Arquivo mensais:julho 2014

A Educação das Crianças no Medievo. O Amor Parental

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O Homem rico Jean Bourdichon. 1500. Domínio Público

A presença dos pais na educação dos seus filhos na Idade Média é constante e presente. É errado pensar que, no medievo a criança pequena seja educada unicamente pela mãe e que, subitamente, deixe um mundo de mulheres para ser atirada para um mundo de homens. O pai intervém também no domínio da puericultura. Quando um casal tem muitos filhos, quando a mãe sofre de uma incapacidade ou tarda em recompor-se de um parto difícil, é evidente que o pai se ocupa dos bebês, sobretudo nos meios mais desfavorecidos, não necessitando de ajuda. No meio rural, o camponês, adquire com os seus antepassados, uma cultura e instruções suficientes para cuidar de crianças recém nascidas. Nas elites os pais são presentes nestes momentos com um relacionamento e amparo moral e psicológico para com a mãe, não se descuidando dos cuidados que o bebê requer com a ausência da mãe.

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Sete Sacramentos Retábulo. 1445-1450. Weyden, Rogier van der. A Atenção de da Igreja com a educação das crianças. A catequese fundamental.

 Quando uma criança cresce, o pai também esta muito presente junto dos filhos. Imagens mais profanas deixam ver uma grande cumplicidade pai-filho, quer no jogo, no trabalho, no lazer. Os exemplos, principalmente do pai é assimilado de uma forma muito concreta e forte. A família medieval é uma comunidade é uma comunidade jurídica de pessoas saída do casamento que vivem “em comunhão de mesa e fogo”, mas também é uma comunidade psicológica de seres unidos por laços afetivos extremamente fortes. Colocando um contraponto a esse grande historiador Philippe Ariès que escreveu em L’enfant et la vie familiale sous l’Ancien Régime que na Idade Média não existe o conceito de infância e os pais medievos não se preocupam com a educação, nem sentem amor pelos filhos, retruco com o auxílio de outros historiadores medievalistas, com pesquisas atuais, com excelentes argumentos que demonstram que a infância medieval é uma idade da vida bem determinada por vocabulário preciso, por qualidades particulares, que pais e educadores fazem questão em ocupar-se da formação dos jovens e que existem numerosos vestígios de amor parental. O artigo de D.Alexander-Bidon “Grandeur et renaissance du sentiment de L’Enfance du Moyen Áge, em Histoire de l’Éducation é interessante neste aspecto, recomendo.

r7568, 5Durante o seu desenvolvimento no início dos séculos 12 e 13, a Universidade de Bolonha foi exemplo de comprometimento entre alunos e professores. Priorizando substancialmente a educação abrangente. A busca de um conhecimentos a partir dos jovens. O incentivo paternal através da família e da igreja no objetivo de um bem comum.

Paulo Edmundo Vieira Marques

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Caminhos do Medievo – Paths of the Middle Ages

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No ano que vem, 2015, abril, nós vamos trilhar a maior aventura de nossas vidas.
Olá meus amigos, se vocês precisarem de maiores detalhes sobre a viagem, por favor, entre em contato no e-mail deliapaese@hotmail.com ou adicione Delia Paese no Facebook e envie uma mensagem inbox, solicitando as informações detalhadas a respeito dessa maravilhosa aventura. Espero que entendam que há somente 20 vagas e a sua reserva antecipada é fundamental. Vamos caminhar juntos nessa linda jornada.
Não perca o seu lugar! Abraços queridos amigos. 

Paulo Edmundo Vieira Marques.

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A Caça na Mesa Medieval

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 Horae ad usum Romanum. Fonte: gallica.bnf.fr Biblioteca Nacional da França, do Departamento de Manuscritos, Latina 1156 B, fol. 4R.

Primeiramente a caça tem uma utilidade concreta evidente. Permite limitar proliferação de animais, particularmente dos prejudiciais à época. Se os camponeses não apreciam particularmente ver o bando de caçadores atravessar as suas terras, também não aceitam as raposas nas suas capoeiras nem os estragos dos javalis nas suas plantações. Caçar lontras que atacam os viveiros ou os lobos que atacam os rebanhos faz parte da função senhorial. Qualquer grande senhorio tem os seus caçadores de lontras e de lobos e o príncipe participa por vezes nessa caça administrativa, que não é forçosamente muito gloriosa. Assim, dessa maneira de caça, os lobos podem ser envenenados, encurralados em armadilhas (no cepo, no fosso ou com agulhas escondidas na isca). Em um manuscrito, nas contas da gruerie, direito real, de Borgonha mencionam para 1354 a captura de 11 lobos, 4 lobas e 34 lobinhos. Também se caça o lobo de uma forma, digamos, mais digna mas muito raramente. Assim quando a crise multiplica os baldios nos princípios do século XV, os lobos à procura de alimento recuam para as vilas. Consta em alguns escritos do início do século XV, que se lê lobos entrarem nas ruas da capital atacarem crianças indefesas. Grandes batidas foram organizadas para amenizar a proliferação dos lobos à Paris.

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 Livre de Chasse de Gaston Phébus. século XV. Paris, BnF, Département des manuscrits.

A caça fornece peles e sobretudo carne. As primeiras são muito úteis numa sociedade em que o aquecimento é praticamente inexistente. Pobres e ricos usam-na no interior de suas vestimentas, cada um escolhendo segundo as suas possibilidades e posses. A caça grossa fornece uma parte apreciável da alimentação da nobreza, se bem que os camponeses tinham a experiência e discernimento para escolher caças pequenas que tinham um potencial nutricional muito grande, esquilos, ratos do mato etc. Qualquer grande senhor tinha a possibilidade de alimentar a sua família, o seu palácio (servidores, clérigos ou pagens). Os camponeses e demais alimentam-se estritamente do necessário no que se refere a carnes, os vegetais, em compensação, são a alimentação preferencial juntamente com os cereais, o pão principalmente. No reinado do rei Carlos XVI, a montaria fornece todos os dias à mesa real duas a três peças capturadas nas florestas da bacia parisiense abundantes em caça. Como os solares, castelos adjacentes, abrigam cerca de oitocentos pessoas, compras de carne do açougue complementam o aprovisionamento. Outros cortes são menos ávidas de caça e reservam-na para ocasiões especiais. à mesa do arcebispo de Arles, só se consome cervo uma vez por ano. Além disso, nenhuma corte consome toda a caça apanhada. É uso dar-se uma parte considerável a aliados ou servidores de alto nível, assim como também se recebe muito frequentemente dos seus vassalos. Aos camponeses que auxiliam os possíveis esconderijos dos cervos maiores também recebem uma pequena parte dos pedaços menos apetitosos. O príncipe, dentro da sua corte, oferece o cervo e a caça grossa aos membros do conselho ducal, aos seus parentes, às grandes abadias e também ao clérigo. A caça materializa os laços de aliança ou de submissão no seio da sociedade política medieval.

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Oxford Bodley. Cervo. Unknown.  Inglaterra, ca 1225-50.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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As Canções de Gesta – Chansons de Geste

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 Batalha de Roncesvalles nos Pirineus, 778 AD, foi a base do épico “Chanson de Roland”. Autor desconhecido. Iluminação de manuscrito, Bruges, flamengo, 1462.

A figura do cavaleiro e o simbolismo que o rodeia estão no centro destas narrativas literárias em língua vulgar. O cavaleiro desempenha um papel preponderante nas Canções de Gesta, do latim gesta, proezas, gênero épico abundante no século XII e cuja gênese esta sujeita a muitas controvérsias. Estes poemas narrativos de comprimento variável são salmodiados, relacionados em salmos, em melodias simples pelos trovadores, garantindo e repassando a transmissão oral dos textos. A maior parte das canções de gesta e algumas trovas(contos para rir) eram de fato destinadas a serem cantadas num monocórdio (salmodiadas) por viajantes; uma das ocupações retribuídas destes era propagarem estas histórias de lugar em lugar; é por isso que esses textos comportam muitas interrupções e reclamam continuamente a atenção do auditório ou por ventura um número ou grupo de pessoas que a ouvem, pois atenção tem que ser instigante e curiosa. A obra-prima do gênero é a célebre Chanson de Roland, poema muitas vezes retocado e cuja a mais antiga versão, o Manuscrito de Oxford, dataria de 1100. Canta os altos e heroicos feitos de Roland, sobrinho de Carlos Magno e glorioso defensor da fé cristã. Poema de alcance patriótico, nacional, religioso e de estrema bravura, faz do cavaleiro conquistador o defensor da coletividade, da comunidade, de todos os cristãos. É um gênero que apresenta poucos traços realistas, pois descreve a guerra de uma forma genérica, muito abrangente, de grandes traços. Transmite todavia a atmosfera e o fervor que as anima, a atitude do cavaleiro valente e bravo em todas as ocasiões, descrevendo sem pudor ou restrições a crueldade dos combates corpo a corpo e a extrema violência recíproca.

O tema tradicional da chansons de geste ficou conhecido de maneira mais abrangente na França. De 1150-1250, a canções de gesta são ordenados em ciclos:

  • O ciclo do Rei Carlos Magno
  • O ciclo de Doon de Mayence ou o ciclo dos barões rebelaram
  • O ciclo de Garin Monglane

As Canções de Gesta reflete as estruturas características da literatura oral. Mas estes efeitos foram congeladas em textos escritos. As Chanson de Geste esta enraizada no nacionalismo, nos feitos dos seus ancestrais, nos feitos das cruzadas, enfim em todas as guerras contra os inimigos que ameaçam as suas terras onde a honra e a vida de um país para garantir a honra e a vida são defendidas pelos heróis cavaleiros sem temores e com extrema bravura. ou seja o herói tem que reagir. As Canções de Gesta esta, portanto, ligada a preocupações ideológicas: é um épico político real.

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La Chanson de Roland, em anglo-normando, primeiro trimestre do século XII, parte I, iniciando a parte 2. The Bodleian Library, University of Oxford.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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