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Natal Feliz

Medieval Imago & Dies Vitae Idade Media e Cotidiano e a http://medievalimago.org/desejam do fundo do coração de Paulo Edmundo Vieira Marques um Natal de muita paz, compreensão e amor. Desejo que todos os anjos nos deem proteção e a benção da fraternidade entre as pessoas. Meus amigos uma linda noite de Natal para todos. Alegria e pensamentos positivos.

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Bíblia (o ‘Worms Bíblia “), Salmos-Atos 16:17, Alemanha. Médio Rhineland, Século XII.

 

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O Tímpano de Ste. Foy, O Juízo Final

s4906Na arquitetura, tímpano é a superfície da parede decorativa semicircular ou triangular sobre uma entrada, limitada por uma abertura, uma viga e um arco. Muitas vezes contém várias esculturas ou outras imagens ornamentais. A maioria dos estilos arquitetônicos incluem estes elementos citados. Na arquitetura grega e romana e notadamente na arquitetura cristã o tímpano contem imagens religiosas, sendo a parte estrutural mais importante no aspecto religioso, destacando-se principalmente do lado de fora do prédio exposto. Geralmente é colocado de forma chamativa e monumental, pois objetiva transcrever uma passagem importante do contexto religioso a que se destina. O tímpano de Conques, França, na região de Aveyron, é uma obra muito complexa. O tema é o Juízo Final, mas a imagem é instigante, clara, imponente e direta. A direita do Cristo esta os salvos da punição final enquanto do lado esquerdo estão os condenados. As imagens dos salvos são reconfortantes e serenas, mas os torturados e condenados são interessantes pela expressividade da angústia em seus rostos e faces. O enorme conjunto nos cativa de uma forma tão intensa que nos leva atentar por vários instantes para a estrutura sem desviarmos os olhos. Mesmo visto pelas fotos a arquitetura do tímpano de Sainte Foy é de uma beleza indescritível.

O Juízo Final

Na fachada ocidental da igreja da abadia Ste Foy com um arco semicircular profundo contém o tímpano do Juízo Final. Este assunto, bem como o Apocalipse, era popular nas igrejas românicas no sul e sudoeste da França. O tímpano é notável pelo seu estado de conservação, incluindo itens da policromia original (embora as áreas pintadas estão desbotadas), por seu grande número de figuras (mais de uma centena se contarmos anjos e demônios), e pela originalidade de sua representação dos tormentos no inferno. Ele é organizado em três tópicos: o topo com quatro anjos em um padrão radial; no meio com Cristo no centro (não tanto no foco central, como vemos em outros tímpanos medievais românicos) os salvos à direita e os condenados à esquerda; e uma linha de baixo, também divididos entre o Céu e o Inferno. Mensagens, invocações, conselhos são inscritos com passagens bíblicas e morais para aqueles que sabiam ler, por sinal uma característica incomum em fachadas de igrejas.

 A principal inspiração para o Juízo Final veio do Evangelho de São Mateus. No tímpano de Ste. Foy, o escultor enfatiza o momento dramático em que Cristo pronunciou suas últimas palavras, descritos nos pequenos relevos onde dois anjos parecem que o protegem de maneira incisiva em ambos os lados de sua cabeça. Para as ovelhas colocadas à sua direita, Ele disse: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vós estais preparados desde a fundação do mundo”. Virando-se para sua esquerda, Ele disse: “Afastem-se de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” e concluindo que os da esquerda “tenham a punição infinita, mas para os justos a vida eterna”.

 No tímpano de Ste. Foy esta a seguinte inscrição:

O PECCATORES TRANSMUTETIS NISI MORES

JUDICIUM DURUM VOBIS SCITOTE FUTURUM

 “O sinners, change your morals, for you might face a cruel judgment”.

 “O pecadores mudem os seus costumes, ou você pode enfrentar um julgamento cruel”

Paulo Edmundo Vieira Marques – Professor, Historiador e Escritor Medievalista

 

 

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Hospitais do Medievo – Nobre Caridade

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O Hospital do Espírito Santo foi fundado em 1332-39 por Konrad Gross, um patrício rico, para o cuidado de idosos e necessitados. Foi a maior doação privada no Sacro Império Romano até 1500. Depois de 1500 o complexo de edifícios foi estendido sobre o rio Pegnitz. Pesquisa Wiki Commons. Livro História da Arte e Arquitetura na Alemanha séculos XVI e XV.  Stefan Humdhammer e Kurek com as fotos.

Os primeiros hospitais do Ocidente remontam à época franca (séculos V a IX). Sob a responsabilidade dos bispos, eles tinham uma autonomia jurídica que lhes permitia receber doações, caridades e legados, seus principais recursos para construir ou manter um hospital. Mas as dificuldades do medievo não favoreciam sua prosperidade e respectiva multiplicação. Foi preciso esperar pelo século XII para que pudesse ocorrer um verdadeiro desenvolvimento dos hospitais, associado ao crescimento e à renovação evangélica.

Os fundadores (príncipes, senhores, bispos e ricos burgueses) pretendiam assim deixar seu nome ligado a uma obra que desse prova de sua piedade. Por isso até os dias de hoje quando se faz uma doação ou caridade se estabelece que a pessoa foi nobre em sua atitude. Esses estabelecimentos foram em princípio considerados locais religiosos, submetidos ao direito da igreja. Dispensados do pagamento de impostos e dízimos, protegidos de qualquer tipo de alienação patrimonial, eles gozavam ainda de privilégios, capela e cemitério particulares, além do direito de asilo. Recebiam todas as vítimas de infortúnio, doença e velhice, reunidas sob a denominação “pobres de Cristo” assim como peregrinos. Na maior parte das regiões, tanto nas cidades como no campo, havia os hospitais, onde se alimentava e dava abrigo noturno aos pobres de passagem e aos peregrinos, e os chamados “hôtels-Dieu” (casas de Deus) nos quais eram acolhidos doentes, grávidas, órfãos e crianças abandonadas.

Os cuidados consistiam sobretudo em garantir o bem estar do corpo e a salvação da alma. Alimentação bem cuidada e regular, o calor de um salão equipado com lareira, terapêutica baseada no uso da medicação tradicional, dentro de parâmetros higiênicos razoáveis e dentro do possível controlados e cuidados, as condições mínimas estavam reunidas para propiciar alívio temporário às pessoas que sofriam principalmente de frio e de subalimentação crônica. mas no caso de doenças graves, não havia condições adequadas para se fazer muito.

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O medieval hospital de The Lord Leycester Hospital  (geralmente conhecido, simplesmente, como o Senhor Leycester ) é uma casa de repouso para os ex-militares em Warwick , Inglaterra, que está localizado ao lado do West Gate, em High Street. O Hospital dispõe da capela de St. James, o Grande, grandes quatros (incluindo Casa do Mestre), um grande recepção (com ante-salas) e um grande salão. Também, dentro do estabelecimento, consta o santo  Jardim do Mestre e do um Museu. A Capela Capela de St. James foi construído em 1126 por Roger de Newburgh, segundo de Warwick. No final do século 14, foi reconstruída pelo Décimo Segundo Conde de Warwick. Ele concedeu o benefício da Capela para a Guilda de St. George, em uma aliança criada em 20 de abril de 1383 sob a licença de Rei Ricardo II. A Guilda de St. George mais tarde juntou-se ao  Sindicato da Santíssima Virgem, que tinha sido base central, sua matriz digamos assim, no Colégio de Santa Maria, formando as Nações Guildas de Warwick. Alojamentos e recepção, refeitório e salas de jantar foram adicionados à capela como uma conseqüência. Fonte Magazine Medieval Science, 1979, BBC. e Wiki Commons.

O controle dos hospitais pelos bispos foi sempre relativamente teórico. Um grande número deles escapava desse controle, em especial aqueles que dependiam das ordens religiosas isentas. Mas a autoridade tutelar, qualquer que fosse, esforçava-se para fazer com que cada estabelecimento fosse bem administrado. Em geral, a gestão dos pequenos hospícios, como eram chamados, era confiada a um responsável nomeado pelo dirigente laico ou eclesiástico, por um período determinado, ocasião em que fazia um juramento de compromisso de governar corretamente o estabelecimento e de cuidar dos pobres com compaixão. Quando assumia a função, era feito um inventário dos bens móveis. Mas, em muitos casos, o cargo de dirigente de hospital era considerado um benefício eclesiástico. Nesse sistema, com frequência ocorriam abusos; não residência dos titulares, apropriação dos ganhos do estabelecimento para fins pessoais, falta de investimentos, reestruturação etc.

As mais altas autoridades da Igreja tentaram reagir, mas na maioria dos casos sem nenhum resultado efetivo. Em instituições maiores, o pessoal era composto por freiras e padres que viviam em comunidade, segundo estatutos inspirados nas regras monásticas. A orientação para uma vida mais regular do pessoal de serviço existiu particularmente nas comunidades de clérigos hospitalários (ordem de cavaleiros de caráter religioso-militar) e nas autênticas ordem religiosas de vocação hospitaleira.

A parte principal dos recursos dos hospitais medievais provinha da doação inicial recebida, acrescida ao longo dos anos dos donativos e legados caritativos, feitos por fiéis para quais os doentes, imagem sofredora de Cristo, eram os intermediários simbólicos, dentro da perspectiva da salvação. Constituídos de bens fundiários e imóveis dados em locação, esse patrimônio propiciava aos estabelecimentos ganhos fixos aos quais ainda vinham se somar recursos aleatórios, vindos de pedidos expressos, oferendas concedidas por visitantes piedosos, bastante significativas, além de roupas, tecidos ou móveis, dados voluntariamente ou recolhidos dos pertences dos doentes que morriam nos hospitais, quando não confiscados dentre os bens dos condenados.

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Antigo Hospital de São João é um hospital construído no século XI, em Bruges, Bélgica. Localizado ao lado da Igreja de Nossa Senhora é um dos mais antigos edifícios hospitalares sobreviventes da Europa. O hospital cresceu durante a Idade Média e era um lugar onde os peregrinos doentes e viajantes foram atendidos. O local foi posteriormente ampliado com a construção de um mosteiro e convento. No século 19, foram construídas oito novas alas, todas em torno do edifício central. Hoje parte do complexo hospitalar mantém o popular, Hans Memling Museum, nomeado pintor, onde inúmeras pinturas de sua autoria são expostas, como os seus famosos trípticos. Fontes: Wiki Commons e O Livro da Arte, Ediouro, Medieval Art. S. Simpson A.

Os hospitalários não religiosos sofreram bastante com as crises da Idade Média; ganhos em baixa, construções em mau estado de conservação ou destruídas, enquanto as necessidades cresciam em ritmo acelerado e alarmantes em virtudes das inúmeras guerras e epidemias. Muitos hospitais desapareceram, e seus bens foram doados aos estabelecimentos que tinham conseguido resistir melhor. Incapazes de enfrentar essas mudanças, assim como os abusos que elas traziam, os administradores hospitalares e seus dirigentes eclesiásticos foram pouco a pouco obrigados a admitir a ingerência das autoridades municipais ou reais na gestão dos hospitais. Dessa forma, a laicização da instituição hospitalar começou no século XV, principalmente nas regiões mediterrâneas.

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Eastbridge Hospital de St. Thomas, o Mártir de Eastbridge foi fundado no século 12, em Canterbury, Inglaterra, para fornecer acomodação para pernoite para os peregrinos pobres ao santuário de São Thomas Beckett. É agora uma dos dez asilos que ainda fornecem alojamento para idosos em Canterbury. Fonte foto Wiki Commons.

Paulo Edmundo Vieira Marques – 06.09.2014, Capão da Canoa – RS – Brasil.

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A Universidade Medieval – Um Enorme e Significativo Legado

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Museu de Bolonha, Fragmentos da Arca de João de Legnano (1383). Jacobello dalle Masegne.

As universidades medievais foram uma das criações mais significativas deste período histórico. O medievo, realmente, nos deu um legado cristão rico em conteúdos para uma sociedade mais estável educacionalmente. A universidade era sem contestação uma das instituições mais importantes e significativas da era medieval, até por não existir um modelo equivalente nas civilizações vizinhas, judias, árabes ou anteriores.

A Universidade resulta de um processo complexo para qual convergiram fatores sociais, culturais e históricos. As escolas das catedrais, cujo o crescimento atingiu o apogeu no século XII, e os métodos de ensino que se desenvolveram ali representam uma etapa decisiva no início, no embrião da universidade.

Os estatutos mais antigos datam de 1215 ou 1231 (Paris) e 1252 (Bolonha). A fundação de Oxford, Cambridge e Montpellier também ocorreu antes de 1220. No final do século XV, havia cerca de 60 universidades na Europa. O termo universitas, que no latim clássico significa totalidade ou conjunto, adquiriu o valor de termo jurídico significando corporação ou comunidade. A noção medieval de universidade comportava também a noção da autonomia em relação ao poder civil e espiritual, assim como a solidariedade dos membros da comunidade.

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 Reunião dos Doutores da Universidade de Paris. A Partir de um Manuscrito medieval, provavelmente fazer XV Século.

Em termos de estrutura, podem-se se distinguir as universidades de estudantes e as universidades de mestres. nas primeiras (como de Paris e Oxford), havia uma preponderância de estudantes, enquanto nas segundas (Bolonha e Pádua) os mestres formavam a universidade. Segundo sua procedência, os estudantes estavam agrupados em nações, e a universidade era subdividida em faculdades, reunindo estudantes e professores de uma mesma disciplina. Havia quatro faculdades: artes, medicina, direito (Canônico e Civil) e teologia. Antes de poder ter acesso às faculdades superiores, era preciso seguir o ciclo da faculdade de artes. Nas faculdades, os estudos eram coroados com a licenciatura.

A universidade medieval tinha o latim como o idioma científico de comunicação. Apesar de reservada às pessoas de sexo masculino, a universidade se distinguia por sua composição internacional, baseada em uma impressionante mobilidade de estudantes e professores.

Os estatutos das diferentes universidades informam de maneira bem completa sobre os currícula a prescrição de exames. O ensino universitário medieval se baseava essencialmente na interpretação de texto e discussão. A interpretação de textos canônicos obedecia a regras e, por isso mesmo, contribuiu para a formação de um comportamento intelectual designado pelo termo “escolástica”.

Cada conjunto de colunas de ferro fundido tem detalhes exclusivos sobre ele das capitais

Detalhe de um dos prédios da Universidade de Oxford, Inglaterra.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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Usura – O Adicional Ilícito

Britain Gold Coins

Moedas romanas do século IV encontradas em St. Albans, perto de Londres. A moeda solidus, solidi plural, data dos últimos anos do século IV e foi emitido sob os imperadores Graciano, Valentiniano, Teodósio, Arcádio e Honório. Essas moedas ainda seriam usadas posteriormente como modelos para a confecção das usadas no período medieval.

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Moedas de prata do século XIV, usadas em Londres, principalmente no sul da Ingaleterra no início do século.

Esse termo designava, na Idade Média, o lucro exagerado, exorbitante ligado ao pagamento de uma dívida e também o pecado que consistia em exigir essa diferença. Durante muito tempo considerou-se que a proibição do empréstimo a juros tinha entravado gravemente a prática do crédito e, portanto, o desenvolvimento econômico no Ocidente medieval. A Igreja cristã constantemente a usura.

Desde o Concílio de Nicéia (325), a cobrança de juros foi proibida aos clérigos. Na época carolíngia, essa proibição era estendida aos laicos. O segundo e o terceiro Concílios de Latrão (1139 a 1179) reiteraram essas decisões. A partir do século XII, quando o desenvolvimento monetário da Europa exigiu uma demanda ampla de crédito, a questão da usura tornou-se crucial.

A partir do século XII, formas indiretas de empréstimos a juros como as letras de câmbio, também foram proibidas. O investimento lucrativo, por meio dos bancos e das sociedades, era tolerado quando o ganho recompensava um risco sobre o capital, reparava uma perda ou uma ausência de ganho. As rendas vitalícias também escapavam, sob certas condições, ao delito de usura.

A regulamentação da Igreja era acompanhada pelas autoridades civis. Houve vários confiscos, realizados em nome do princípio da “restituição” já que a usura era considerada um roubo.

s2890,55O Avarento por seguidores de Marinus van Reymerswaele

Tomás de Aquino notou, a respeito da usura, que ela constituía um pecado não por causa de uma proibição específica, mas por ser contrária ao direito natural. A igreja posava de reguladora de uma sociedade movida pela avidez, recalcitrante em relação à caridade. Isso aparece nas reflexões das escolas sobre a noção ‘do preço justo” desde o final do século XII. Não é certo que a teoria do preço justo seja estritamente solidária ao tratamento da usura, pois suas áreas de atuação eram distintas. Mas a preocupação com a correção e verificação era certamente a mesma: a escolástica não pretendia que as coisas tivessem um preço fixo e determinado. Ela fazia a distinção entre os preços ad iudicatum (fixados autoritariamente), ad pactum (estabelecidos contratualmente) e ad par (avaliados por comparação), a fim de situar um domínio de intervenção da ação pública.

Sem dar nenhuma visão angelical da Igreja, pode-se dizer que ela, como agente doutrinário e legislativo, quis ocupar uma posição de magistério em matéria de direito natural. A igreja sofria uma pressão constante em favor da anulação das dívidas ou juros, em um mundo onde o endividamento era geral e de longa duração. Ao mesmo tempo, a necessidade do crédito impunha a existência de emprestadadores profissionais. As oscilações favoráveis ou contrárias seriam duradouras sendo a política conciliadora, entre a Igreja e a sociedade civil mantenedoras de longos diálogos.

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O Moneychanger e sua esposa por Quentin Massys é uma pintura flamenga de 1514

Paulo Edmundo Vieira Marques

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A Viagem na Idade Média – Difícil Caminho

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Jean Wavrin. Recueil des Chroniques d’Engleterre. Bruges. 1470-1480. Biblioteca Britânica

A veiage Palavra, derivada do latim vialieum, apareceu no Século XI e, comeu O Século XVI, designava geralmente Uma Expedição militar. A Palavra “Viajante” só apareceria no Início do Século XIV, when como peregrinações se tornaram Constantes.

A Corrente era Viagem Uma Prática na Sociedade medieval, Pelas MULTIPLAS motivações that colocavam na estrada PESSOAS de Todas As aulas Sociais: Viagens do Rei Pará manifestar Seu Poder EM SEUS Domínios, como turnês dos merovingios Que Deram Origem A Lenda dos reis ociosos, e ATÉ A Viagem do Rei Francês Carlos VI (1412) a Bourges. Sem deixar de Lado como Viagens dos Agentes dos Reis, Que se deslocavam POR Razões administrativas, OU como o DOS PRIMEIROS Embaixadores, no Século XV. Como Viagens dos Clérigos consistiam em turnês Pastorais dos Bispos do POR SUA diocese, reunioes concilios de para UO assembleias gerais de Ordens Religiosas e, a Partir do Século XIII, Deslocamentos de Estudantes, de universidade em universidade.

Havia also como Viagens dos Nobres, de hum Torneio medieval um Outro, nos Séculos XI, XII, or XV atraves da Europa.

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Jean Froissart, Chroniques, vol. IV, parte I, Holanda, Bruges. 1470-1472. Biblioteca Britânica.

Outra Modalidade de Viagem ERAM aquelas de Formação de personalidade (Viagem à Prússia), Assim como com Viagens dos Mercadores, dos Aprendizes UO dos that buscavam Trabalho. ISSO SEM Contar como VIAGENS DOS vagabundos, Mendigos, monges, giróvagos (that vagavam de hum Monasterio um outro), temidos Pela Sociedade, e AINDA OS peregrinos.

Como condições de Viagem ruínas normalmente ERAM, COM Estradas preservadas mal, Travessias de rio dificeis e Meios de transporte rudimentares. A Hospedagem NEM era sempre Garantida, apesar da Hospitalidade Oferecida Pelos Mosteiros UO Particulares e da Multiplicação dos albergues não da última Idade Média.

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Peregrinos deixando Canterbury, Siege de Lydgate od Tebas, a Royal 18 D II f.148, 1455-1462. Biblioteca Britânica. Londres.

A longa era Viagem semper, Medida em jornadas. O Viajante era extremamente dela dependente das condições do clima, Como uma neve nas Estradas, OU a Situação dos Alpes e como inundações that tornavam OS Caminhos impraticáveis ​​e intransponíveis. O mar era temido e Ninguém ousava se arriscar Durante como Estações ruínas (mare clausum). QUALQUÉR deslocamento hum pouco distante necessitava de Guias (PESSOAS UO Escritos, Cada Vez Mais Frequentes não da Idade Média final), e intérpretes comeu, principalmente Saindo da Europa rumo ao Oriente Médio OU Para Além DELE. A era Viagem, portanto, Uma Aventura Que O Viajante buscava compartilhar.

Os RELATOS DE Viagem, uo de Peregrinação Pará Os Mais Antigos, surgiram em Número Crescente A Partir de meados do Século XIII, Quando começou a travessia do continente asiático. ELES ERAM Testemunhos da Descoberta OE Entusiasmo de Um Mundo intrigante com o SUAS Paisagens, flora, fauna e Cidades.

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Os viajantes medievais. Cidade murada. A partir do século XV. BNF. Paris. France.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Bravura Perpétua – A Vida pela Pátria – Os Monumentos aos Mortos reservados à Elite Medieval

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 Efígie de Dom Garcia de Osório. 1499-1505. Espanha, Toledo. Depois de 1502, a efígie foi originalmente colocada na Igreja de São Pedro  em Ocaña perto de Toledo, na Espanha, mas foi removida quando a igreja sofreu abalos em sua estrutura.  Ele usa o escudo da Ordem de Santiago em seu chapéu; o manto da Ordem é usado sobre a armadura. A igreja de S. Pedro estava intimamente ligada com a Ordem Militar de Santiago, que detinha Ocaña. O tema desta efígie, Dom García Osorio, era um cavaleiro da Ordem de Santiago, e veste o manto da Ordem, com o seu crachá no peito esquerdo. O escudo distintivo da Ordem é usado no seu chapéu de palha. O pomo da espada está inscrito (em latim) ‘Jesus me dará a vitória”, e o punho, ‘ A bênção de Deus”. A igreja também foi usada para reuniões das Cortes castelhanas (parlamento local), e para importantes ocasiões cerimoniais até o final do século XV. Essa efígie atuou como um memorial à família de Dom García Osório, e teria sido reverenciado por seus descendentes e os habitantes locais. Embora o autor do túmulo seja desconhecido, é provável que tenha sido um escultor ativo em Toledo, e pela habilidade com que o trajes e fisionomias são retratados, tanto esta efígie como a de Dona Maria Perea (esposa de Dom García Osorio) sugere uma experiente escultor castelhano talvez influenciado por protótipos holandeses tradição de Gil de Siloé.

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Unidos no combate e perante a morte, os combatentes, os bravos, também os são na glória. Essa glorificação veio com a Guerra dos Cem Anos. As vozes dos moralistas cristãos que recusavam a guerra, essa injustiça gritante, são amortecidas pelas dos patriotas para quem a defesa do país merece bem o paraíso.

As pessoas da Idade Média receavam a “morte trágica”, aquela que não se vê chegar e que surpreende o pecador sem que ele tenha tempo de se arrepender, de se confessar e de receber o sacramento de penitência. Antes da batalha, os combatentes  podiam dirigir-se ao confessor. Depois, era tarde demais. Durante muito tempo, os moralistas cristãos disseram e repetiram que aquele que morria de espada na mão arriscava a sua alma. Porque a guerra é a violência, a cólera e muitas vezes a injustiça. Mas com a Guerra dos Cem Anos as ideias mudam. Nunca se tinha esquecido a lição dos poetas latinos “É doce e belo morrer pela pátria” (Pro patria mori); “é preciso combater pela defesa da pátria” (Pugnare pro patria). nada de mais eral agora do que o dever de “defender o reino e a pátria”, atacados por todos os lados. A pátria (patria em latim, país em francês) designa o solo natal onde repousam os antepassados. Defendê-la é um combate justo, é um dever que merece o Céu por recompensa.

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Tumba de Edward, o príncipe negro, Canterbury, Ingaleterra. UK.

Depois da batalha de Poitiers, um autor fez o elogio daqueles que morreram “morreram na guerra pela pátria”. No século XV, um outro louva Bertrand du Guesclin que estava disposto “a morrer para defender a França”. Finalmente, os espíritos mais avançados, como Christine de Pisan, ousam dizer que aquele que morre pela pátria, combatendo numa guerra justa, ganha o Paraíso.

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O túmulo do grande cavaleiro Bertrand du Guesclin, 1320-1380, Basílica de Saint Denis, Paris. Detalhe do seu escudo.

pensa-se em honrar a memória dos que deram a vida pela pátria, pela glória e pelo direiro; e aparecem os primeiros monumentos aos mortos. A morte heroica de João de Luxemburgo, rei da Bohemia, na batalha de Crécy, fê-lo entrar na lenda. Cego, mas fiel ao seu dever de aliado ao rei da França, manda atar o seu cavalo aos de seus companheiros e lança-se na escaramuça “bastante a frente do combate para não voltar”. O Imperador Carlos IV de Luxemburgo, seu filho, quis celebrar a sua memória no próprio centro das terras patrimoniais da dinastia. Mandou-o pois enterrar na Abadia de Nossa Senhora de Luxemburgo e não em Praga, nem em outro lugar.

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Tumba de João, o Cego, rei da Bohemia, 1296-1346.

E não foi tudo. O seu túmulo de mármore foi ornamentado com uma decoração nunca vista. De fato, João aparecia nela rodeado de cinquenta figuras, representando os seus cavaleiros, caídos com ele em Crécy, bem reconhecíveis pelos os seus brasões.

Nada podia ser esquecido da existência daquele que encontrou a morte na guerra, nem a sepultura do seu corpo, nem a salvação da sua alma e muito menos ressaltar os feitos heroicos para salvaguardar a sua pátria e os seus aliados.

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Dijon Beaux Arts Museum – O túmulo de Felipe, o Corajoso, Duque de Borgonha.

O dever da memória perpétua era incumbência de toda a comunidade, e não apenas à linhagem, que compete depois o dever de memória. Os monumentos medievais em homenagem a nobreza tiveram um significado cultural muito importante na Idade Média. restabeleceu um local de oferendas, de homenagens. Um local em que o povo em geral prestava a sua condolência aos feitos do nobre morto. estabelecia uma relação estável com a igreja pois os monumentos eram construídos em catedrais e o seu culto em geral trazia e aglomerava enorme quantidade de fiéis. Os monumentos estabeleceram a união e respeito do povo com a igreja pois a localidade estabelecia um vínculo reverencial ao seu homenageado. Como eu cito em meu livro: “Se como um bravo lutar e, morrer, ao lado de Deus haverei de sentar e, viver”

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Sepulcro de João I de Castela, Catedral de Toledo, Espanha.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Perigos e Desafios de uma Peregrinação no Medievo – Santiago de Compostela

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 Catedral de Santiago de Compostela – Muitos historiadores e estudiosos acreditam  que no século XII, Compostela se sobressaiu como um destino de peregrinação. Em última análise, a maneira pela qual adquiriu tal proeminência pode continuar a ser uma questão de conjectura, a verdade é que as autoridades de lá, tanto secular e eclesiástica acreditava que eles estavam em uma posição para elevar o santuário de Santiago de Compostela a um estatuto de igualdade com o de Roma e Jerusalém.

As peregrinações à Santiago de Compostela, na Idade Média, na maioria das vezes, os seus viajantes faziam o seu percurso a pé. Árdua, perigosa, desconfortável, maravilhosa e gratificante trilha. No entanto, para certas etapas particularmente difíceis, como a travessia dos Pirenéus, era-lhes permitida alugar montadas, cavalos ou muares ou mulas, que se encontravam nos albergues situados no sopé da montanha. As etapas dos Pirenéus eram temidas porque os peregrinos receavam-se perder-se. Era por essa razão que os mosteiros e os albergues situados no caminho faziam tocar o sino a intervalos regulares.

O peregrino alojava-se em casa dos habitantes ou, para os mais abastados, na albergaria, mas os peregrinos, principalmente aqueles advindos do norte, não gostavam das hospedagens espanholas por motivos variados, mas não apreciavam objetivamente a comida e a pouca higiene. Os pobres do medievo recebiam muitas vezes hospitalidade num estabelecimento religioso. Não só cada abadia tinha, em princípio, um serviço de esmola para os viajantes mas a partir do século XII desenvolveu-se toda uma rede hospitalar destinada especialmente aos pobres e peregrinos.

Esses hospitais ou hospícios (na Idade Média, as duas palavras são sinônimas) fundados por iniciativa dos reis, de bispos ou de simples particulares, eram muitas vezes confiados a comunidades religiosas: cônegos de Santo Agostinho, templários, cavaleiros hospitalários de São João de jerusalém ou ordens específicas como a de Aubrac, fundada em fins do século XI para acolher os peregrinos, o de Santa Cristina no desfiladeiro de Somport e o de Ronceveaux no desfiladeiro com o mesmo nome. Num manuscrito do princípio do século XIII, chamado La Preciosa, gaba-se o bom acolhimento feito aos peregrinos: os banhos oferecidos aos que chegam, a boa comida (havia mesmo uma sala repleta de frutas: perincipalmente romãs e amêndoas. os cuidados médicos, a assistência aos moribundos.

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A  linda cidade de Conques, na França, um dos trajetos e paradas de descanso da peregrinação à Santiago de Compostela.

Na estrada, o peregrino não estava livre de perigos. Em princípio, a partida fazia-se na primavera ou no principio do verão, mas durava vários meses para os peregrinos do norte da Europa (em média seis meses, apesar de haver registros de recordes de 2 meses) e o viajante afrontava o frio e mau tempo. Mais insidiosos eram os perigos vindos dos homens: ladrões e salteadores de estrada. Era por isso que a maioria dos peregrinos viajava em grupo ou se agrupava no caminho, muitas vezes com viajantes da mesma região.

A este propósito, um dos milagres mais célebres de Santiago relata a História do enforcado tirado da forca: segundo a versão mais desenvolvida, um jovem que viajava com os pais para Compostela recusa, na albergaria, os avanços de uma criada. Despeitada, esta esconde-lhe na bagagem uma taça preciosa e depois vai denunciá-lo como ladrão. preso, o jovem é condenado à morte e enforcado mas Santiago apoia-o milagrosamente, e no seu regresso os pais encontram-no vivo.

O “jacquet” , em francês Santiago denomina-se Saint Jacques, daí o nome dado aos peregrinos franceses de jacquet, finalmente chega ao santuário de santiago de Compostela. A visita é gratificante, observa várias relíquias que a catedral contém, ajoelha-se diante da imagem de Santiago que esta no Altar-mor, depõe a sua oferenda num grande cofre segundo um ritual preciso. Muitos passam a noite rezando na igreja e o quadro pitoresco dado por um documento do século XII aplica-se também aos séculos seguintes: os peregrinos franceses, alemães, italianos, gregos, cantam e rezam juntos, cada um na sua língua, enquanto se ouvem os sons de toda a espécie de instrumentos musicais.

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As rotas e paradas de descando dos caminhos de Santiago de Compostela – The pilgrim routes to Santiago de Compostela

A concha é a prova e a proteção do peregrino penitente. Um certo números de peregrinos continuava a sua peregrinação até o Padrão, lugar onde, segundo a lenda, o corpo do santo teria dado à costa numa barca de pedra. Por vezes, aproveitam para apanhar conchas na praia que depois cosem no alforge ou nos fatos. A maioria compra de fato essas conchas ou reproduções delas em chumbo no adro da catedral. Foram encontradas mais de duzentas conchas em túmulos de peregrinos espalhados por toda a Europa.

No caminho de regresso, a concha atesta a execução da peregrinação e coloca o peregrino sob a proteção direta do apóstolo. Uma vez de volta a casa, o peregrino não se esquece de venerar a Santiago por ocasião do seu dia, sobretudo se fizer parte de uma das confrarias de Santiago que proliferam no século XIV e que permitem prolongar os efeitos da peregrinação reconstituindo a grande família dos que enfrentaram a estrada para ir venerar o santo.

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Existe evidência arqueológica para a associação da concha com a peregrinação compostelana, sob a forma de uma concha que foi descoberta dentro de um túmulo ao longo da nave norte da Catedral de Santiago. Devido à sua localização, é datado de até 1120. A primeira prova escrita para a concha como símbolo da peregrinação é um dos milagres incluído no Livro II do Liber Sancti Iacobi que é datada de 1106. Assim, podemos concluir que a concha foi usada como um símbolo da peregrinação a Santiago de Compostela, no início do século XII, e parece plausível concluir que a tradição manteve-se no decorrer dos tempos.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Caminhos do Medievo, um roteiro pela história no sul da França Publicado por Rejane Martins

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 Conques, França

 Sempre se aprende quando se viaja. Porém, se for um roteiro repleto de história e vivências com o respaldo de quem domina o assunto, a absorção é bem mais eficiente e prazerosa. 

Algo mais do que viajar é a proposta do programa Caminhos do Medievo preparado pela Bel Paese Turismo para abril de 2015. 

Na quinta-feira, dia 14 de agosto, às 19h, quem quiser “ter um gostinho” dessa viagem tem encontro marcado no mezanino da Barbarella Bakery.  O historiador medievalista Paulo Edmundo Vieira Marques vai apresentar alguns detalhes do roteiro. 

A entrada é franca. Favor confirmar presença pelo e-mail deliapaese@hotmail.com

Desfrute do prazer de conhecer a Idade Média em sua verdadeira essência, passeando por Toulouse, Conques, Belcastel, Rodez, Najac, Estaing, Bouzouls, Albi, Cordes-Sur-Ciel, Saint-Antonin-Noble-Val, Castres, Carcassonne, La Couvertoirade e cidades templárias no sul da França de 19 a 29 de abril de 2015. 

Caminhos do Medievo terá acompanhamento e instrução de Paulo Marques e da professora de história Délia Paese, proprietária da Bel Paese Turismo, com 27 anos de experiência em roteiros ligados à história, arte e arquitetura.

Caminhos do Medievo |14 de agosto | quinta-feira | 19h às 21h 
Barbarella Bakery | Dinarte Ribeiro, 53 | Moinhos de Vento | Porto Alegre

http://www.nexocomunica.com/caminhos-medievo-um-Roteiro-Pela-historia-sul-da-franca/

 

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A Educação das Crianças no Medievo. O Amor Parental

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O Homem rico Jean Bourdichon. 1500. Domínio Público

A presença dos pais na educação dos seus filhos na Idade Média é constante e presente. É errado pensar que, no medievo a criança pequena seja educada unicamente pela mãe e que, subitamente, deixe um mundo de mulheres para ser atirada para um mundo de homens. O pai intervém também no domínio da puericultura. Quando um casal tem muitos filhos, quando a mãe sofre de uma incapacidade ou tarda em recompor-se de um parto difícil, é evidente que o pai se ocupa dos bebês, sobretudo nos meios mais desfavorecidos, não necessitando de ajuda. No meio rural, o camponês, adquire com os seus antepassados, uma cultura e instruções suficientes para cuidar de crianças recém nascidas. Nas elites os pais são presentes nestes momentos com um relacionamento e amparo moral e psicológico para com a mãe, não se descuidando dos cuidados que o bebê requer com a ausência da mãe.

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Sete Sacramentos Retábulo. 1445-1450. Weyden, Rogier van der. A Atenção de da Igreja com a educação das crianças. A catequese fundamental.

 Quando uma criança cresce, o pai também esta muito presente junto dos filhos. Imagens mais profanas deixam ver uma grande cumplicidade pai-filho, quer no jogo, no trabalho, no lazer. Os exemplos, principalmente do pai é assimilado de uma forma muito concreta e forte. A família medieval é uma comunidade é uma comunidade jurídica de pessoas saída do casamento que vivem “em comunhão de mesa e fogo”, mas também é uma comunidade psicológica de seres unidos por laços afetivos extremamente fortes. Colocando um contraponto a esse grande historiador Philippe Ariès que escreveu em L’enfant et la vie familiale sous l’Ancien Régime que na Idade Média não existe o conceito de infância e os pais medievos não se preocupam com a educação, nem sentem amor pelos filhos, retruco com o auxílio de outros historiadores medievalistas, com pesquisas atuais, com excelentes argumentos que demonstram que a infância medieval é uma idade da vida bem determinada por vocabulário preciso, por qualidades particulares, que pais e educadores fazem questão em ocupar-se da formação dos jovens e que existem numerosos vestígios de amor parental. O artigo de D.Alexander-Bidon “Grandeur et renaissance du sentiment de L’Enfance du Moyen Áge, em Histoire de l’Éducation é interessante neste aspecto, recomendo.

r7568, 5Durante o seu desenvolvimento no início dos séculos 12 e 13, a Universidade de Bolonha foi exemplo de comprometimento entre alunos e professores. Priorizando substancialmente a educação abrangente. A busca de um conhecimentos a partir dos jovens. O incentivo paternal através da família e da igreja no objetivo de um bem comum.

Paulo Edmundo Vieira Marques

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Caminhos do Medievo – Paths of the Middle Ages

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No ano que vem, 2015, abril, nós vamos trilhar a maior aventura de nossas vidas.
Olá meus amigos, se vocês precisarem de maiores detalhes sobre a viagem, por favor, entre em contato no e-mail deliapaese@hotmail.com ou adicione Delia Paese no Facebook e envie uma mensagem inbox, solicitando as informações detalhadas a respeito dessa maravilhosa aventura. Espero que entendam que há somente 20 vagas e a sua reserva antecipada é fundamental. Vamos caminhar juntos nessa linda jornada.
Não perca o seu lugar! Abraços queridos amigos. 

Paulo Edmundo Vieira Marques.

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A Caça na Mesa Medieval

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 Horae ad usum Romanum. Fonte: gallica.bnf.fr Biblioteca Nacional da França, do Departamento de Manuscritos, Latina 1156 B, fol. 4R.

Primeiramente a caça tem uma utilidade concreta evidente. Permite limitar proliferação de animais, particularmente dos prejudiciais à época. Se os camponeses não apreciam particularmente ver o bando de caçadores atravessar as suas terras, também não aceitam as raposas nas suas capoeiras nem os estragos dos javalis nas suas plantações. Caçar lontras que atacam os viveiros ou os lobos que atacam os rebanhos faz parte da função senhorial. Qualquer grande senhorio tem os seus caçadores de lontras e de lobos e o príncipe participa por vezes nessa caça administrativa, que não é forçosamente muito gloriosa. Assim, dessa maneira de caça, os lobos podem ser envenenados, encurralados em armadilhas (no cepo, no fosso ou com agulhas escondidas na isca). Em um manuscrito, nas contas da gruerie, direito real, de Borgonha mencionam para 1354 a captura de 11 lobos, 4 lobas e 34 lobinhos. Também se caça o lobo de uma forma, digamos, mais digna mas muito raramente. Assim quando a crise multiplica os baldios nos princípios do século XV, os lobos à procura de alimento recuam para as vilas. Consta em alguns escritos do início do século XV, que se lê lobos entrarem nas ruas da capital atacarem crianças indefesas. Grandes batidas foram organizadas para amenizar a proliferação dos lobos à Paris.

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 Livre de Chasse de Gaston Phébus. século XV. Paris, BnF, Département des manuscrits.

A caça fornece peles e sobretudo carne. As primeiras são muito úteis numa sociedade em que o aquecimento é praticamente inexistente. Pobres e ricos usam-na no interior de suas vestimentas, cada um escolhendo segundo as suas possibilidades e posses. A caça grossa fornece uma parte apreciável da alimentação da nobreza, se bem que os camponeses tinham a experiência e discernimento para escolher caças pequenas que tinham um potencial nutricional muito grande, esquilos, ratos do mato etc. Qualquer grande senhor tinha a possibilidade de alimentar a sua família, o seu palácio (servidores, clérigos ou pagens). Os camponeses e demais alimentam-se estritamente do necessário no que se refere a carnes, os vegetais, em compensação, são a alimentação preferencial juntamente com os cereais, o pão principalmente. No reinado do rei Carlos XVI, a montaria fornece todos os dias à mesa real duas a três peças capturadas nas florestas da bacia parisiense abundantes em caça. Como os solares, castelos adjacentes, abrigam cerca de oitocentos pessoas, compras de carne do açougue complementam o aprovisionamento. Outros cortes são menos ávidas de caça e reservam-na para ocasiões especiais. à mesa do arcebispo de Arles, só se consome cervo uma vez por ano. Além disso, nenhuma corte consome toda a caça apanhada. É uso dar-se uma parte considerável a aliados ou servidores de alto nível, assim como também se recebe muito frequentemente dos seus vassalos. Aos camponeses que auxiliam os possíveis esconderijos dos cervos maiores também recebem uma pequena parte dos pedaços menos apetitosos. O príncipe, dentro da sua corte, oferece o cervo e a caça grossa aos membros do conselho ducal, aos seus parentes, às grandes abadias e também ao clérigo. A caça materializa os laços de aliança ou de submissão no seio da sociedade política medieval.

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Oxford Bodley. Cervo. Unknown.  Inglaterra, ca 1225-50.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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As Canções de Gesta – Chansons de Geste

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 Batalha de Roncesvalles nos Pirineus, 778 AD, foi a base do épico “Chanson de Roland”. Autor desconhecido. Iluminação de manuscrito, Bruges, flamengo, 1462.

A figura do cavaleiro e o simbolismo que o rodeia estão no centro destas narrativas literárias em língua vulgar. O cavaleiro desempenha um papel preponderante nas Canções de Gesta, do latim gesta, proezas, gênero épico abundante no século XII e cuja gênese esta sujeita a muitas controvérsias. Estes poemas narrativos de comprimento variável são salmodiados, relacionados em salmos, em melodias simples pelos trovadores, garantindo e repassando a transmissão oral dos textos. A maior parte das canções de gesta e algumas trovas(contos para rir) eram de fato destinadas a serem cantadas num monocórdio (salmodiadas) por viajantes; uma das ocupações retribuídas destes era propagarem estas histórias de lugar em lugar; é por isso que esses textos comportam muitas interrupções e reclamam continuamente a atenção do auditório ou por ventura um número ou grupo de pessoas que a ouvem, pois atenção tem que ser instigante e curiosa. A obra-prima do gênero é a célebre Chanson de Roland, poema muitas vezes retocado e cuja a mais antiga versão, o Manuscrito de Oxford, dataria de 1100. Canta os altos e heroicos feitos de Roland, sobrinho de Carlos Magno e glorioso defensor da fé cristã. Poema de alcance patriótico, nacional, religioso e de estrema bravura, faz do cavaleiro conquistador o defensor da coletividade, da comunidade, de todos os cristãos. É um gênero que apresenta poucos traços realistas, pois descreve a guerra de uma forma genérica, muito abrangente, de grandes traços. Transmite todavia a atmosfera e o fervor que as anima, a atitude do cavaleiro valente e bravo em todas as ocasiões, descrevendo sem pudor ou restrições a crueldade dos combates corpo a corpo e a extrema violência recíproca.

O tema tradicional da chansons de geste ficou conhecido de maneira mais abrangente na França. De 1150-1250, a canções de gesta são ordenados em ciclos:

  • O ciclo do Rei Carlos Magno
  • O ciclo de Doon de Mayence ou o ciclo dos barões rebelaram
  • O ciclo de Garin Monglane

As Canções de Gesta reflete as estruturas características da literatura oral. Mas estes efeitos foram congeladas em textos escritos. As Chanson de Geste esta enraizada no nacionalismo, nos feitos dos seus ancestrais, nos feitos das cruzadas, enfim em todas as guerras contra os inimigos que ameaçam as suas terras onde a honra e a vida de um país para garantir a honra e a vida são defendidas pelos heróis cavaleiros sem temores e com extrema bravura. ou seja o herói tem que reagir. As Canções de Gesta esta, portanto, ligada a preocupações ideológicas: é um épico político real.

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La Chanson de Roland, em anglo-normando, primeiro trimestre do século XII, parte I, iniciando a parte 2. The Bodleian Library, University of Oxford.

Paulo Edmundo Vieira Marques

 

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A Espada – A Força do Cavaleiro

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A espada na Idade Média tratava-se de uma palavra divina, símbolo de bravura e poder. Marca de uma condição nobre e militar, a espada é a ordenadora da Criação, destrói a ignorância e o mal, mantém a justiça e a paz, permitindo ao Cavaleiro captar os conhecimentos e libertar-se das paixões. Imagem ígnea, axial, fazendo do Cavaleiro um “herói solitário” a exemplo de Cristo, a arma é o elo vertical entre o Céu e a Terra, tal com o Cavaleiro, canais por onde comunicam o Princípio e os homens.

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Rei Ricardo I, Coração de Leão, Estátua em frente ao Parlamento, Londres. UK.

Cruz Luminosa, a espada é também a imagem da cruz, nova Árvore do Mundo sobre a qual, como Odin, foi içado o Verbo Incarnado, vindo para vencer a morte e resgatar os pecados do mundo. Portador da espada-cruz, o Cavaleiro, é a imagem viva de Cristo, cujo regresso à Terra prepara. Nesta base, os textos medievais não hesitam em fazer da espada um ser vivo dotado de certa vida, mas “vida” ligada à a do seu portador, e de um nome, o qual é uma coisa viva e possui um poder do criador quando pronunciado, tal como Joyeuse (a espada de Carlos Magno) Excalibur (Arthur), Hauteclair (Oliveiros), Durandal (Rolando), etc. A espada tem uma “alma” simultanemaente distinta e comum à do Cavaleiro de que recebe força e sopro vital (anima, dá-lhe atitude). Ao brandi-la, o Cavaleiro prolonga a sua própria alma sensitiva pela alma vegetativa da arma, permitindo-lhe atingir, por analogia, o Principio Primeiro, por conseguinte pôr em contato o Céu e a Terra.

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Master of Ghent, Pintores Flamengos. Início do Século XVI.

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Retrato de Felipe, o Belo. Portrait of Philippe le Beau 1478-1506; revers: Saint Liévin.

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Warrior Giorgion with its Equerry. Cavazzola

Paulo Edmundo Vieira Marques

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As Ordens Monástico Militares

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Estas ordens, nascidas na Terra Santa (Templária, Teutônica, Hospitalária, etc.) foram a realização do sonho medieval de unir a fé e a guerra justa. Mas, pela sua própria natureza, provocaram uma ruptura grave no seio da Cavalaria secular. Ao retirar do século Cavaleiros de alta envergadura espiritual e temporal, muita vezes originários de grandes linhagens, e votando-os ao celibato, estas ordens quebraram a unidade espiritual e física da Cavalaria secular, privando-a dos seus elementos mais dinâmicos susceptíveis de a manter, no seio do século, num quadro estritamente cristão. Sem as suas referências a Cavalaria mundaniza-se (Séculos XIV-XV) e preocupa-se menos com a fé e o respeito pelas leis evangélicas: ao mesmo tempo que a fé, forte na Idade Média, começa a retirar-se das consciências, a partir do século XV. A dessacralização do poder temporal e a Reforma, que quebra a unidade da Cristandade, não fizeram mais do que agravar seu estado de coisas: daí para frente o Cavaleiro, o guerreiro em geral, forjam uma moral militar que já não tem a defesa de Deus e da Igreja como fim exclusivo, mas de um estado e do seu príncipe, o qual é, em muitos casos, o chefe de uma espiritualidade singular, um reino, um príncipe, uma fé.

Nota-se outra ruptura: se outrora o Cavaleiro foi o homem de todas as causas justas, membro de uma confraria transnacional, o Cavaleiro é um agente executivo votado de corpo e alma à sua ordem, à qual deve fidelidade. O exemplo mais completo é o Templário que deve ser, como estipula um documento do século XIII, “paladino do bem e obediente às regras, casas e interesses da Santa Ordem” antes de o ser para com os “poderes exteriores à casa e outros”, inclusive o Papado.

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A Cruzada é a concretização da teologia cristã da guerra, mas também da dupla vontade da Igreja escapar à dominação da nobreza laico-guerreira e de reforçar o centralismo pontificial visando o dominium mundi em detrimento dos poderes seculares. No que diz respeito a Cavalaria, a Cruzada permite resolver a contradição que atormentava muitos Cavaleiros, quanto à conciliação entre o emprego da força guerreira e a observância dos Evangelhos. Daí em diante, depois de Urbano II e São Bernardo, o Cavaleiro secular podia unir, sem complexo, a via da espada à da fé; união que se tornou mesmo um dever para todo o verdadeiro Cavaleiro, fazendo dele um mile Christ. Mas se a cruzada assegurava uma continuidade da via cavaleiresca, também introduziu uma série de conseqüências para A Cavalaria.

A primeira foi a ruptura entre o espiritual e o temporal, grave por tocar uma instituição sacralizada, é certo mas que ficava, apesar de tudo, no domínio espiritual. A segunda consequência, mais contingente mas não menos importante, prende-se com as rivalidades que a Cruzada gerou entre os Cavaleiros, sobretudo entre os de altas linhagens, para a conquista e a defesa das conquistas territoriais efetuadas.

Em muitas ocasiões as finalidades iniciais das Cruzadas eclipsaram em proveito de interesses temporais, mesmo no seio das ordens, exacerbando as paixões políticas entre os condados, ducados, senhorias, etc. Não eram raras as lutas armadas entre senhores, que não hesitavam em aliar-se ao infiel logo que as cirscunstâncias o exigiam. A terceira consequência é que a Cruzada ocasionou uma perda importante da substância humana da cavalaria, uma vez que se avalia em mais de um terço os Cavaleiros mortos na Terra Santa, privando a cavalaria dos seus elementos mais eficazes. Esta sangria explica em parte o esgotamento sociológico da Cavalaria, tornando-a incapaz de se opor às armadilhas dos poderes seculares e a orientação negativa que tomou a partir do século XIV.

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Paulo Edmundo Vieira Marques

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O Mundo Cavalheiresco Francês e Provençal no Século XV: A Nova Cavalaria

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 Livro de René d’Anjou, Livre des Tournois, século XV. Provenca, França. BNF

Cavaleiros emplumados que cruzam as lanças, enquanto arautos[1] soam as longas trombetas; damas com altos penteados que contemplam o combate de uma varanda onde tremulam bandeiras – mas é esta a representação mais popular da vida medieval no seu aspecto cavalheiresco? Possivelmente não, tal quadro não poderá simbolizar a Idade Média. Estes elementos são tirados das miniaturas e iluminuras dos séculos XIV e principalmente a do século XV, e apenas para esta época constituem em certa medida uma representação valiosa. Trata-se, ainda de um episódio de caráter excepcional que não engloba senão um grupo social extremamente reduzido, uma aristocracia, que está longe de confundir-se com o conjunto da classe feudal. No século XV é grande o contraste entre a exaltação das virtudes cavalheirescas e a realidade vigente, em que prevalece o perjúrio e a violência, pois nascida de circunstâncias espirituais e temporais, a Cavalaria manteve-se viva e dominante por muito tempo em virtude de que os fatos que exigiram a sua criação mantiveram o seu peso na sociedade medieval. Ela foi a solução empírica dada à questão posta, simultaneamente, pela lenta evolução das entidades territoriais, de quem os cavaleiros eram os garantidores, e pela delicada conciliação entre a força guerreira e o amor evangélico. Mas assim que a autoridade espiritual e o poder temporal estabeleceram um consenso, a utilidade da Cavalaria diminuiu e o cavaleiro deixou de ser o laço de uma sociedade sacralizada para ser o soldado de um Estado Nacional incorporado por um príncipe profano. O próprio título, acompanhado da nobilitação, tornou-se uma qualificação honorífica destinada a recompensar os plebeus por serviços prestados à coroa.

Na Provença nota-se claramente, em virtude de exemplos advindos das terras flamengas e germanas, uma transformação na organização dos torneios e justas. Sua elaboração é voltada para a magnificência, ao esplendoroso, ao espetáculo, influenciadas tanto pelas Novelas de Cavalaria[2] como a Literatura do Amor Cortês[3], apreciando as duas formas indistintamente.. Nesta região contempla-se o que de mais suntuoso existe na nobreza. Os desafios, como uma necessidade, tem que ser feitos para chamar a atenção não somente dos nobres que deles participam, mas também para a nobreza das regiões, tanto faz, próximas ou longínquas. È preciso mostrar e revelar a suntuosidade de tal evento, como querendo demonstrar que a corte responsável pela efetivação de um torneio espetacular, é merecedora de todos os elogios diante dos reinos da Europa. As cortes do sul da França já se preparavam para realizar os torneios de uma forma diferente, como se prenunciando o declínio do tradicional.

Na França, o sentimento de honra é comum a toda a classe feudal, mas dentro dela, aqueles que têm efetivamente direito ao título de cavaleiro constituem, no princípio do século XV, apenas uma restrita minoria. Os torneios na França anteriormente, eram para exercitar os cavaleiros para futuras batalhas, mas na Baixa Idade Média, mais do que desafios individuais, as interferências entre o anseio de “façanha” e as necessidades da tática são perigosas para o resultado da guerra. As três grandes derrotas francesas na Guerra dos Cem Anos deveram-se, em grande parte, à indisciplina da cavalaria feudal, impaciente por travar combate, e o desejo de encontrar-se, cada um, na primeira fila. Ceder a certas regras de prudência tática surgia como uma forma de covardia. A Cavalaria resiste.  Até a metade do século XV, apesar das mudanças dos tempos onde a guerra requer outras implicações e estratégias, a cavalaria, adaptou-se as conjunturas, como Huizinga relata:

“A sede de honras e de glória tão característica do homem do Renascimento não difere muito da ambição cavalheiresca dos tempos anteriores, e é de origem francesa. Simplesmente libertou-se da sua forma medieval e revestiu-se de um garbo mais clássico. (…) A conquista da glória e das honras vai a par com o culto do herói, o que pode significar o prenúncio do Renascimento. Se a cavalaria tinha de ceder à estratégia e à tática, nem por isso deixava de conservar importância no aparato exterior da guerra. Um exército do século XV, com a sua esplêndida exibição de ricos ornamentos e pompa solene, oferecia ainda o espetáculo de um torneio de glória e honra. A quantidade de bandeiras e pendões, a variedade de brasões heráldicos, o som dos clarins, os pregões de guerra ressoando durante o dia inteiro, tudo isto, com o próprio traje militar e as cerimônias de armar cavaleiros antes da batalha, tendia à guerra a aparência de um desporto nobre”. [4]

 Do início do século XV até meados de 1440, a Cavalaria reluta às transformações, mas agora participando das batalhas como uma complementação, ainda importante e muito contributiva, e os torneios e justas continuam nos cursos das operações militares, veiculando sua ética, divulgando-a na própria guerra, como cita Jean Flori:

“No fim da Idade Média, apesar do interesse novo que se tem pelas tropas de infantaria, pelos besteiros genoveses e pelos arqueiros gauleses armados com o grande arco, é fácil observar que nenhuma grande batalha foi vencida sem a contribuição notável da cavalaria. Sua função militar e mais ainda seu prestígio ideológico estão intactos e até reforçados. È somente com o triunfo da artilharia de pólvora e mais ainda da artilharia manual que ela declinará nesses dois planos”. [5]

 Mas a partir de, aproximadamente 1440, na França e na Provença, com o cuidado dos soberanos em melhor controlar o seu território e reforçar os seus poderes político-sociais levaram-nos a cessar as guerras privadas entre senhores. Os príncipes asseguram o monopólio da força, portanto da guerra.  Despojado do seu papel de guerreiro individual, também o cavaleiro desejoso de continuar a combater, a guerrear é obrigado a submeter-se à autoridade central e a servir em exércitos regulares arregimentados pelo Estado, cujo exemplo, foram as Companhias de Ordenança criadas por Carlos VII, suporte de um exército permanente e nacional. Diante disto, resta para o cavaleiro, um papel de polícia e de oficial de justiça, visando manter a paz desejada pelo príncipe, fazendo aplicar e respeitar as suas decisões políticas.  Tal transformação teve como conseqüência, o desenvolvimento extremo dos substitutos do combate que eram as justas e os torneios, fazendo do cavaleiro um profissional admirado por uma sociedade de salão, glamourosa, onde reina a cortesia. A paz interna favorece o desenvolvimento de uma elite urbana na qual se apóia o príncipe, a burguesia, especialista na arte de gerir um orçamento e de manipular os homens. Durante a Idade Média a burguesia progride lentamente até o nível da Cavalaria, para ultrapassá-la definitivamente a partir do século XVI. A via das armas não é a única a conferir prestígio e a servir um príncipe. O serviço civil, sobretudo na justiça e nas finanças, abre uma outra via aos ambiciosos, uma via menos perigosa, mais eficaz e mais útil ao rei e ao burguês. A promoção deste implica um enfraquecimento político-social da Cavalaria feudal, que tende para um empobrecimento acrescido. Daí a prática, desde o final do século XIV, de vender os feudos à burgueses ricos. O resultado foi o regresso de numerosos cavaleiros e da sua descendência ao nível do povo das cidades e dos campos. Argumentando sobre este quadro da cavalaria, Emmanuel Bourassin cita:

“Em França, o poder centralizador, apoiado em recursos previamente previstos e num sólido exército, fizera progredir o reino na via da ordem e da pacificação. A ordem monárquica veio substituir a ordem feudal, pelo menos no domínio real. Os cavaleiros franceses, submetidos, reentrando na ordem, aceitavam a disciplina, graças a um salário regular pago pelos tesoureiros reais. A guerra anglo-francesa deixara-os arruinados; para conseguirem pagar os seus próprios resgates ou dos filhos, tiveram de hipotecar os seus feudos aos banqueiros da burguesia. Os nobres sentiam-se muito felizes por receberem o pão das mãos reais; disputava-se a entrada nas companhias de ordenança. Apesar de tudo isso, os cavaleiros não renunciavam ao seu orgulho. Os cavaleiros de armadura que vamos encontrar nas guerras de Itália serão dignos dos seus antepassados pela coragem e pela abnegação, mas enquadrados num exército real fortemente estruturado”. [6]

 [1] Os repórteres medievais, cronistas, peritos em direito de armas e em cerimônias, os oficiais de armas dos séculos XIV e XV que são bem definidos por Philippe Contamine, como “especialistas da comunicação”.

 [2] Narrativas de aventuras guerreiras que exaltam a valentia, a fidelidade ao soberano e a defesa dos fracos. Celebram também uma concepção mais realista do amor do que a literatura cortês. São exemplos de novela centrada em proezas militares as lendas celtas e bretãs do ciclo arturiano, relatando as peripécias do rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda; os poemas ingleses Beowulf e Sir Gawain e o Cavaleiro Verde; os espanhóis, Amadis de Gaula e Los cantares del mio Cid; os franceses, O romance de Alexandre e Lancelot, de Chrétien de Troyes; ou o russo Canto da batalha de Ígor. As várias versões da lenda de Tristão e Isolda, entre as quais a do alemão Gottfried von Strassburg, são uma da maiores contribuições para a novela de temática amorosa.

 [3] Literatura cortês, celebrando formas idealizadas de amor, em geral platônico e inatingível, surge, a partir do século XI, na poesia provençal, do sul da França, com Arnaud Daniel, Guilherme de Aquitânia, Marcabru, Peyre Cardenal ou Bernard de Ventadour. Da França se irradia para toda a Europa, através de trovadores como o alemão Walther von der Vogelweide, ou os reis dom Afonso X, o Sábio, da Espanha, e Dom Dinis, de Portugal. Sua manifestação mais importante é O Romance da Rosa, dos franceses Guillaume de Lorris e Jean de Meung.

[4] HUIZINGA, Johan, op. cit. p. 72 e 104.

 [5] FLORI, Jean, op. cit. p. 108.

 [6] BOURASSIN, Emmanuel. Os Cavaleiros, Esplendor e Crepúsculo, Ed. Europa-América, Mem Martins, Portugal, 2003. p.147.

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Dresden manuscript of Rene de Anjou on Tournaments, século XV.

A Cavalaria, no sentido restrito da palavra, no decorrer do século XV, tende apenas a constituir uma elite reduzida da nobreza feudal; e esta redução faz-se acompanhar de um crescente requinte dos sentimentos e práticas cavalheirescas, como se pode constatar nos reinos da Provença e Borgonha, onde a magnitude dos eventos relacionados a Cavalaria  adquirem tons de exagero. As grandes Ordens de Cavalaria de tempos atrás – Templários, Hospitalários, etc., tinham sido criadas com vista à ação; pode-se dizer que é essencialmente atendendo à exibição, que nascem as numerosas novas ordens. Não há príncipe ou grande senhor que não alimente a ambição de se tornar ilustre, criando uma nova ordem.

pesar da implantação de inúmeras Ordens de Cavalaria[1] no decorrer do século XV, é o sonho de glória e de amor que forma a base do sentimento cavalheiresco e, encontra a sua manifestação mais expressiva nas justas ou torneios que, aos olhos dos cronistas, constituem os grandes feitos históricos do tempo. E dentro deste contexto um elemento significativo na nova Cavalaria, não só nela, mas em todos os setores, é o papel que nela ocupa a mulher, como inspiradora das virtudes cavalheirescas, como salienta Georges Duby:

“será preciso, aguardar o final da Idade Média (justamente quando da ascensão da burguesia) para que a voz feminina se faça ouvir nas fontes históricas acessíveis”. [2]

È total a ausência de um motivo razoável para realizar uma justa cavalheiresca na sua mais pura forma. Os adversários não têm mais justificativas para se defrontarem do que o desejo de fazer brilhar o seu valor e ao mesmo tempo de testemunhar a sua inteira submissão à dama que lhe inspira a coragem. E em virtude disto que as autoridades se mostram hostis a estas demonstrações em que se esbanjam virtudes heróicas, que poderiam encontrar melhor emprego nos campos de batalha.

Interessante também observar, principalmente na Provença, a partir de 1450, encontros cavalheirescos, (justas), a encenação que rodeia os mesmos parece ter mais importância que os próprios embates. A diferença da indumentária e das armaduras do cavaleiro nesta época para as usadas nos séculos XII e XIII, sem dúvida demonstra a transição sofrida pela Cavalaria, principalmente àqueles que torneios e justas participavam no século XV. Retirado das páginas do Livro dos Torneios, de René d”Anjou, podemos constatar a suntuosidade de tais vestes, observemos:

o cavaleiro tinha três trajes de gala; um de damasco carmesin bordado com prata e debruado com pele de marta zibelina, o segundo de cetim azul bordado com losangos de ouro, e terceiro, finalmente, de damasco negro tecido com fio de ouro, e com guarnições de arminho e bordas de plumas de avestruz, verdes, violetas e cinzentas; em honra da dama, o cavaleiro, às vezes, usava a manga de honra, espécie de faixa que prende ao ombro até o chão. Sobre o traje de cores vivas, vestiam a armadura de torneio, cinzelada e incrustada de ouro e prata. È da Alemanha que se mandam vir as armaduras mais famosas, mas vendem-se na França, principalmente Marselha, boas imitações.[3]

 Por imposição do requinte, a vida da Cavalaria acabou por ser apenas um jogo de sociedade de grande aparato, sem o mínimo contato com a realidade. Realidade esta que se mostra cada vez mais hostil à cavalaria no próprio terreno em que deveria demonstrar as suas virtudes.

O mundo cavalheiresco do século XV transformou-se; as cotas de malha aos poucos são substituídas por armaduras que, embora mais eficientes, eram também muito pesadas; era difícil encontrar cavalos capazes de carregar esse peso todo, e seu custo, somado ao da cara armadura nova, era quase proibitivo. Os novos exércitos da Europa eram formados por infantes profissionais altamente treinados e bem armados, capazes de permanecer em campo de batalha, prontos para lutar, durante uma temporada inteira de campanha.

Esta nova Cavalaria, digamos como a de transição, é muito bem representada por Jean de Bueil, que combateu sob a bandeira de Joana d’Arc, tomou parte da Praguerie e morreu em 1477, no romance intitulado Le Jouvencel que em certo trecho relata como via o cavaleiro àquela época:

 “(…) verdadeiro oficial, formado na prática quotidiana da guerra, tendo subido os postos da carreira militar graça às qualidades de prudência tática, cavalheiresco sem dúvida no sentido mais geral desta palavra, pela sua generosidade e cortesia para com o adversário vencido, mas não tendo senão desprezo para o heroísmo exagerado, que sacrifica a sorte de uma companhia ou de um exército ao desejo vão da glória pessoal”. [4]

Le Jouvencel é já um chefe militar moderno, um cavaleiro integrado às novas exigências das guerras e batalhas. Um novo contexto cavalheiresco se insere na Baixa Idade Média, e dentro deste quadro, os torneios também sofrerão mudanças tornando-se desafios de cunho espetacular.

As controvérsias dos historiadores a respeito do declínio ou não da cavalaria no século XV nos remete a uma conclusão indispensável, independente de opiniões, e ela pode ser resumida por Franco Cardini que diz:

 “(…) as instituições cavalheirescas e a cultura que, entre o século o século XI e o século XVIII (e talvez para além deles) lhes conferiu prestígio, revelaram-se um dos motores mais poderosos do processo de individualização do homem ocidental, aquilo a que Norbert Elias chamou processo de civilização. É um elemento importante, que não se pode desconhecer e ao qual nós, contemporâneos, não podemos de maneira nenhuma renunciar”. [5]

 

E o mundo cavalheiresco na França e na Provença no século XV, apesar das influências inglesas, alemãs e flamengas[6], é um contexto que de maneira alguma podemos renunciar, em virtude de suas particularidades e implicações no âmbito da história da Cavalaria medieval.

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 Apresentação dos cavaleiros para uma justa, iluminura séc. XV. Bruges, Flandres. Fonte: Bibliothéque Prince Albert, Bruxelas, Bélgica.

  [1] São fundadas por reis ou príncipes e aparecem a partir do segundo terço do séc. XIV. Associações firmadas sob juramento, muitas vezes fundadas por um motivo religioso e podem dispor de uma influência política no fim da Idade Média. As principais foram: A Ordem dos Cavaleiros do Tosão de Ouro, Felipe, o Bom, Borgonha, Ordem do Dragão, Hungria, Ordem da Águia, Alemanha, Ordem de Santo Huberto, duque Juliers, Ordem de São Jerônimo, Frederico II, da Saxônia e a Ordem de São Miguel, fundada por Luis XI, 1471, dentre outras. Mas a Ordem concorrente mais forte aos duques da Borgonha era a de René d’Anjou a Ordem do Crescente, fundada em 1448.

 [2] DUBY, G. Idade Média, Idade dos Homens. São Paulo, Companhia das Letras, 1989 p. 95.

[3]  D’ANJOU, René. Traité de la forme et devis comme on fait um tournoi, Provence, (1455-1460). Fonte: BNF. Biblithéque Nationale France. 2695, FL. 08.

 [4] Trecho traduzido do original tendo como fonte Bibliothèque Nationale de France, BNF Paris. Doc. 3312. Fla.06.

[5] LE GOFF, Jacques Org, In:  CARDINI, Franco, op. cit. p. 78.

 [6] Os torneios franceses e provençais, a partir do século XV, sofreram inúmeras influências das regiões inglesas, alemãs e flamengas, principalmente no que concerne a elaboração e organização de um torneio. Notificando-se mais pelo aspecto suntuoso e luxuoso. Da região da Flandres vieram os principais exemplos que posteriormente seriam adotados pela corte de René d’Anjou na Provença.

 Paulo Edmundo Vieira Marques

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Indagações

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Uma indagação se impõe com referência à escolha do contexto temporal e temático que eu me dedico e estudo com tanto afinco. Qual o sentido em estudar o Ocidente medieval, uma sociedade tão longínqua no tempo e no espaço, a partir das terras americanas e, em particular, brasileiras? A Baixa Idade Média continuou caracterizada pelas estruturas fundamentais de dois séculos anteriores. Encontraram-se nela os mesmos grupos dominantes principais e os mesmos grupos dominados. A Igreja continuou sendo a instituição hegemônica, enquanto prosseguiu o desenvolvimento do mundo urbano e o reforço dos poderes monárquicos. A conquista e a colonização da América não é o resultado de um mundo novo, mas sim nascido de uma decomposição da Idade Média.
Muito além das transformações, das crises e dos obstáculos, é a sociedade feudal, prosseguindo a trajetória observada desde o início do segundo milênio, que empurra a Europa para o mar. É uma Europa ainda dominada por longo tempo pela lógica feudal, com seus protagonistas principais, a Igreja, a monarquia e a aristocracia (mercadores), que finca o pé na América, e não uma Europa saída transfigurada da crise do fim da Idade Média e agora portadora das luzes do Renascimento e do Humanismo. A América foi conquistada, não creditando aos seus autores a mentalidade americana, mas provavelmente aos seus valores e à lógica de seus comportamentos provenientes de um contexto medieval. Diante disto, complementando e ratificando a importância dos estudos medievais a partir de um olhar sul americano e brasileiro, sempre procurarei uma próxima pesquisa no intuito de solidificar os conhecimentos e estudos do medievo perante aos meus alunos e a sociedade em geral.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Bravos

“Se como um bravo eu lutar e, morrer,ao lado de Deus haverei de sentar e, viver”

“If I like a brave fight and, die
beside God shall I sit and, live”

“Se precisares do meu sangue em batalha, terás até que a minhas forças permitam e, se precisares mais, meus anjos te darão”

“If you need my blood in battle, you have until my strength permit, and if you need more, my angels will give you”

(Paulo Edmundo Vieira Marques)

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From Medieval Imago, post Bravos

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Os Enlutados Medievais

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As figuras representam uma facção ampla da população medieval, incluindo leigos, clero e a nobreza. Cada um é único e incrivelmente realista, a partir da misteriosa figura encapuzada que usa sua manga para enxugar suas lágrimas de tristeza. Eram ornamentos das tumbas medievais. Significava que todos, pertencentes a comunidade do homenegeado sentiam enormemente a sua perda.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Livros Medievais. As Primeiras Iluminuras nos Manuscritos

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As miniaturas e as encadernações preciosas revelam a complexidade da relação do texto com a imagem nos manuscritos medievais. As primeiras experiências no campo da ilustração são realizadas nos livros da Bíblia e em particular no Génesis, livro privilegiado no conjunto do Antigo Testamento, cujo exemplar iluminado mais antigo, Génesis de Cotton (Londres, British Library, ms. Cotton Otho B. VI), provém do mundo grego, é tradicionalmente considerado obra pictórica de autor alexandrino do século V ou do início do VI e existem apenas alguns fólios. Mas o mais imponente é, sem dúvida, o códice do Génesis de Viena (Österreichische Nationalbibliothek, Vind. theol. gr. 31), atribuído à Síria e que contém uma versão abreviada da Bíblia dos Setenta, ilustrada com numerosas miniaturas de caráter narrativo na parte inferior de cada página.

Rebecca e Eliezer no poço, fólio recto 7 do Gênesis Viena, século VI. Tempera, ouro, prata e roxo, pergaminho 1 ’1/4 “X 9 1/4″. Österreichische Nationalbibliothek, Viena.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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