Arquivo mensais:setembro 2014

O Tímpano de Ste. Foy, O Juízo Final

s4906Na arquitetura, tímpano é a superfície da parede decorativa semicircular ou triangular sobre uma entrada, limitada por uma abertura, uma viga e um arco. Muitas vezes contém várias esculturas ou outras imagens ornamentais. A maioria dos estilos arquitetônicos incluem estes elementos citados. Na arquitetura grega e romana e notadamente na arquitetura cristã o tímpano contem imagens religiosas, sendo a parte estrutural mais importante no aspecto religioso, destacando-se principalmente do lado de fora do prédio exposto. Geralmente é colocado de forma chamativa e monumental, pois objetiva transcrever uma passagem importante do contexto religioso a que se destina. O tímpano de Conques, França, na região de Aveyron, é uma obra muito complexa. O tema é o Juízo Final, mas a imagem é instigante, clara, imponente e direta. A direita do Cristo esta os salvos da punição final enquanto do lado esquerdo estão os condenados. As imagens dos salvos são reconfortantes e serenas, mas os torturados e condenados são interessantes pela expressividade da angústia em seus rostos e faces. O enorme conjunto nos cativa de uma forma tão intensa que nos leva atentar por vários instantes para a estrutura sem desviarmos os olhos. Mesmo visto pelas fotos a arquitetura do tímpano de Sainte Foy é de uma beleza indescritível.

O Juízo Final

Na fachada ocidental da igreja da abadia Ste Foy com um arco semicircular profundo contém o tímpano do Juízo Final. Este assunto, bem como o Apocalipse, era popular nas igrejas românicas no sul e sudoeste da França. O tímpano é notável pelo seu estado de conservação, incluindo itens da policromia original (embora as áreas pintadas estão desbotadas), por seu grande número de figuras (mais de uma centena se contarmos anjos e demônios), e pela originalidade de sua representação dos tormentos no inferno. Ele é organizado em três tópicos: o topo com quatro anjos em um padrão radial; no meio com Cristo no centro (não tanto no foco central, como vemos em outros tímpanos medievais românicos) os salvos à direita e os condenados à esquerda; e uma linha de baixo, também divididos entre o Céu e o Inferno. Mensagens, invocações, conselhos são inscritos com passagens bíblicas e morais para aqueles que sabiam ler, por sinal uma característica incomum em fachadas de igrejas.

 A principal inspiração para o Juízo Final veio do Evangelho de São Mateus. No tímpano de Ste. Foy, o escultor enfatiza o momento dramático em que Cristo pronunciou suas últimas palavras, descritos nos pequenos relevos onde dois anjos parecem que o protegem de maneira incisiva em ambos os lados de sua cabeça. Para as ovelhas colocadas à sua direita, Ele disse: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vós estais preparados desde a fundação do mundo”. Virando-se para sua esquerda, Ele disse: “Afastem-se de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” e concluindo que os da esquerda “tenham a punição infinita, mas para os justos a vida eterna”.

 No tímpano de Ste. Foy esta a seguinte inscrição:

O PECCATORES TRANSMUTETIS NISI MORES

JUDICIUM DURUM VOBIS SCITOTE FUTURUM

 “O sinners, change your morals, for you might face a cruel judgment”.

 “O pecadores mudem os seus costumes, ou você pode enfrentar um julgamento cruel”

Paulo Edmundo Vieira Marques – Professor, Historiador e Escritor Medievalista

 

 

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Hospitais do Medievo – Nobre Caridade

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O Hospital do Espírito Santo foi fundado em 1332-39 por Konrad Gross, um patrício rico, para o cuidado de idosos e necessitados. Foi a maior doação privada no Sacro Império Romano até 1500. Depois de 1500 o complexo de edifícios foi estendido sobre o rio Pegnitz. Pesquisa Wiki Commons. Livro História da Arte e Arquitetura na Alemanha séculos XVI e XV.  Stefan Humdhammer e Kurek com as fotos.

Os primeiros hospitais do Ocidente remontam à época franca (séculos V a IX). Sob a responsabilidade dos bispos, eles tinham uma autonomia jurídica que lhes permitia receber doações, caridades e legados, seus principais recursos para construir ou manter um hospital. Mas as dificuldades do medievo não favoreciam sua prosperidade e respectiva multiplicação. Foi preciso esperar pelo século XII para que pudesse ocorrer um verdadeiro desenvolvimento dos hospitais, associado ao crescimento e à renovação evangélica.

Os fundadores (príncipes, senhores, bispos e ricos burgueses) pretendiam assim deixar seu nome ligado a uma obra que desse prova de sua piedade. Por isso até os dias de hoje quando se faz uma doação ou caridade se estabelece que a pessoa foi nobre em sua atitude. Esses estabelecimentos foram em princípio considerados locais religiosos, submetidos ao direito da igreja. Dispensados do pagamento de impostos e dízimos, protegidos de qualquer tipo de alienação patrimonial, eles gozavam ainda de privilégios, capela e cemitério particulares, além do direito de asilo. Recebiam todas as vítimas de infortúnio, doença e velhice, reunidas sob a denominação “pobres de Cristo” assim como peregrinos. Na maior parte das regiões, tanto nas cidades como no campo, havia os hospitais, onde se alimentava e dava abrigo noturno aos pobres de passagem e aos peregrinos, e os chamados “hôtels-Dieu” (casas de Deus) nos quais eram acolhidos doentes, grávidas, órfãos e crianças abandonadas.

Os cuidados consistiam sobretudo em garantir o bem estar do corpo e a salvação da alma. Alimentação bem cuidada e regular, o calor de um salão equipado com lareira, terapêutica baseada no uso da medicação tradicional, dentro de parâmetros higiênicos razoáveis e dentro do possível controlados e cuidados, as condições mínimas estavam reunidas para propiciar alívio temporário às pessoas que sofriam principalmente de frio e de subalimentação crônica. mas no caso de doenças graves, não havia condições adequadas para se fazer muito.

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O medieval hospital de The Lord Leycester Hospital  (geralmente conhecido, simplesmente, como o Senhor Leycester ) é uma casa de repouso para os ex-militares em Warwick , Inglaterra, que está localizado ao lado do West Gate, em High Street. O Hospital dispõe da capela de St. James, o Grande, grandes quatros (incluindo Casa do Mestre), um grande recepção (com ante-salas) e um grande salão. Também, dentro do estabelecimento, consta o santo  Jardim do Mestre e do um Museu. A Capela Capela de St. James foi construído em 1126 por Roger de Newburgh, segundo de Warwick. No final do século 14, foi reconstruída pelo Décimo Segundo Conde de Warwick. Ele concedeu o benefício da Capela para a Guilda de St. George, em uma aliança criada em 20 de abril de 1383 sob a licença de Rei Ricardo II. A Guilda de St. George mais tarde juntou-se ao  Sindicato da Santíssima Virgem, que tinha sido base central, sua matriz digamos assim, no Colégio de Santa Maria, formando as Nações Guildas de Warwick. Alojamentos e recepção, refeitório e salas de jantar foram adicionados à capela como uma conseqüência. Fonte Magazine Medieval Science, 1979, BBC. e Wiki Commons.

O controle dos hospitais pelos bispos foi sempre relativamente teórico. Um grande número deles escapava desse controle, em especial aqueles que dependiam das ordens religiosas isentas. Mas a autoridade tutelar, qualquer que fosse, esforçava-se para fazer com que cada estabelecimento fosse bem administrado. Em geral, a gestão dos pequenos hospícios, como eram chamados, era confiada a um responsável nomeado pelo dirigente laico ou eclesiástico, por um período determinado, ocasião em que fazia um juramento de compromisso de governar corretamente o estabelecimento e de cuidar dos pobres com compaixão. Quando assumia a função, era feito um inventário dos bens móveis. Mas, em muitos casos, o cargo de dirigente de hospital era considerado um benefício eclesiástico. Nesse sistema, com frequência ocorriam abusos; não residência dos titulares, apropriação dos ganhos do estabelecimento para fins pessoais, falta de investimentos, reestruturação etc.

As mais altas autoridades da Igreja tentaram reagir, mas na maioria dos casos sem nenhum resultado efetivo. Em instituições maiores, o pessoal era composto por freiras e padres que viviam em comunidade, segundo estatutos inspirados nas regras monásticas. A orientação para uma vida mais regular do pessoal de serviço existiu particularmente nas comunidades de clérigos hospitalários (ordem de cavaleiros de caráter religioso-militar) e nas autênticas ordem religiosas de vocação hospitaleira.

A parte principal dos recursos dos hospitais medievais provinha da doação inicial recebida, acrescida ao longo dos anos dos donativos e legados caritativos, feitos por fiéis para quais os doentes, imagem sofredora de Cristo, eram os intermediários simbólicos, dentro da perspectiva da salvação. Constituídos de bens fundiários e imóveis dados em locação, esse patrimônio propiciava aos estabelecimentos ganhos fixos aos quais ainda vinham se somar recursos aleatórios, vindos de pedidos expressos, oferendas concedidas por visitantes piedosos, bastante significativas, além de roupas, tecidos ou móveis, dados voluntariamente ou recolhidos dos pertences dos doentes que morriam nos hospitais, quando não confiscados dentre os bens dos condenados.

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Antigo Hospital de São João é um hospital construído no século XI, em Bruges, Bélgica. Localizado ao lado da Igreja de Nossa Senhora é um dos mais antigos edifícios hospitalares sobreviventes da Europa. O hospital cresceu durante a Idade Média e era um lugar onde os peregrinos doentes e viajantes foram atendidos. O local foi posteriormente ampliado com a construção de um mosteiro e convento. No século 19, foram construídas oito novas alas, todas em torno do edifício central. Hoje parte do complexo hospitalar mantém o popular, Hans Memling Museum, nomeado pintor, onde inúmeras pinturas de sua autoria são expostas, como os seus famosos trípticos. Fontes: Wiki Commons e O Livro da Arte, Ediouro, Medieval Art. S. Simpson A.

Os hospitalários não religiosos sofreram bastante com as crises da Idade Média; ganhos em baixa, construções em mau estado de conservação ou destruídas, enquanto as necessidades cresciam em ritmo acelerado e alarmantes em virtudes das inúmeras guerras e epidemias. Muitos hospitais desapareceram, e seus bens foram doados aos estabelecimentos que tinham conseguido resistir melhor. Incapazes de enfrentar essas mudanças, assim como os abusos que elas traziam, os administradores hospitalares e seus dirigentes eclesiásticos foram pouco a pouco obrigados a admitir a ingerência das autoridades municipais ou reais na gestão dos hospitais. Dessa forma, a laicização da instituição hospitalar começou no século XV, principalmente nas regiões mediterrâneas.

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Eastbridge Hospital de St. Thomas, o Mártir de Eastbridge foi fundado no século 12, em Canterbury, Inglaterra, para fornecer acomodação para pernoite para os peregrinos pobres ao santuário de São Thomas Beckett. É agora uma dos dez asilos que ainda fornecem alojamento para idosos em Canterbury. Fonte foto Wiki Commons.

Paulo Edmundo Vieira Marques – 06.09.2014, Capão da Canoa – RS – Brasil.

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