bayeux, 1086, vide ilustração abaixo). A veste, empregada, frequentemente até o século XV, oferecia uma boa proteção e usava-se sobre uma túnica de estopa, o brial ou cota de armar. Complementava-a um capacete com proteção nasal, um escudo longo em forma de amêndoa, uma espada curta, de dois gumes e punho volumoso, e uma lança. Este conjunto ofensivo e defensivo adaptava-se bem a um novo método de combate em que os Cavaleiros montados em cavalos robustos, encaixados numa sela envolvente com estribos (do século VIII), faziam cargas em unidades compactas, destinadas a romper as linha inimigas.

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O Armamento do Cavaleiro – Séculos XII e XIII – Tecnologia do Ferro Forjado

O progresso tecnológico na arte do ferro forjado permitiu proteger melhor as partes vulneráveis do Cavaleiro ( mãos, pés, pescoço e espáduas) pela adoção de mangas, meias e coifa de malha de ferro, aventais, ombreiras, etc. A loriga foi acrescentada com perneiras e uma cota de armas. O escudo reduziu-se, enquanto a espada se alongou, afilou-se, o punho tornou-se menor. O elmo fechou-se, primeiro quadrado, depois cônico, substitui o elmo com somente proteção nasal. Reforçou-se a proteção do cavalo com uma carapaça de estofo, couro ou malha de ferro.

q343

 

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Teutônicos

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Há muito ainda o que se estudar a respeito dos cavaleiros Teutônicos. Os mais engajados dos Hospitalários, pelo seu caráter, e com os quais estiveram muito tempo associados as causas dos enfermos, foram os Cavaleiros da Ordem Teutônica.Desde o seu começo. aliaram o tratamento dos doentes e auxílio aos pobres com o manuseio das armas. Instituída aproximadamente por volta do ano de 1128, por um rico alemão, que tomara parte nas dificuldades e nos triunfos da primeira Cruzada e mudara a sua residência para a Cidade Santa, só quando Jerusalém se rendeu em 1187 e Acre foi tomada é que os alemães se separaram da ordem de São João e constituíram uma organização a aparte, com o nome de “Cavaleiros Teutônicos do Hospital da Santíssima Virgem”. Em seus trajes adotaram uma capa branca com uma cruz preta no ombro esquerdo. A queda de Acre e consequente extinção do reino cristão de Jerusalém deixou a Ordem sem lar (1291). Estiveram estabelecidos em Veneza durante algum tempo, mas breve foram convidados o seu campo de ação no Mediterrâneo pelo Báltico, e a levar a Guerra Santa contra os ditos pagões na Prússia, Lituânia e Estônia. Por conseguinte em 1309, fixaram a sua sede em Mariemburgo e permaneceram na Prússia, com enorme fortuna, até que em 1525 o seu grão-mestre, Alberto de Hohenzollern converteu-se ao Luteranismo, e transformou o seu Mestrado eletivo no Ducado hereditário da prússia, feudatário do rei da Polonia.

q341Paulo Edmundo Vieira Marques

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A Pia Batismal

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É na Idade Média que a igreja institui a pia de batismo. A pia batismal é um instrumento fundamental da liturgia, pois ocupa o lugar central numa das mais importantes práticas do cristianismo, é a fonte batismal, que contém a água destinada ao batismo, e é usada nas igrejas e batistérios em substituição ou alternativa à tina. Com efeito, na época paleocristã a iniciação ao cristianismo efetua-se na idade adulta, recordando o batismo de Cristo no Jordão, e por imersão numa tina. O uso da pia batismal consolida-se, principalmente, a partir da Alta Idade Média, quando o batismo passa a ser também aplicado às crianças, e a sua administração já se não faz só por imersão, mas também por infusão. A forma desta estrutura, que na origem se liga à das tinas paleocristãs, é habitualmente circular ou poligonal, frequentemente de oito lados, em referência aos padres da Igreja, no binômio Batismo igual a Renascimento, ao octava dies, isto é, no oitavo dia fora do ciclo da semana, e, portanto fora do tempo terreno limitado, no qual teria ocorrido a Ressurreição de Cristo.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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Cicatrização

Foi durante as cruzadas que os cavaleiros europeus cristãos, considerados pelos muçulmanos de bárbaros mal cheirosos, incultos e com uma tática militar nula e sem efeito, aprenderam e utilizaram a costura dos ferimentos abertos nos constantes combates entre ambos os lados. A cicatrização tornava-se mais rápida mas prejudicada pelo abafamento das armaduras.O cotidiano medieval ocidental referente a medicina sofreria enormes mudanças, para melhor, após os contatos dos muçulmanos com os cruzados

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Paulo Edmundo Vieira Marques

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O Armamento do Cavaleiro – Séculos XIV e XV – Tecnologia do Aço no Crepúsculo da Cavalaria

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O declínio do espírito cavaleiresco e a aparição das primeiras armas de fogo, a partir de 1314, arrastam uma reação geral tendente à proteção total do Cavaleiro. No fim do século XIV adotaram-se as primeiras placas de aço: ombreiras, joelheiras, cotoveleiras, grevas, braçais, guantes, coxais. O elmo dá lugar ao bacinete com viseira (1300), ao bacinete com malha de ferro, ao bacinete com viseira móvel. Outros capacetes aparecem: chapéu de ferro, salada barbita, elmeto, etc. Este reforço constante pelo acrescentar de peças rígidas articuladas, que destrona a cota de malha, tem o seu termo arnês pleno, ou arnês branco, a armadura integralmente metálica(século XV). Esta evolução traduz a perda do espírito cavaleiresco e do sentido da honra, agravando-se a decadência da Cavalaria a par dos aperfeiçoamentos da armadura. Assim o historiador P. Lacombe nota

“È singular que este progresso, estes cuidados complicados para defender a epiderme sejam associados aos tempos ditos da Cavalaria …Para mim, o pequeno soldado de infantaria dos nossos dias parece mais próximo do ideal militar…do que o enorme barão ferrado e couraçado”

Mas este couraçamento excessivo revela também as fraquezas da Cavalaria, sobretudo a francesa, no plano tático, cuja base eram as cargas em massa. Desprezando a infantaria e os arqueiros, seguros da invulnerabilidade proporcionada pelas suas carapaças de aço, os Cavaleiros, os “homens de ferro”, não cessam de se lançar nessas cargas impetuosas. A Cavalaria francesa não soube adaptar-se às novas condições do combate, continuando a aplicar as dos séculos XI e XII. Os resultados foram as derrotas de Crécy (1345), Poitiers (1354), Azincourt (1415), etc. A eficácia de outrora, que andava a par dos princípios cavaleirescos deu então lugar à proeza individual, ao desafio pelo desafio, sobretudo à ideia do “saber morrer” com brio, morrer belamente, segundo uma expressão do tempo, por fidelidade à ideia que se tem de si próprio e aos princípios próprios do seu estado.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Jogos Medievais. A Péla, um dos precursores do tênis atual.

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Esta Iluminura que consta em manuscrito de 1450, mostra como o jogo da péla com a bola tradicional jogado nos claustros monásticos. Fonte BNF

Os séculos XIII e XIV não são ainda os grandes séculos do jogo da péla que não vê um desenvolvimento muito marcante antes do final da Idade Média. Nascido no claustro, sem dúvida como um dos divertimentos concedidos a título anual e excepcional aos noviços jovens ou aos meninos do coro, o jogo da péla consiste em lançar-se uma bola chamada “éteuf”. A particularidade é poder aproveitar-se dos ressaltos da “bola” contra o muro do santuário ou no teto da galeria do claustro. No século XIII, o jogo da péla saiu do claustro e começou a sua ascensão rumo à notoriedade. Sabe-se que em 1292 havia treze artesãos parisienses que ganhavam a vida a fabricar “eteufs”. O que demonstra o favoritismo de que o jogo beneficiava todos os meios. Contudo, é só na segunda metade do século XIV que começam a surgir terrenos especialmente adaptados à ptrática o que, tanto pelas suas dimensões como pela arquitetura que não deixa de lembrar o claustro, indica um jogo em vias de codificação. As regras exatas continuam, porém, desconhecidas até hoje.

No entanto o jogo, praticado com as mãos nuas ou eventualmente enluvadas, exige uma entrega física total e sem dúvida uma grande rapides na apreciação da trajetória da “bola” de maneira a poder reenviá-la habilmente ao oponente. Foi sem dúvida por tê-la jogafo sem moderação que o rei Luis X, num dia de 1316, passou desta para melhor.

A partir do jogo da péla certas regras foram incorporadas, raquetes de colher de pau de cozinha, foram introduzidas, telas feitas com arames etc., originando o nosso atua jogo de tênis. Também as quadras foram determinadas com medidas mais aproximadas as atuais no século XVIII.

Obs. Essa pesquisa é uma homenagem ao meu filho Bruno Saclzilli Vieira Marques, professor de Educação Física dos mais qualificados, amante dos esportes, estudioso como eu dos jogos antigos e precursores.

 

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Os Amores Trágicos Medievais – Abelardo Uma Figura Central das “Escolas”

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Começo a escrever um artigo a respeito do amor trágico de Abelardo e Heloísa. Esse artigo será dividido em três partes para melhor compreensão ao leitor. Escrevo suas biografias entrelaçadas com aspectos históricos e a minha procura por fontes a respeito de tal contexto medieval.

Figuras emblemáticas, cativantes, que nos prende de sobremaneira, viveram o amor-paixão esmagado por um destino contrário mas, de certo modo, mais forte do que a infelicidade, do que a separação e da própria morte. Doce e arrebatador amor.

Analisando, como historiador, a história apaixonante e infeliz de Heloísa e Abelardo ilustra bem as contradições, da sociedade nos princípios do século XII. Em luta com a coação que lhes é imposta pela família, ou o casamento ou a Igreja, estas duas personagens instigantes, míticas, cuja realidade já não é posta em dúvida, não terão outra escolha senão a entrada no convento

Primeira Parte

ABELARDO UMA FIGURA CENTRAL DAS “ESCOLAS”

Pedro Abelardo, nasceu em 1079 em Pallet, perto de Nantes, na Bretanha de língua francesa. Da pequena nobreza., filho mais velho de um cavaleiro, teria podido seguir a carreira do pai. Possuía os tons de um ótimo escudeiro e absorvia os ensinamentos com facilidade. Excelente no manuseio com a espada, certamente seria frequentador assíduo dos torneios que àquela época iniciavam-se e com frequência para treinamento dos cavaleiros para as cruzadas. Preferiu entregar-se aos estudos. A família não se opôs. O pai era um cavaleiro destemido, piedoso que, embora laico, recebera um mínimo de educação. Homem rude mas justo. Já nessa época os estudos podiam ser a via de acesso a uma bela carreira eclesiástica. O pai desejava que o filho fosse um homem digno, não importava a profissão.

O fim do século XII, segundo Le Goff, foi com efeito um tempo de reforma na Igreja. Os bispos, desejosos de dispor de um clero mais digno, esforçaram-se por desenvolver as escolas ligadas às suas catedrais. Essas escolas propunham-se, antes de mais nada, formar jovens clérigos no estudo da Bíblia mas, segundo uma tradição que remontava a Santo Agostinho, considerava-se que o estudo das Escrituras devia ser precedido pelo das disciplinas da Antiguidade greco-latina, tais como a gramática, a retórica e a lógica, indispensáveis a uma boa compreensão do texto sagrado. Abelardo lançou-se pois no estudo dessas disciplinas profanas, sem dúvida pouco antes de 1100, e foi tal o seu interesse que atrasou por muito tempo o momento de passar à fase terminal do curso, quer dizer, dos estudos bíblicos.

Frequentou diversas escolas na região do Loire, depois chega a Paris, onde a escola da catedral de Notre-Dame já gozava de renome excepcional. Durante, aproximadamente, quinze anos Abelardo vai dedicar-se inteiramente ao estudo. Estudante, particularmente dotado, rapidamente abre a sua própria escola e atrai numerosos seguidores e ouvintes. Os seus antigos mestres e os antigos colegas invejam-no mas ele não teme o confronto. Virtuoso da dialética, triunfa em todas as disputas, o seu verbo brilhante seduz todos os que o escutam.

Por volta de 1112, decide-se passar aos estudos de teologia e vai para Laon, que era então o alto lugar desse ensinamento. Volta depois a Paris e inaugura, além das suas lições de gramática e dialética, um curso complementar das Escrituras. É admitido então como professor titular na escola de Notre-Dame (apesar de ter apenas ordens menores e não ser cônego da catedral), tem amigos na corte entre os grandes senhores, especialmente os Garland, favoritos do rei Luis VI. Vem-se de longe e paga-se caro para o escutar. Aos 35 anos de idade, é um homem em plena maturidade e com a vida totalmente estabilizada e conceituada. É então que conhece Heloísa e um amor trágico se anuncia.

AGUARDEM O ARTIGO, SEGUNDA PARTE, A SEGUIR QUE SE INTITULA: A PAIXÃO, E MUTILAÇÃO.

Uma análise que se impõe para o historiador, para mim pelo menos, segue o texto abaixo;

Heloísa e Abelardo realmente existiram

Até hoje encontro colegas historiadores, alunos e pessoas em geral, que acreditam piamente que Abelardo e Heloísa foi uma lenda assim como: Os Cavaleiros da Távola redonda, Canção de Rolando etc. Mas documentos tais como a Histoire de mes malheurs e as cartas que se lhe seguem, comprovam que Abelardo e Heloísa existiram realmente.

Esses documentos são tão extraordinários que por várias vezes os historiadores exprimiram dúvidas quanto a sua autenticidade e sugeriram que talvez se tratasse apenas de exercícios tardios de retórica escolar, datáveis do final do século XIII. No entanto, tais dúvidas, compreensíveis, não levaram a melhor: a convicção e a opinião largamente majoritárias consideram que os textos atribuídos a Heloísa e Abelardo são realmente deles e que a história que narram é uma história verídica, aventura pouco banal de dois seres fora do comum. Dão também um testemunho precioso dos conceitos do amor e de casal que vingavam, pelo menos em certos meios do Norte da França, na primeira metade do século XII. Atualmente, entre os historiadores, chegou-se a um acordo em considerar essa época por um lado como uma era de renascimento cultural e religioso, por outro como uma fase de grande dinamismo demográfico, econômico e social, que marca verdadeiramente o arranque do Ocidente medieval após longos séculos de uma quase imobilidade na Alta Idade Média.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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