Arquivo mensais:agosto 2014

A Universidade Medieval – Um Enorme e Significativo Legado

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Museu de Bolonha, Fragmentos da Arca de João de Legnano (1383). Jacobello dalle Masegne.

As universidades medievais foram uma das criações mais significativas deste período histórico. O medievo, realmente, nos deu um legado cristão rico em conteúdos para uma sociedade mais estável educacionalmente. A universidade era sem contestação uma das instituições mais importantes e significativas da era medieval, até por não existir um modelo equivalente nas civilizações vizinhas, judias, árabes ou anteriores.

A Universidade resulta de um processo complexo para qual convergiram fatores sociais, culturais e históricos. As escolas das catedrais, cujo o crescimento atingiu o apogeu no século XII, e os métodos de ensino que se desenvolveram ali representam uma etapa decisiva no início, no embrião da universidade.

Os estatutos mais antigos datam de 1215 ou 1231 (Paris) e 1252 (Bolonha). A fundação de Oxford, Cambridge e Montpellier também ocorreu antes de 1220. No final do século XV, havia cerca de 60 universidades na Europa. O termo universitas, que no latim clássico significa totalidade ou conjunto, adquiriu o valor de termo jurídico significando corporação ou comunidade. A noção medieval de universidade comportava também a noção da autonomia em relação ao poder civil e espiritual, assim como a solidariedade dos membros da comunidade.

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 Reunião dos Doutores da Universidade de Paris. A Partir de um Manuscrito medieval, provavelmente fazer XV Século.

Em termos de estrutura, podem-se se distinguir as universidades de estudantes e as universidades de mestres. nas primeiras (como de Paris e Oxford), havia uma preponderância de estudantes, enquanto nas segundas (Bolonha e Pádua) os mestres formavam a universidade. Segundo sua procedência, os estudantes estavam agrupados em nações, e a universidade era subdividida em faculdades, reunindo estudantes e professores de uma mesma disciplina. Havia quatro faculdades: artes, medicina, direito (Canônico e Civil) e teologia. Antes de poder ter acesso às faculdades superiores, era preciso seguir o ciclo da faculdade de artes. Nas faculdades, os estudos eram coroados com a licenciatura.

A universidade medieval tinha o latim como o idioma científico de comunicação. Apesar de reservada às pessoas de sexo masculino, a universidade se distinguia por sua composição internacional, baseada em uma impressionante mobilidade de estudantes e professores.

Os estatutos das diferentes universidades informam de maneira bem completa sobre os currícula a prescrição de exames. O ensino universitário medieval se baseava essencialmente na interpretação de texto e discussão. A interpretação de textos canônicos obedecia a regras e, por isso mesmo, contribuiu para a formação de um comportamento intelectual designado pelo termo “escolástica”.

Cada conjunto de colunas de ferro fundido tem detalhes exclusivos sobre ele das capitais

Detalhe de um dos prédios da Universidade de Oxford, Inglaterra.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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Usura – O Adicional Ilícito

Britain Gold Coins

Moedas romanas do século IV encontradas em St. Albans, perto de Londres. A moeda solidus, solidi plural, data dos últimos anos do século IV e foi emitido sob os imperadores Graciano, Valentiniano, Teodósio, Arcádio e Honório. Essas moedas ainda seriam usadas posteriormente como modelos para a confecção das usadas no período medieval.

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Moedas de prata do século XIV, usadas em Londres, principalmente no sul da Ingaleterra no início do século.

Esse termo designava, na Idade Média, o lucro exagerado, exorbitante ligado ao pagamento de uma dívida e também o pecado que consistia em exigir essa diferença. Durante muito tempo considerou-se que a proibição do empréstimo a juros tinha entravado gravemente a prática do crédito e, portanto, o desenvolvimento econômico no Ocidente medieval. A Igreja cristã constantemente a usura.

Desde o Concílio de Nicéia (325), a cobrança de juros foi proibida aos clérigos. Na época carolíngia, essa proibição era estendida aos laicos. O segundo e o terceiro Concílios de Latrão (1139 a 1179) reiteraram essas decisões. A partir do século XII, quando o desenvolvimento monetário da Europa exigiu uma demanda ampla de crédito, a questão da usura tornou-se crucial.

A partir do século XII, formas indiretas de empréstimos a juros como as letras de câmbio, também foram proibidas. O investimento lucrativo, por meio dos bancos e das sociedades, era tolerado quando o ganho recompensava um risco sobre o capital, reparava uma perda ou uma ausência de ganho. As rendas vitalícias também escapavam, sob certas condições, ao delito de usura.

A regulamentação da Igreja era acompanhada pelas autoridades civis. Houve vários confiscos, realizados em nome do princípio da “restituição” já que a usura era considerada um roubo.

s2890,55O Avarento por seguidores de Marinus van Reymerswaele

Tomás de Aquino notou, a respeito da usura, que ela constituía um pecado não por causa de uma proibição específica, mas por ser contrária ao direito natural. A igreja posava de reguladora de uma sociedade movida pela avidez, recalcitrante em relação à caridade. Isso aparece nas reflexões das escolas sobre a noção ‘do preço justo” desde o final do século XII. Não é certo que a teoria do preço justo seja estritamente solidária ao tratamento da usura, pois suas áreas de atuação eram distintas. Mas a preocupação com a correção e verificação era certamente a mesma: a escolástica não pretendia que as coisas tivessem um preço fixo e determinado. Ela fazia a distinção entre os preços ad iudicatum (fixados autoritariamente), ad pactum (estabelecidos contratualmente) e ad par (avaliados por comparação), a fim de situar um domínio de intervenção da ação pública.

Sem dar nenhuma visão angelical da Igreja, pode-se dizer que ela, como agente doutrinário e legislativo, quis ocupar uma posição de magistério em matéria de direito natural. A igreja sofria uma pressão constante em favor da anulação das dívidas ou juros, em um mundo onde o endividamento era geral e de longa duração. Ao mesmo tempo, a necessidade do crédito impunha a existência de emprestadadores profissionais. As oscilações favoráveis ou contrárias seriam duradouras sendo a política conciliadora, entre a Igreja e a sociedade civil mantenedoras de longos diálogos.

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O Moneychanger e sua esposa por Quentin Massys é uma pintura flamenga de 1514

Paulo Edmundo Vieira Marques

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A Viagem na Idade Média – Difícil Caminho

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Jean Wavrin. Recueil des Chroniques d’Engleterre. Bruges. 1470-1480. Biblioteca Britânica

A veiage Palavra, derivada do latim vialieum, apareceu no Século XI e, comeu O Século XVI, designava geralmente Uma Expedição militar. A Palavra “Viajante” só apareceria no Início do Século XIV, when como peregrinações se tornaram Constantes.

A Corrente era Viagem Uma Prática na Sociedade medieval, Pelas MULTIPLAS motivações that colocavam na estrada PESSOAS de Todas As aulas Sociais: Viagens do Rei Pará manifestar Seu Poder EM SEUS Domínios, como turnês dos merovingios Que Deram Origem A Lenda dos reis ociosos, e ATÉ A Viagem do Rei Francês Carlos VI (1412) a Bourges. Sem deixar de Lado como Viagens dos Agentes dos Reis, Que se deslocavam POR Razões administrativas, OU como o DOS PRIMEIROS Embaixadores, no Século XV. Como Viagens dos Clérigos consistiam em turnês Pastorais dos Bispos do POR SUA diocese, reunioes concilios de para UO assembleias gerais de Ordens Religiosas e, a Partir do Século XIII, Deslocamentos de Estudantes, de universidade em universidade.

Havia also como Viagens dos Nobres, de hum Torneio medieval um Outro, nos Séculos XI, XII, or XV atraves da Europa.

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Jean Froissart, Chroniques, vol. IV, parte I, Holanda, Bruges. 1470-1472. Biblioteca Britânica.

Outra Modalidade de Viagem ERAM aquelas de Formação de personalidade (Viagem à Prússia), Assim como com Viagens dos Mercadores, dos Aprendizes UO dos that buscavam Trabalho. ISSO SEM Contar como VIAGENS DOS vagabundos, Mendigos, monges, giróvagos (that vagavam de hum Monasterio um outro), temidos Pela Sociedade, e AINDA OS peregrinos.

Como condições de Viagem ruínas normalmente ERAM, COM Estradas preservadas mal, Travessias de rio dificeis e Meios de transporte rudimentares. A Hospedagem NEM era sempre Garantida, apesar da Hospitalidade Oferecida Pelos Mosteiros UO Particulares e da Multiplicação dos albergues não da última Idade Média.

British Library Roy 18 DII 148

Peregrinos deixando Canterbury, Siege de Lydgate od Tebas, a Royal 18 D II f.148, 1455-1462. Biblioteca Britânica. Londres.

A longa era Viagem semper, Medida em jornadas. O Viajante era extremamente dela dependente das condições do clima, Como uma neve nas Estradas, OU a Situação dos Alpes e como inundações that tornavam OS Caminhos impraticáveis ​​e intransponíveis. O mar era temido e Ninguém ousava se arriscar Durante como Estações ruínas (mare clausum). QUALQUÉR deslocamento hum pouco distante necessitava de Guias (PESSOAS UO Escritos, Cada Vez Mais Frequentes não da Idade Média final), e intérpretes comeu, principalmente Saindo da Europa rumo ao Oriente Médio OU Para Além DELE. A era Viagem, portanto, Uma Aventura Que O Viajante buscava compartilhar.

Os RELATOS DE Viagem, uo de Peregrinação Pará Os Mais Antigos, surgiram em Número Crescente A Partir de meados do Século XIII, Quando começou a travessia do continente asiático. ELES ERAM Testemunhos da Descoberta OE Entusiasmo de Um Mundo intrigante com o SUAS Paisagens, flora, fauna e Cidades.

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Os viajantes medievais. Cidade murada. A partir do século XV. BNF. Paris. France.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Bravura Perpétua – A Vida pela Pátria – Os Monumentos aos Mortos reservados à Elite Medieval

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 Efígie de Dom Garcia de Osório. 1499-1505. Espanha, Toledo. Depois de 1502, a efígie foi originalmente colocada na Igreja de São Pedro  em Ocaña perto de Toledo, na Espanha, mas foi removida quando a igreja sofreu abalos em sua estrutura.  Ele usa o escudo da Ordem de Santiago em seu chapéu; o manto da Ordem é usado sobre a armadura. A igreja de S. Pedro estava intimamente ligada com a Ordem Militar de Santiago, que detinha Ocaña. O tema desta efígie, Dom García Osorio, era um cavaleiro da Ordem de Santiago, e veste o manto da Ordem, com o seu crachá no peito esquerdo. O escudo distintivo da Ordem é usado no seu chapéu de palha. O pomo da espada está inscrito (em latim) ‘Jesus me dará a vitória”, e o punho, ‘ A bênção de Deus”. A igreja também foi usada para reuniões das Cortes castelhanas (parlamento local), e para importantes ocasiões cerimoniais até o final do século XV. Essa efígie atuou como um memorial à família de Dom García Osório, e teria sido reverenciado por seus descendentes e os habitantes locais. Embora o autor do túmulo seja desconhecido, é provável que tenha sido um escultor ativo em Toledo, e pela habilidade com que o trajes e fisionomias são retratados, tanto esta efígie como a de Dona Maria Perea (esposa de Dom García Osorio) sugere uma experiente escultor castelhano talvez influenciado por protótipos holandeses tradição de Gil de Siloé.

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Unidos no combate e perante a morte, os combatentes, os bravos, também os são na glória. Essa glorificação veio com a Guerra dos Cem Anos. As vozes dos moralistas cristãos que recusavam a guerra, essa injustiça gritante, são amortecidas pelas dos patriotas para quem a defesa do país merece bem o paraíso.

As pessoas da Idade Média receavam a “morte trágica”, aquela que não se vê chegar e que surpreende o pecador sem que ele tenha tempo de se arrepender, de se confessar e de receber o sacramento de penitência. Antes da batalha, os combatentes  podiam dirigir-se ao confessor. Depois, era tarde demais. Durante muito tempo, os moralistas cristãos disseram e repetiram que aquele que morria de espada na mão arriscava a sua alma. Porque a guerra é a violência, a cólera e muitas vezes a injustiça. Mas com a Guerra dos Cem Anos as ideias mudam. Nunca se tinha esquecido a lição dos poetas latinos “É doce e belo morrer pela pátria” (Pro patria mori); “é preciso combater pela defesa da pátria” (Pugnare pro patria). nada de mais eral agora do que o dever de “defender o reino e a pátria”, atacados por todos os lados. A pátria (patria em latim, país em francês) designa o solo natal onde repousam os antepassados. Defendê-la é um combate justo, é um dever que merece o Céu por recompensa.

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Tumba de Edward, o príncipe negro, Canterbury, Ingaleterra. UK.

Depois da batalha de Poitiers, um autor fez o elogio daqueles que morreram “morreram na guerra pela pátria”. No século XV, um outro louva Bertrand du Guesclin que estava disposto “a morrer para defender a França”. Finalmente, os espíritos mais avançados, como Christine de Pisan, ousam dizer que aquele que morre pela pátria, combatendo numa guerra justa, ganha o Paraíso.

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O túmulo do grande cavaleiro Bertrand du Guesclin, 1320-1380, Basílica de Saint Denis, Paris. Detalhe do seu escudo.

pensa-se em honrar a memória dos que deram a vida pela pátria, pela glória e pelo direiro; e aparecem os primeiros monumentos aos mortos. A morte heroica de João de Luxemburgo, rei da Bohemia, na batalha de Crécy, fê-lo entrar na lenda. Cego, mas fiel ao seu dever de aliado ao rei da França, manda atar o seu cavalo aos de seus companheiros e lança-se na escaramuça “bastante a frente do combate para não voltar”. O Imperador Carlos IV de Luxemburgo, seu filho, quis celebrar a sua memória no próprio centro das terras patrimoniais da dinastia. Mandou-o pois enterrar na Abadia de Nossa Senhora de Luxemburgo e não em Praga, nem em outro lugar.

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Tumba de João, o Cego, rei da Bohemia, 1296-1346.

E não foi tudo. O seu túmulo de mármore foi ornamentado com uma decoração nunca vista. De fato, João aparecia nela rodeado de cinquenta figuras, representando os seus cavaleiros, caídos com ele em Crécy, bem reconhecíveis pelos os seus brasões.

Nada podia ser esquecido da existência daquele que encontrou a morte na guerra, nem a sepultura do seu corpo, nem a salvação da sua alma e muito menos ressaltar os feitos heroicos para salvaguardar a sua pátria e os seus aliados.

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Dijon Beaux Arts Museum – O túmulo de Felipe, o Corajoso, Duque de Borgonha.

O dever da memória perpétua era incumbência de toda a comunidade, e não apenas à linhagem, que compete depois o dever de memória. Os monumentos medievais em homenagem a nobreza tiveram um significado cultural muito importante na Idade Média. restabeleceu um local de oferendas, de homenagens. Um local em que o povo em geral prestava a sua condolência aos feitos do nobre morto. estabelecia uma relação estável com a igreja pois os monumentos eram construídos em catedrais e o seu culto em geral trazia e aglomerava enorme quantidade de fiéis. Os monumentos estabeleceram a união e respeito do povo com a igreja pois a localidade estabelecia um vínculo reverencial ao seu homenageado. Como eu cito em meu livro: “Se como um bravo lutar e, morrer, ao lado de Deus haverei de sentar e, viver”

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Sepulcro de João I de Castela, Catedral de Toledo, Espanha.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Perigos e Desafios de uma Peregrinação no Medievo – Santiago de Compostela

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 Catedral de Santiago de Compostela – Muitos historiadores e estudiosos acreditam  que no século XII, Compostela se sobressaiu como um destino de peregrinação. Em última análise, a maneira pela qual adquiriu tal proeminência pode continuar a ser uma questão de conjectura, a verdade é que as autoridades de lá, tanto secular e eclesiástica acreditava que eles estavam em uma posição para elevar o santuário de Santiago de Compostela a um estatuto de igualdade com o de Roma e Jerusalém.

As peregrinações à Santiago de Compostela, na Idade Média, na maioria das vezes, os seus viajantes faziam o seu percurso a pé. Árdua, perigosa, desconfortável, maravilhosa e gratificante trilha. No entanto, para certas etapas particularmente difíceis, como a travessia dos Pirenéus, era-lhes permitida alugar montadas, cavalos ou muares ou mulas, que se encontravam nos albergues situados no sopé da montanha. As etapas dos Pirenéus eram temidas porque os peregrinos receavam-se perder-se. Era por essa razão que os mosteiros e os albergues situados no caminho faziam tocar o sino a intervalos regulares.

O peregrino alojava-se em casa dos habitantes ou, para os mais abastados, na albergaria, mas os peregrinos, principalmente aqueles advindos do norte, não gostavam das hospedagens espanholas por motivos variados, mas não apreciavam objetivamente a comida e a pouca higiene. Os pobres do medievo recebiam muitas vezes hospitalidade num estabelecimento religioso. Não só cada abadia tinha, em princípio, um serviço de esmola para os viajantes mas a partir do século XII desenvolveu-se toda uma rede hospitalar destinada especialmente aos pobres e peregrinos.

Esses hospitais ou hospícios (na Idade Média, as duas palavras são sinônimas) fundados por iniciativa dos reis, de bispos ou de simples particulares, eram muitas vezes confiados a comunidades religiosas: cônegos de Santo Agostinho, templários, cavaleiros hospitalários de São João de jerusalém ou ordens específicas como a de Aubrac, fundada em fins do século XI para acolher os peregrinos, o de Santa Cristina no desfiladeiro de Somport e o de Ronceveaux no desfiladeiro com o mesmo nome. Num manuscrito do princípio do século XIII, chamado La Preciosa, gaba-se o bom acolhimento feito aos peregrinos: os banhos oferecidos aos que chegam, a boa comida (havia mesmo uma sala repleta de frutas: perincipalmente romãs e amêndoas. os cuidados médicos, a assistência aos moribundos.

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A  linda cidade de Conques, na França, um dos trajetos e paradas de descanso da peregrinação à Santiago de Compostela.

Na estrada, o peregrino não estava livre de perigos. Em princípio, a partida fazia-se na primavera ou no principio do verão, mas durava vários meses para os peregrinos do norte da Europa (em média seis meses, apesar de haver registros de recordes de 2 meses) e o viajante afrontava o frio e mau tempo. Mais insidiosos eram os perigos vindos dos homens: ladrões e salteadores de estrada. Era por isso que a maioria dos peregrinos viajava em grupo ou se agrupava no caminho, muitas vezes com viajantes da mesma região.

A este propósito, um dos milagres mais célebres de Santiago relata a História do enforcado tirado da forca: segundo a versão mais desenvolvida, um jovem que viajava com os pais para Compostela recusa, na albergaria, os avanços de uma criada. Despeitada, esta esconde-lhe na bagagem uma taça preciosa e depois vai denunciá-lo como ladrão. preso, o jovem é condenado à morte e enforcado mas Santiago apoia-o milagrosamente, e no seu regresso os pais encontram-no vivo.

O “jacquet” , em francês Santiago denomina-se Saint Jacques, daí o nome dado aos peregrinos franceses de jacquet, finalmente chega ao santuário de santiago de Compostela. A visita é gratificante, observa várias relíquias que a catedral contém, ajoelha-se diante da imagem de Santiago que esta no Altar-mor, depõe a sua oferenda num grande cofre segundo um ritual preciso. Muitos passam a noite rezando na igreja e o quadro pitoresco dado por um documento do século XII aplica-se também aos séculos seguintes: os peregrinos franceses, alemães, italianos, gregos, cantam e rezam juntos, cada um na sua língua, enquanto se ouvem os sons de toda a espécie de instrumentos musicais.

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As rotas e paradas de descando dos caminhos de Santiago de Compostela – The pilgrim routes to Santiago de Compostela

A concha é a prova e a proteção do peregrino penitente. Um certo números de peregrinos continuava a sua peregrinação até o Padrão, lugar onde, segundo a lenda, o corpo do santo teria dado à costa numa barca de pedra. Por vezes, aproveitam para apanhar conchas na praia que depois cosem no alforge ou nos fatos. A maioria compra de fato essas conchas ou reproduções delas em chumbo no adro da catedral. Foram encontradas mais de duzentas conchas em túmulos de peregrinos espalhados por toda a Europa.

No caminho de regresso, a concha atesta a execução da peregrinação e coloca o peregrino sob a proteção direta do apóstolo. Uma vez de volta a casa, o peregrino não se esquece de venerar a Santiago por ocasião do seu dia, sobretudo se fizer parte de uma das confrarias de Santiago que proliferam no século XIV e que permitem prolongar os efeitos da peregrinação reconstituindo a grande família dos que enfrentaram a estrada para ir venerar o santo.

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Existe evidência arqueológica para a associação da concha com a peregrinação compostelana, sob a forma de uma concha que foi descoberta dentro de um túmulo ao longo da nave norte da Catedral de Santiago. Devido à sua localização, é datado de até 1120. A primeira prova escrita para a concha como símbolo da peregrinação é um dos milagres incluído no Livro II do Liber Sancti Iacobi que é datada de 1106. Assim, podemos concluir que a concha foi usada como um símbolo da peregrinação a Santiago de Compostela, no início do século XII, e parece plausível concluir que a tradição manteve-se no decorrer dos tempos.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Caminhos do Medievo, um roteiro pela história no sul da França Publicado por Rejane Martins

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 Conques, França

 Sempre se aprende quando se viaja. Porém, se for um roteiro repleto de história e vivências com o respaldo de quem domina o assunto, a absorção é bem mais eficiente e prazerosa. 

Algo mais do que viajar é a proposta do programa Caminhos do Medievo preparado pela Bel Paese Turismo para abril de 2015. 

Na quinta-feira, dia 14 de agosto, às 19h, quem quiser “ter um gostinho” dessa viagem tem encontro marcado no mezanino da Barbarella Bakery.  O historiador medievalista Paulo Edmundo Vieira Marques vai apresentar alguns detalhes do roteiro. 

A entrada é franca. Favor confirmar presença pelo e-mail deliapaese@hotmail.com

Desfrute do prazer de conhecer a Idade Média em sua verdadeira essência, passeando por Toulouse, Conques, Belcastel, Rodez, Najac, Estaing, Bouzouls, Albi, Cordes-Sur-Ciel, Saint-Antonin-Noble-Val, Castres, Carcassonne, La Couvertoirade e cidades templárias no sul da França de 19 a 29 de abril de 2015. 

Caminhos do Medievo terá acompanhamento e instrução de Paulo Marques e da professora de história Délia Paese, proprietária da Bel Paese Turismo, com 27 anos de experiência em roteiros ligados à história, arte e arquitetura.

Caminhos do Medievo |14 de agosto | quinta-feira | 19h às 21h 
Barbarella Bakery | Dinarte Ribeiro, 53 | Moinhos de Vento | Porto Alegre

http://www.nexocomunica.com/caminhos-medievo-um-Roteiro-Pela-historia-sul-da-franca/

 

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