GIRALDI, Guglielmo. Frontispiece do purgatório de Dante, 1477-1482, Biblioteca do Vaticano.
O aparecimento do imaginário do purgatório remonta no final do século XII. A ideia não nasce do nada. mas como demonstrou Jacques Le Goff, é então que aparece o conceito de um lugar específico, no qual as almas se podem purificar de certas faltas.
Sem dúvida, os pecados mortais não confessados, para os quais a penitência não foi realizada na terra, podem ser expiados no purgatório. Já é muito, e isso abre a via do paraíso a muitos indivíduos, e sobretudo a grupos sociais que a Igreja colocava até então numa posição muito delicada, como por exemplo os usurários. Nesse sentido, o purgatório é realmente uma esperança: o castigo necessário não será sempre eterno.
A partir de fins do século XIII, as imagens mostram as almas do purgatório, atormentadas pelas chamas é certo, mas também reconfortadas e em breve libertadas pelos anjos. Pouco depois, nos princípios do século XIV, Dante dá ao purgatório, na Divina Comédia, uma importância inédita, igual á do inferno e do paraíso. É um sinal entre outros do sucesso crescente da nova crença nesse terceiro lugar. Ao mesmo tempo que o purgatório se afirma, os teólogos escolásticos, sobretudo no século XIII, sintetizam os conceitos do outro mundo, a geografia do além modifica-se.
Paulo Edmundo Vieira Marques
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