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Santo Estadista – O Rei Luís IX ou São Luís

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 Simone Martini (Siena, 1284, Avignon, 1344). Cenas da Vida de São Luís, têmpera no painel, Galeria Nacional Capodimonte, Napoli, Itália.

Luís IX (1226-1270) tornou-se rei aos 12 anos de idade, sendo colocado no trono sob a regência chefiada pela sua mãe, Branca de Castela. Embora a sua menoridade tenha terminado, oficialmente, em 1234, Branca dominou o seu filho até morrer, em 1252. A canonização de Luís, em 1297, a importância do seu reinado na santificação da monarquia, aos olhos de seus súditos, e a sua preocupação com as cruzadas foram os aspectos mais enfatizados do seu reinado. João de Joinville, que acompanhou Luís numa cruzada, escreveu a memória das suas experiências, depois de 1304, para a instrução do futuro Luís X (1314-1316). Joinville apresenta inúmeros exemplos, ilustrando a piedade de Luís, o seu amor pelos pobres, a sua caridade e ascetismo pessoal, o seu horror à heresia e à blasfêmia e a sua reverência pela justiça.

No entanto, o enquanto rei na terra, São Luís deixou um legado misto: centralizou e institucionalizou o Governo, governou num período de relativa concórdia doméstica, alargou significativamente a jurisdição apelativa do tribunal real e não era uma ferramenta nem dos papas nem do clero francês. Todavia, deixou uma dívida esmagadora, justificada em grande parte pelas suas duas cruzadas. A sua maturidade foi dominada pelo desejo de tomar a Palestina. Depois de recuperar-se de uma grave doença, partiu para o Oriente em 1248. A sua cruzada foi um verdadeiro desastre, para ele e para o Estado francês: a sua saúde ficou arruinada e o tesouro vazio. Luís considerou que o fracasso desta cruzada era consequência dos seus próprios pecados e envergou uma camisa de cabelos, como penitência, até o fim da sua vida.

Mais importante ainda foi a perseguição da ideia, até o fim do seu reinado, de que, para atenuar a sua humilhação, teria de fazer uma conquista bem sucedida. O seu rendimento anual em 1244 era, aproximadamente, cerca de um quarto do que a primeira cruzada lhe tinha custado. Cobriu a diferença tomando propriedades aos judeus, cobrando impostos de cruzadas aos súditos do reino, à Igreja francesa (apesar de ter a aprovação do papa) e contraindo empréstimos junto aos banqueiros genoveses e dos Cavaleiros Templários. O seu alargamento da justiça real também se revelou lucrativo, mas exigia custos administrativos adicionais.

Filipe Augusto tinha permitido aos nobres do norte fazerem uma cruzada contra os heréticos “albigenses” do sul sul da França, mas não tomara parte ativa nessa ação. Luís VIII e São Luís perseguiram, intensivamente, os albigenses. O condado de Tolosa reverteu para a Coroa em 1270, como resultado direto da intervenção real. A outra única grande adição de Luís IX ao domínio real foi a compra do condado de Mâcon, em 1239.

Vimos como Luís IX regularizou as relações com a Inglaterra em 1259. O acordo desagradava tanto na França como na Inglaterra; podia-se apelar para o tribunal real francês na Gasconha, acabando os franceses por adquirir o direito de reunir tropas nessa área. Luís negociou uma trégua semelhante com Jaime I de Aragão, que entregou as suas pretensões para o Languedoc e para a Provença enquanto luís abandonava as pretensões francesas para Barcelona e para o Roussillon. Em nenhum dos casos os resultados foram permanentes; as hostilidades com os ingleses, em relação a Gasconha, irromperam em 1290, bem como as com Aragão, em relação ao seu apoio a Manfredo contra Carlos de Anjou, o irmão mais novo de Luís, na Itália. Luís permitiu que os inquisidores papais reunissem tribunais na França, mas recusou aceder aos pedidos do papa para uma cruzada contra o imperador Frederico II. Ao ajudar Carlos de Anjou, Luís deu início a um envolvimento fatal a longo prazo.

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O rei Luís IX da França ao embarcar para a última cruzada em 1270. Manuscrito séc. XIV.

A estratégia da sua segunda e última cruzada, ele morreu no Egito em 1270, pode, na verdade ter sido ditada pelas necessidades políticas de Carlos no Mediterrâneo ocidental.

O Governo local francês foi fortalecido e a cadeia de comando na administração regularizada à medida que os meirinhos e senescais eram colocados sobre grupos de magistrados militares. No entanto, alguns abusos dos meirinhos levaram Luís, a partir de 1247, a nomear enquêteurs (inquisidores), nomeadamente frades, para os controlarem. Embora os príncipes tenham continuado a governar os seus territórios, a partir da época de São Luís as ordenações reais eram consideradas válidas fora do domínio real e os príncipes tinham de as fazer cumprir. Normalizou a cunhagem fazendo que as emissões de moeda real fossem as únicas válidas dentro do domínio real; em outros locais, circulavam juntamente com as cunhagens dos príncipes.

O reinado de Luís IX foi importante para a profissionalização e regulação da justiça francesa. As sessões judiciais do conselho real passaram a ser fixas em Paris, a partir de 1248, onde comitês de cavaleiros e clérigos emitiam julgamentos em nome de todo o conselho. As reuniões gerais do conselho real tornaram-se raras, sendo utilizadas, sobretudo, para assuntos de Estado solenes, tais como como a emissão de ordenações. Os procedimentos dos tribunal do rei (o Parlamento) foram colocados por escrito, pela primeira vez, durante o seu reinado e desde 1254 que sobrevivem. O Parlamento de Paris tornou-se o supremo tribunal do reino, e os apelos feitos para ele tornaram-se mais numerosos com a aproximação do final do reinado de Luís. Os casos reservados para a Coroa foram alargados e o Parlamento obteve o direito de intervir quando os juízes achavam que se estava a negar justiça, mesmo que não se fizesse qualquer apelo. O Parlamento começou a enviar comissários para as províncias para obterem inquéritos juramentados. Esta função desenvolveu-se no século XIV, num departamento distinto, a “Câmara dos Inquéritos”.

O fato das leis usuais das várias províncias se terem desenvolvido tanto tempo, antes de a jurisdição real se ter tornado um decreto, significou que a França não iria encontrar nenhuma “leis dos comuns” semelhante na Inglaterra. Totalmente diferenciada das variações provinciais, também existia uma diferença considerável entre a lei escrita do sul da França e a lei normal das regiões do norte. Desde a época de Filipe III (1270-1285), o sucessor de Luís IX, que o Parlamento possuía um departamento separado para os casos que se encontravam sob a lei escrita ou sob a lei romana.

No século XIII, as despesas do governo cresceram tremendamente, tanto na França como na Inglaterra. A mecânica do Governo sobre as populações civis era, todavia, apenas parcialmente responsável por isto. Embora o rendimento normal de Luís IX (aquele que recebia dos domínios reais) fosse cerca do dobro dos de Filipe Augusto, as suas cruzadas eram extremamente caras. Foi um grande construtor de igrejas, o que implicava ter dinheiro. No entanto, apesar da crescente necessidade de recursos, nem a monarquia francesa nem a inglesa tentaram implementar novas formas de angariar dinheiro senão depois de 1270. Os rendimentos mais elevados eram o resultado de uma mais eficiente exploração dos direitos que o rei já possuía.

As maiores fontes de rendimento dos governantes franceses eram as ajudas de custo e os incidentes feudais que eles convertiam em dinheiro. Os legisladores reais começaram a afirmar que toda a terra na França era detida como feudo do rei, o que significava, em princípio, que toda a terra era tributável. Luís IX tomo a cruzada como um incidente feudal, cobrando os incidentes às cidades. Os reis também fiscalizavam a “tributação geral”, a obrigação dos homens livres em prestarem serviço em defesa da pátria numa situação de emergência militar, tomando uma taxa daqueles a quem não era pedido que servissem, pessoalmente, no Exército real.

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 Psalter of Saint Louis,1253-1270. Manuscrito século XIII – Bibliotheque Nat.,Coll.des Manuscripts, Paris, France

Paulo Edmundo Vieira Marques

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A Investidura de um Príncipe no Século XII

Eis tal como é contada nas Chroniques des comtes d”Anjou et des seigneurs d’Amboise, a investidura de Geoffroy Plantageneta no Pentecostes, a 10 de junho de 1128, em Roen.
Espero que com essa pesquisa e análise, eu tenha a possibilitado de auxiliar o meu amigo e escritor Sergio Gallina em suas peregrinações investigativas sobre esse período para a confecção de sua próxima obra.

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Manuscrito século XII. Investidura príncipe, o saber e o conhecimento. BNF. Fla.43.

“Ao nascer do dia, segundo o costume relativo à recepção dos novos cavaleiros, preparou-se um banho. Quando o rei (da Inglaterra) soube pelo seu camareiro que Angevin e os que tinham vindo com ele haviam terminado as suas abluções* , mandou-os ir à sua presença. Após ter lavado o corpo e saído do lugar da ablução, o nobre descendente do conde de Anjou foi vestido com uma camisa de linho; por cima levou um traje tecido a ouro e uma cota curta cor de púrpura. Vestiu calções de seda e calçou sapatos com imagens de pequenos leões de ouro, inclusive no salto. Os seus companheiros, que esperavam receber com ele a cavalaria, estavam todos igualmente vestidos de linho e púrpura. Assim enfeitados, produzidos com tais adornos, aliando a brancura do lírio à púrpura da rosa, o futuro genro do rei (da Inglaterra) abandonou os seus aposentos privados e surgiu em público, junto com a sua nobre companhia. Foi então que trouxeram os cavalos e as armas; entregaram-nos a cada um, segundo as suas necessidades. A Angevin, entregaram um magnífico cavalo da Espanha, tão rápido, dizia-se, que ultrapassava amplamente na corrida os pássaros voando. Revestiram-no de uma incomparável de malha dupla, que nenhum golpe de lança ou dardo podia trespassar. Vestiram-lhe também calções de dupla malha de ferro. Ajustaram-lhe as esporas de ouro; penduram-lhe ao pescoço um escudo pintado dom dois pequeninos leões de ouro; na cabeça colocaram-lhe um capacete brilhante com numerosas pedras preciosas, tão bem temperado que nenhuma espada podia furá-lo ou amolgá-lo. deram-lhe uma lança de freixo**, com ponta de ferro do Poitou. Finalmente, entregaram-lhe uma espada retirada do tesouro real, com a marca antiga do famoso ferreiro Véland, que outrora a forjara com grande cuidado através de múltiplas operações e zelo. Assim armado, o nosso cavaleiro, que cedo viria a ser a flor da cavalaria, monta a cavalo com uma agilidade extrema. Que mais dizer? Nesse dia, em honra dos novos cavaleiros e em alegria, passou-se todo o tempo em exercícios guerreiros; o regozijo em honra dos novos recrutas duraram sete dias inteiros no palácio real”.

*Purificação pela lavagem de todo o corpo ou parte dele. As abluções parecem ser quase tão antigas quanto a própria adoração exterior. Moisés as ordenou, os pagãos as adotaram, e Maomé e seus seguidores fizeram que elas perdurassem: dessa forma elas têm sido introduzidas entre muitas nações, e compõem uma parte considerável de todas as religiões supersticiosas. Os sacerdotes egípcios tinham suas abluções diurnas e noturnas; os gregos, suas aspersões; os romanos, suas purificações e lavagens; os judeus, sua limpeza de mãos e pés, além de seus batismos; os antigos cristãos praticavam a ablução antes da comunhão, o que a igreja romana ainda conserva antes da missa, algumas vezes depois; os sírios, coptas, etc., têm suas lavagens solenes na sexta-feira da Paixão; os turcos, suas abluções mais e menos importantes, etc.
A purificação, entre os romanos, era uma cerimônia solene pela qual eles purificavam suas cidades, campos, exércitos ou o povo, depois de qualquer crime ou impureza. As purificações poderiam ser realizadas por fogo, enxofre, água ou ar; o último era aplicado por ventilação, ou abanava-se aquilo que seria purificado. Todas as classes de pessoas, com exceção dos escravos, poderiam realizar algum tipo de purificação. Quando uma pessoa morria, a casa devia ser limpada de uma maneira específica; pessoas recém casadas eram aspergidas com água, pelo sacerdote. As pessoas, algumas vezes, em suas purificações, corriam nuas várias vezes pelas ruas. Raramente havia algum ato realizado que no começo e final do qual alguma cerimônia não era exigida para purificarem-se e acalmarem os deuses.

**O freixo (Fraxinus excelsior) é uma árvore da família das Oleáceas, a mesma família a que pertence a oliveira.

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O Livro dos Príncipes, Bodleian Library- Manuscripts. Séc. XIV

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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Benozzo Gozzoli – Uma Pequena Biografia

Escrevo essa pequena biografia, pequena mesmo, mais pela extrema admiração que tenho por Benozzo Gozzoli. Certamente, futuramente, pesquisarei com um maior embasamento sobre o artista, escreverei artigos de maior consistência e com maiores detalhes que o grande pintor merece.

Benozzo Gozzoli, nasceu em em Florença em 1420 e faleceu em 1497. Nascido de família humilde, chamava-se Benozzo di Lese di Sandro, apelidado Gozzoli.

Trabalhou na catedral de Orvieto com Fra Angélico, depois em Montefalco e Viterbo. Fixa-se em Florença, onde executa obras para a família Médicis. Demora-se alguns anos em Pisa, para fazer decorações no Campo Santo, destruídas na última guerra, Segunda Grande Guerra Mundial. Teve uma morte com agonia em virtude da peste que adquiriu e se prolongou por algum tempo.

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O Jovem Homem de chapéu vermelho que se presume ser o auto-retrato de Benozzo Gozzoli

Entre as suas principais decorações e afrescos estão as da capela do palácio Médicis, hoje palácio Médicis-Riccardi, com os temas Anjos em Adoração, Adoração dos Pastores e Cortejo dos reis Magos. Nestas composições, as personagens bíblicas são membros da família Médicis e figuras da sociedade florentina da época.

Discípulo de Fra Angélico, recebeu desde também grande mestres, a influência do colorido, particularmente dos azuis, vermelhos e dourados. No decorativismo minucioso e aristocraticamente suntuoso, mostra sugestões das iluminuras e mosaicos bizantinos.

Suas principais obras foram: decorações com afresco na igreja dso convento de São Fortunato, em Montefalco; na capela do palácio dos Médicis, em Florença e na igreja de Santo agostinho, em San Gimignano: a Virgem, o Menino e os Anjos e A Virgem o Menino e os santos (Pinacoteca de San Gimignano); Triunfo de São Tomás de Aquino (Museu do Louvre) e Descida da cruz (Coleção Horne, Florença).

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Madonna e a Criança, 1460-1463

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Torneios e Justas – Especificações Distintas

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Os termos “Torneio” e “Justas” tem duas especificações distintas. O primeiro termo “Torneio”, foi usado para descrever a ocasião toda. Durante a Idade Média, a alternativa comum nas crônicas inglesas e francesas, sobretudo, no período de 1100-1400 é Hastiludium[1]. Mas a partir do século XV ele recebe uma nova conotação como Pas d’Armes, Tourney, Tournois. Em um torneio, as duas equipes encontravam-se como se fossem ao campo aberto de batalha, em uma competição geral ou mêlée (luta corpo-a-corpo). Era quase a mais perigosa forma de desafio e, como conseqüência, tornou-se cada vez mais rara com o passar do tempo. Assim como o torneio, em seu sentido técnico, tornava-se mais raro, a palavra para ele também era aplicada de maneira mais ampla para todas as formas de combate cavalheiresco.

No âmbito dos jogos e exercícios militares, o segundo termo, “Justas”, era especificado como combate simples, um cavaleiro contra o outro, embora o competidor de justa possa pertencer também a uma equipe. No período compreendido entre o século XII e XIV, elas eram geralmente travadas sem uma barreira central para separar os combatentes. A arena era a área anexa na qual os torneios e as justas eram disputados. No período inicial dos torneios, as fronteiras eram muito amplas, e nem sempre claramente definidas, mas provavelmente do século XIV em diante um cercado fortificado parece ter sido estabelecido como padrão. Mas, exploraremos as implicações detalhadas destes termos nos capítulos do meu livro sobre os torneios medievais que pretendo editar, se tiver uma oportunidade. Até lá.

[1] Literalmente um jogo de arpões, um jogo de lanças, (recontro entre cavaleiros armados com pesadas lanças de madeira, que tinham como principal objetivo desmontar o adversário). Podendo ser aplicado a todas as formas de combate montado, seja em masse (em massa) ou individual. (CARDINI, O Homem Medieval, 1989, p.69).

Na ilustração abaixo, manuscrito do século XVI, também da Alemanha, mas de Munique, Bavária, percebe-se os cavaleiros prontos para uma justa. Com as lanças pra cima indicando o início do embate. Com vestimentas que denotam a justa como espetáculo e não como um duelo acirrado. Acima os cavaleiros fazem parte de uma equipe que participará de um torneio. Lindas e coloridas imagens que faziam do torneio medieval um dos maiores acontecimentos sociais do contexto medieval, envolvendo todos e a todos.

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Justas espetáculos, geralmente e predominantes no início do século XVII. Continham toda a pomba de um grandioso acontecimento. Realizados com certo exagero na indumentária do cavaleiro e do cavalo, continham o conteúdo e a essência de um show. Mas o desafio era instigante e levado muito a sério.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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Compartilhamento Difícil – O Descaso com o Medievo.

A dificuldade para repassar conhecimentos, principalmente os de teores medievais, são muito difíceis aqui no Brasil. Não há subsídios para a cultura. Não se dá incentivos para aqueles que desejam compartilhar conhecimentos. É muito difícil manter uma página na internet com postagens diárias sobre a temática medieval. Estou tentando, de maneira heróica, manter as belezas que eu vejo e creio que vocês também, aqui nesse endereço, mas esta sendo muito desgastante para mim fazê-lo. Tenho outros compromissos que tomam o meu tempo em grande parte. Estou, com a ajuda dos santos, tentando mantê-la. Desde já agradeço as manifestações de carinho que recebo de todas as partes do mundo incentivando-me, isso me dá forças. ABE DEO VINCIT

The difficulty to pass on knowledge, especially of the medieval levels, are very difficult here in Brazil. There are no subsidies for culture. Do not give incentives for those who want to share knowledge. It is very difficult to maintain a website with daily posts on the medieval theme. I’m trying, in a heroic way, keep the beauty that I see and I think you also here at that address, but this is very stressful for me to do it. I have other commitments that take my time largely. I’m with the help of the saints, trying to keep her. I thank the kindness I receive from all over the world encouraging me, it gives me strength. ABE DEO VINCIT

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Meu Livro na Livraria Cultura

Meu livro já esta à venda na Livraria Cultura de todo o Brasil. Se você optar pela compra no site da livraria clique no seguinte link:

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Boa leitura. Muito Obrigado pelas manifestações de carinho e apreço pela minha obra.

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Os Torneios Medievais: Condenação Espiritual e Ordem Social

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Manuscrito alemão, 1304-1340, codex manesse torneios, século XIV

Dentro dos antecedentes históricos dos torneios no contexto medieval europeu, procurou-se também na proposição do trabalho, estudar estes eventos e ressaltar alguns aspectos que se julgaram pertinentes com relação a sua ampla implicação; e foi de extrema importância, o aspecto condenatório exercido pela Igreja neste tipo de jogo militar e também o da organização e manutenção da ordem pública, pelas autoridades, para manter este tipo de evento sob controle. A partir das influências da Igreja e das nobrezas governantes, os torneios e justas, caracterizaram-se de formas diversas socialmente e politicamente na sociedade medieval européia.

Por muito tempo os torneios foram condenados pela Igreja e banidos por leis seculares. Observa-se que os torneios se desenvolveram muito nos séculos XII e XIII, e neste período, as regras da Igreja, foram rígidas. Eram contrárias a estes eventos, colocando restrições severas aos cavaleiros que participassem de torneios, pois estavam sujeitos a punições espirituais. Sua enorme popularidade, no entanto, enfraqueceu as imposições da Igreja e, por isso foram criadas novas leis seculares para tentar regular o combate. Diante disso, durante muitos anos, um cavaleiro que participasse dos torneios estaria desafiando Deus e o rei, criando um confronto que perdurou por longos anos e que contribuíram para a transformação sócio-cultural na sociedade medieval como argumenta Jean Flori:

“O favor imenso encontrado pelos torneios, apesar das proibições repetidas da Igreja, comprova que o exercício das armas não lhes parecia de forma alguma, por si só, maculado de pecado. Em compensação, a doutrina eclesiástica e a moda dos torneios, embora radicalmente opostas, contribuíram ambas fortemente para a definição da cavalaria e da ética cavalheiresca”.

A Igreja declarou sua oposição aos torneios logo quando eles surgiram. O Nono Decreto do Conselho foi criado em uma reunião eclesiástica em Clermont em 1130 e proibia a realização dos torneios e, em caso de morte de algum competidor durante um embate era proibido conceder perdão eclesiástico ao cavaleiro e, aos participantes dos mesmos, também seria negado o viaticum (perdão concedido a quem matou o oponente). A razão para criar essas proibições era simples: torneios tirariam a vida de cavaleiros e colocava suas almas em risco. O embate era perigoso e violento, o crime de homicídio era facilmente cometido, mesmo que sem intenção de matar. As colocações proibitivas faziam sentido, mas outros motivos, além da violência, como a ostentação do amor, o erotismo, característicos nos torneios medievais, e aparte da política eclesiástica, faziam com que a Igreja aumentasse sua oposição diante dos embates realizados nestes eventos, como argumenta Cardini:

“O penhor de amor ostentado em torneio é, juntamente com as armas pintadas no escudo, as sobrevestes e a gualdrapa do cavalo, o emblema característico do cavaleiro que participa os jogos militares. A tensão erótica, que pode ir até ao espasmo, é uma característica essencial deste tipo de atividade cavaleiresca e permite-nos entender por que motivo a Igreja, opondo-se a ela, pretendia propor um discurso ético e social muito mais profundo e complexo do que poderíamos imaginar, se nos limitássemos a avaliar essas proibições sob o ponto de vista redutivo de uma política eclesiástica destinada a limitar a violência e o derramamento de sangue”.

No decorrer do século XII, os combates já estavam bem estabelecidos e enraizados no cotidiano cavalheiresco. A autoridade da Igreja estava fraca para conseguir banir a prática dos jogos militares. Mas mesmo assim, a sua posição oficial permaneceu inalterada pelo menos 200 anos. No começo, o decreto do Conselho de Clermont, regulamentando as proibições, foi simplesmente repetido sucessivamente em outros conselhos.
Os romances de Chrétien de Troyes, século XII, que Cripps-Day salienta como provocativos ao poder da Igreja , surgiram apregoando os torneios como sendo parte central na vida dos cavaleiros. Era a forma de como os cavaleiros provavam a sua origem nobre, mostrando as suas proezas e sua habilidade; foi através dos torneios que eles atraíram a atenção e o amor das damas, foi aqui que eles despertaram as virtudes do cavaleiro como a coragem, a cortesia e generosidade. Diante disto, pressentindo um afastamento da nobreza cavalheiresca dos ensinamentos clericais , como cita Barber, e para tentar conter a proliferação dos torneios a Igreja tentou criar uma ideologia mais atraente aos cavaleiros, participantes dos jogos. O Papa Celestino III tomou a decisão de escrever, em 1193, aos bispos ingleses, uma carta em que proibia os torneios e encorajava os cavaleiros a participar das cruzadas na Terra Santa onde eles poderiam usar suas habilidades para se tornarem mais experientes e com isso beneficiariam seu corpo e alma.

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Manuscrito do século XIV, autor desconhecido. Tournaments.

A última imposição formal de um papa ocorreu em 1312 com extrema rigidez e exigia que as proibições fossem aplicadas e observadas. Clemente V chamou todos os príncipes da Europa para que libertassem a Terra Tanta das mãos dos pagãos e proibiu os torneios e até mesmo as távolas redondas. Qualquer um que participasse de torneios seria excomungado e somente o papa poderia absolvê-lo e, caso o cavaleiro estivesse morto, estava automaticamente condenado. Havia aqueles que não concordavam com as regras do Papa, alegando insensatez, o que causou inúmeros atritos, gerados pelo fato do pontífice conclamar os cavaleiros para a Guerra Santa, mas ao mesmo tempo negava os jogos militares, alegando grande derramamento de sangue nesse tipo de competição.

Quando João XXII chegou ao trono papal em Avignon em 1316, uma de suas prioridades foi remover as proibições da igreja com relação aos torneios. E em 11 dias como Papa, ele criou o Quia In Futurorum que finalmente admitia que a Igreja houvesse falhado em suas tentativas de banir os espetáculos. Após criar seus próprios argumentos ele confessou que seus predecessores cometeram um erro ao proibir os torneios, pois entendia que os cavaleiros não queriam participar das Cruzadas a menos que tivessem também o direito de participar dos torneios e justas. Estes argumentos na verdade era uma forma de esconder o verdadeiro motivo pelo qual o Papa removeu as proibições; o motivo real era que os filhos de Felipe, o Justo, da França fizeram grande pressão política sobre ele para que liberasse os torneios. A atitude oficial foi reconhecida por todos os grandes da Igreja no período de 1316.

As histórias em torno dos torneios eram as mais diversas em virtude da grande polêmica que causava. Graças as crônicas de Walter Map , na década de 1190 e de Thomas Chantimpré , 1201-1270, podemos através delas notar que quando os argumentos da Igreja falhavam os cronistas se encarregavam de incentivar os seus horrores. Os autores criavam lendas, (principalmente as de mortes trágicas) como a de um cavaleiro desconhecido que teria morrido no momento em que ia vencer uma feroz batalha em um torneio; também relatam a morte de cavaleiros, sobre espíritos que sem perdão ficavam vagando sem ter o descanso eterno e atormentando aqueles que ousassem participar de torneios. Dentro das histórias relatavam a inclusão dos demônios que voavam sobre os campos dos torneios, como um presságio do número de fatalidades que estavam prestes a ocorrer; visões de uma viúva sobre a terrível morte de seu esposo em um torneio e que seu fantasma estava sofrendo no inferno.
Porém existiam também as histórias de milagres que favoreciam os cavaleiros, como nos relata Larry Benson, a partir da tradução de manuscritos à época.

“Uma história de milagre muito popular (a primeira que apareceu no final do século XIII) a respeito dos torneios, descreve como um cavaleiro que sempre acenava para a população local antes de se dirigir a algum torneio, e que um dia ele teria chegado atrasado a esse evento. Por conseguinte em seu lugar um anjo (algumas versões diziam que era a Virgem Maria) teria lutado em seu lugar e capturado diversos oponentes; alguns consideraram esta história uma blasfêmia, passível de punição severa”.

Até Cristo é descrito como um cavaleiro que teria lutado em Jerusalém, vestindo a armadura contra o diabo, seguindo o relato das traduções de Benson:

“Sublime e majestoso, com sua armadura prateada e reluzente, a frente dos cavaleiros, o Filho de Deus, brandindo sua espada, conclama a todos os cristãos para a libertação da Terra Prometida na luta contra satanás.. O Cristo homem se faz presente diante da insensatez do mal que reina na cidade sagrada”.

No século XIV, a Igreja decidiu que não haveria mais problemas em permitir que os torneios ocorressem desde que os combates transcorressem com espírito de se exercitarem militarmente e dentro de um posicionamento cortês e fidalgo. Era aceitável que os cavaleiros participassem dos torneios com o objetivo de praticar e se exercitar no uso das armas, com a intenção de serem melhores soldados para posteriormente oferecerem seus serviços às Cruzadas.

A Igreja via os torneios como um risco à salvação do homem, e as autoridades seculares viam os torneios como um risco à ordem pública. Um grupo de homens armados era um risco potencial à ordem pública e, é por isso que os reis da Inglaterra e França atentaram e criaram certas restrições nos séculos XII e XIII como forma de controlar possíveis desordens públicas que poderiam ocorrer em virtude da presença de homens armados nos vilarejos e cidades. Era muito comum a utilização dos torneios para realizar conspirações ou assassinatos. A lei Statuta Armorum criada em 1292, por Eduardo II, rei da Inglaterra, (1307-1327), foi uma forma legal de prevenir que os torneios deturpassem a ordem pública. Estas regras não eram passadas aos participantes diretos, os cavaleiros, e sim para os assistentes que geralmente, conforme a nobreza eram os causadores de desordem. Em outras regiões, principalmente no norte da Europa, foram tomadas precauções especiais, principalmente a partir do século XIV, ou seja; os cavaleiros eram recebidos nas cidades somente se a declaração dos conselhos municipais informasse que eles haviam se comportado bem e pago as suas contas nos centros onde eram realizados os jogos. Posteriormente as cidades, durante os torneios, convocaram arqueiros como guardas caso ocorressem distúrbios.

Desde meados do século XV a Cristandade Ocidental se vê em crise e os torneios no aspecto religioso e espiritual, sofreram transformações. Constantinopla é tomada em 1453, pelo sultão turco Maomé II; os reis cristãos, politicamente divididos e o papado romano corrompido são impotentes para reagir. A grande peste (Peste Negra) e a Guerra dos Cem Anos deixaram um rastro de destruição apocalíptico. Nesse ambiente, muitos pensadores se tornaram audaciosos na crítica à visão de mundo tradicional e aos valores perpetuados pela teologia medieval, como cita Minois:

“O Humanismo triunfante e sua virtude enervante (no sentido etimológico) ganha as mais altas esferas do clero, inclusive papas. As preocupações intelectuais se sobrepõem às exigências espirituais e dogmáticas, o saber sobre o agir, as veleidades sobre as decisões. O imenso apetite de cultura inverte os limites impostos pela fé dos séculos precedentes. O espírito se abre a todos os domínios do conhecimento humano; os exclusivos recuam. O mundo dos intelectuais começa a se instalar no terreno, com uma retomada de admiração pelas antigas obras pagãs, um desejo de usufruir os bens presentes e um otimismo sorridente para o futuro, que os engenheiros já povoam de máquinas fantásticas que tornarão a vida mais agradável. O céu não é esquecido, por certo, mas, por enquanto, não há pressa”.

Diante destas transformações, principalmente ao que concerne à admiração das obras literárias pagãs, em toda a Europa, os torneios, também sofreram influências e modificações nos seus aspectos sociais, políticos e religiosos, e se desenvolveram em duas formas bem diferentes. De um lado, torneios em grande escala se tornaram muito caros. Cercados por um cenário elaborado e programas dramáticos (teatrais), eles restringiam-se, somente aos reinos ricos, como a Provença e a Borgonha, que tinham experiência e recursos para organizá-los. Enquanto, por outro lado, os desafios individuais (duelos), mais modestos, ganharam grande popularidade, como uma das poucas formas para um cavaleiro adquirir fama e deixar sua marca na história. Nestes desafios, a justa, (lança contra lança) que tem a sua grande difusão na corte de Borgonha e posteriormente se alastra principalmente para o sul da França no século XV, leva o mais alto grau de sofisticação à prática do torneio. Impregnados de romances, os organizadores reconstituem a sua atmosfera ao redor de justas de tema.

“Uma das mais célebres justas de tema, foi a da Árvore Carlos Magno, realizada em 1443 durante seis semanas por Pierre de Bauffremont, senhor de Charny, e outros doze cavaleiros e escudeiros borgonheses. Com um grande número de espectadores, as arenas do torneio foram acrescentadas enormes tendas, enquanto que três castelos foram escolhidos para hospedar os participantes, onde se realizaram festas suntuosas durantes dois meses”.

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Cavaleiros em Justas, Árvore Carlos Magno Século XV, (1443). Fonte: BNF, MS. 13467 FL. 29, Paris, França.

Ainda no âmbito dos duelos individuais, o gênero mêlée (luta corpo a corpo, preferencialmente realizada no chão, sem os cavalos), se tornou raro e, um modelo distinto de embate surgiu como pas d’armes , em que o indivíduo ou equipe, proclamavam sua intenção de defender um determinado local contra todos os possíveis oponentes. Somente na Provença e na Borgonha, provavelmente, se poderia, nesta época, vislumbrar as modalidades justas, mêlée, e pas d’armes inclusas em um único evento de torneio No século XV não existem dúvidas de que todos os olhos estavam atentos aos cavaleiros, que poderiam ter sua grandiosidade encontrada na literatura da época, que o Rei René I muito bem registra no seu Livro dos Torneios, foco dessa pesquisa. As implicações sociais e políticas a partir do século XV sofreram alterações substanciais no que tange a organização dos torneios e aos desafios provocados pela nobreza.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Idade dos Anjos

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Toda a história da Idade Média, a minha história medieval, sem especificação de datas de seu início ou fim, esta exposta nas suas ilustrações, nas suas iluminuras. Observe atentamente aos detalhes fornecidos pelos traços dos pintores, iluminadores, escribas medievais. Ansiosos, ousados e talentosos, eles nos deixaram um legado para que buscássemos entender, nas suas obras, o que viria pela frente, no futuro. O passado estava contado, mas também nos deixaram muitas perguntas ainda a serem pesquisadas e decifradas. É preciso que busquemos essas respostas para não decepcioná-los. Só se faz isso através da paixão, da capacitação e da observação. Precisamos, em outras palavras, resumindo, de sensibilidade. Poucos a possuem e os que têm o privilégio de usufruí-la necessitam exercitá-la. Idade das Trevas, que nada, Idade dos Anjos. De dificuldades, talvez, mas todos os períodos históricos tiveram e nunca deixarão de ter. A singularidade esta nas mensagens. As imagens medievais nos disseram como foi no passado e como deveremos agir no futuro. Como proceder? Somente observe os manuscritos, as iluminuras, os livros das horas, as pinturas e deixe seu imaginário funcionar. Benditos segredos e incógnitas que deixam o presente inquieto para decifrar o medievo. Pois, “a pessoa é a última solidão do ser”.

b72Iluminura século XIV, início do século XV, aproximadamente. Fonte: British Library.

Idade Média, época das aventuras, das trilhas das pedras, da História, do tempo mutante, das transformações. O belo renasce, o olhar é perspicaz. O homem se descobre, o mundo é novo.

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Cotidiano Cruel – Execução Medieval – Ritual Infame

ck3120O caminho para o local da execução e a própria execução são objeto de uma cerimônia na qual todos os momentos têm um sentido. A rua que conduz ao suplício é sempre a mesma, em todas as cidades, e deve ser cheia de muito público: o cortejo passa a uma hora de atividade, se possível num dia de feira. A multidão aperta-se. Essa mesma multidão também pode ser solicitada quando das paradas do cortejo, geralmente nas encruzilhadas, para insultar o condenado ou alvejá-lo com pedras e lama. “Batei forte e não poupeis este debochado, pois ele prestou um serviço bem pior!” grita ainda o público. O condenado é posto numa carroça, a carroça da infâmia que é a mesma lama e do lixo das ruas. No momento da execução, um responsável pela justiça grita o ato de acusação, o dictum, ao povo que o escuta. Depois o carrasco faz o seu ofício.

os gestos e os gritos que marcam o tempo da cerimônia têm um sentido simbólico. A pena deve revestir-se de um valo exemplar e o poder afirma assim a sua roça. Mostra aos olhos de todos que pode ser poder de morte. Todos os teóricos políticos do fim da Idade Média que refletem sobre a importância da pena de morte insistem nesse ponto. A punição para exemplo manifesta-se a partir do reinado de São Luis e aumenta nos fins do século XV, no reinado de Luis XI, como o testemunham numerosas decapitações por motivos políticos, como por exemplo a execução do conde de Saint-Pol. E o próprio rei dizia que “não se pune o malfeitor pelo mal feito mas para dar o exemplo”.

A multidão esta presente para receber o exemplo e, como esta aterrorizada, pode ser dominada. Mas a multidão também esta presente para participar na execução e a sua presença é necessária à realização da pena. É testemunha da infâmia que, pouco a pouco, no decorrer do ritual judiciário, lança o condenado para fora do mundo dos vivos, excluindo-o como inútil ao mundo e irrecuperável. Tudo concorre para construir a infâmia do condenado cuja honra deve ser achincalhada para que se possa aplicar a pena. A presença do público garante a eficácia da vergonha e da lembrança da pena.

Numa época em que a honra se manifesta mais pela fama, isto é, pelo olhar e pelo julgamento que os outros dirigem sobre o indivíduo, essas cerimônias criam uma infâmia irreversível. Alguns, condenados, pedem para serem condenados de noite, e se possível afogados em vez de enforcados porquanto a desonra do cadafalso recai na totalidade dos seus familiares. Isto porque a lembrança da pena perdura para lá do castigo. Os corpos enforcados ficam por vezes vários anos na forca, até caírem em pó, e é preciso uma autorização especial da justiça para que os parentes os possam retirar e enterrar.

O ritual da pena de morte, tal como instalado no final da Idade Média, mostra bem a condenação é vivamente sentida como um atentado à honra pessoal e familiar. Mas o povo também esta presente para ser ativo. Como vimos, intervém através de gestos e de gritos que relembram o linchamento. Por outro lado, a sua presença pode revelar-se benéfica. De fato até o último minuto, a multidão pode intervir para fazer de modo a que o condenado seja agraciado, perdoado.

O medievo não foi uma Idade das Trevas mas teve suas particularidades cotidianas negativas.

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Noite de lançamento do meu livro em Capão da Canoa, berço e raiz da obra.

Lançamento do meu livro na cidade de Capão da Canoa, berço e raiz do meu trabalho.. Noite de confraternização e de autógrafos. Espero que os meus amigos da minha página comprem a minha obra. Feita com todo o carinho e dedicação. Para comprar o livro é fácil, há vários links para obtê-la via cartão de crédito. Conto com vocês. Um abraço meus amigos.

 

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Lançamento do meu livro em Capão da Canoa

http://www.capaodacanoa.rs.gov.br/index.php?modulo=ver_noticia&noticia=5574

AUTOR DO LIVRO “TORNEIOS MEDIEVAIS” VISITA A CASA DE CULTURA

No último dia 27 de maio, o autor Paulo Edmundo Vieira Marques foi recebido pelo Diretor Municipal de Cultura, Egon Birlem. Na oportunidade o autor apresentou seu livro “Torneios Medievais – Espetáculos e Desafios na Corte de René I”, uma obra que aborda aspectos do cotidiano medieval e é o primeiro trabalho em português que se aprofunda na temática dos famosos torneios e justas do período. O pesquisador medievalista e atual morador de Capão da Canoa escolheu o município para realizar seu minucioso trabalho em parceria com a Livraria Praiamar.

Thiago Machado


Assessoria de Imprensa
Prefeitura Municipal de Capão da Canoa – RS
Fone (51) 3995-1169

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Decifrando Iluminuras

 

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A Construção de Veneza, Sycambria, Cartágo e Roma. Master of the Geneva Latini Jean de Courcy, Chronicle of the Bouquechardière, Rouen, ca. 1450-1475-BL. Harley Ms.4376,fl.150

Quando vislumbramos uma iluminura, nem imaginamos os mistérios que essas belezas contêm. Os iluminadores eram sagazes artistas, e deixavam para futuros pesquisadores e observadores analisarem e decifrar seus segredos. Provavelmente cada um tenha a sua interpretação sobre as mesmas. A minha e de outros historiadores sobre a iluminura acima é a seguinte: esta Iluminura retrata uma história francesa do mundo. Documenta a construção de quatro grandes cidades do Império Romano e de como seus fundadores lendários as veem.
O colorido brilhante e a fantasia artística dos edifícios revelam as qualidades e o conhecimento que o iluminador teve em descrever esta cena. Em vez de tentar recriar a aparência atual desses lugares e sua arquitetura, ele utiliza as formas da arquitetura gótica europeia do Norte a partir de sua visão. Talvez nem conhecesse essas cidades, mas através, possivelmente, de relatos de contos, de lendas e de outros manuscritos e iluminuras, ele, no seu imaginário, desenha e ilustra as representações de quatro cidades que foram muito importantes, vide anotação abaixo sobre Sycambria, no Império Romano.
A beleza das iluminuras é indiscutível, mas em seus traços há sempre alguma descoberta a ser feita. *Sycambria, a cidade mistérios dos germanos, deveria ser mais bem estudada e explorada. Conhecemos as outras cidades, mas a iluminura acima nos diz que devemos nos infiltrar nos conteúdos artísticos dos iluminadores, pois nos conta a história medieval e, por conseguinte o posterior, o futuro.

*Um trabalho anônimo de 727 chamado Liber Historiae Francorum afirma que após a queda de Tróia, 12.000 troianos liderados por chefes de Príamo e Antenor se mudaram para perto do rio Tanais, estabelecendo-se na Pannonia ao lado do Mar de Azov, e ali fundaram uma cidade chamada Sycambria. Uma variação dessa história também pode ser lida nos inúmeros manuscritos medievais, que citam tal cidade frequentemente, principalmente na literatura de contos de feitos heroicos de cavaleiros.
Historiadores, incluindo testemunhas oculares como César, deram-nos respostas concretas sobre Sycambria, situada no delta do rio Reno. Os arqueólogos confirmaram o assentamento permanente de povos naquela localização. O lado mítico de Sycambria surge fortemente, como uma cidade cheia de mistérios, a partir dos francos, incluindo-a em uma geografia incorreta a dos arqueólogos. Alguns estudos recentes de historiadores como; Ian Wood e Wallace-Hadrill, rejeitam a cidade como uma lenda-histórica. Mas durante a Idade Média Sycambria, para os medievos, foi uma cidade germânica repleta de histórias fantásticas e dignas de serem citadas em vários manuscritos e iluminuras medievais em virtude de sua singularidade.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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