Monthly Archives: May 2016

A Magia do Monte Saint Michel “la merveille”

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O Monte Saint Michel, ilha rochosa do noroeste francês, tem o apelido de “la merveille” (a maravilha). O motivo é claro: o monastério e a abadia medievais, homenagens ao Arcanjo São Miguel, dão um ar mágico e encantador ao local. Tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1979, a ilhota é o terceiro ponto turístico mais visitado da França, perdendo apenas para a Torre Eiffel e o Palácio de Versalhes. Por ano, mais de três milhões de turistas aproveitam as belíssimas vistas das edificações históricas e das mudanças da maré.

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A história do lindo lugar remonta ao século VIII. Em 708, quando o Bispo de Avranches (Aubert), após uma visão milagrosa, mandou construir sobre o Monte Tombe, nome original do lugar, um santuário em homenagem ao Arcanjo Miguel. O santuário se tornou ponto de peregrinação, fazendo um eixo religioso com outras cidades francesas como Carcassonne e Avignon. A pequena capela sobre o rochedo se tornou ponto de peregrinação e deu origem a uma vila medieval. Ao mesmo tempo, monges beneditinos se mudaram para o local e deram início a um monastério. A igreja ganhou novas instalações no século XI e foi ampliada no século XII. Apenas no século XIII-com a ajuda de Felipe Augusto, então rei da França-o local recebeu fortificação e foi dado início à construção da atual abadia. O Monte Saint Michel se tornou uma fortaleza impenetrável. Resistiu a todas as tentativas de invasão dos ingleses na Guerra dos Cem Anos. Os cavaleiros franceses sitiados no interior da abadia contaram com a formação geográfica e com a fortaleza a seu favor que é um exemplo de arquitetura militar.

Na ilha de pedra granítica, localizada na divisa entre a Normandia e a Bretanha, encontra-se uma das mais incríveis obras do mundo. Um ícone do medievo. Diferente do que se imagina à primeira vista, o Monte Saint Michel não é um castelo. Lá nunca viveram reis e rainhas, mas sim monges beneditinos e peregrinos. A região murada abriga um vilarejo medieval, um mosteiro e uma magnífica abadia que dá nome ao monte. Tudo rodeado por um maravilhoso fenômeno natural que atrai milhares de visitantes: as maiores marés da Europa. O Monte Saint Michel é ainda mais imponente diante da maravilhosa paisagem natural, ainda mais quando se percebe que ele é a única construção em meio à imensidão da baía. 

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Andar por dentro dos muros do Monte Saint-Michel é como se sentir parte dos cenários de filmes medievais. O local preserva características de época e será difícil não se transportar para muitos séculos atrás. O momento talvez seja interrompido apenas pelos insistentes cliques dos milhares de turistas que todos os dias percorrem as vielas intramuros. Ainda assim, bastará fugir da rota principal, ou mesmo permanecer por lá até mais tarde, para ter a sensação de que Saint-Michel existe só para você. Se o horário permitir e o dia for de maré, procure um lugar bem alto para ver o retorno das águas. A depender da estação do ano, a primeira onda chega junto com o pôr do sol, o que torna o espetáculo ainda mais emocionante.

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Visitar o Monte Saint-Michel é se perder por horas em paisagens espetaculares, becos fantásticos, jardins encantados e muito sobe e desce de escadas. Você poderá entrar no vilarejo medieval e curtir cada um dos mirantes, as pequenas passagens entre lojinhas de souvenirs, restaurantes tradicionais e as casas dos poucos felizardos que moram por lá. Quem tem o privilégio de conhecer o Monte Saint-Michel, “a maravilha”, jamais o esquecerá. O impacto do medievo os tocará profundamente e lhe fará melhor posteriormente, Saint Michel te protegerá ainda mais.

x5686Professor, Historiador Paulo Edmundo Vieira Marques

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Sainte Chapelle – O Auge do Gótico

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Com mais de setecentos anos de existência, a Sainte-Chapelle é uma das construções que mais encantam os visitantes que nela tem a oportunidade de adentrá-la. Obra-prima do estilo gótico, ela é testemunha do talento dos ateliês parisienses do século XIII e da riqueza da monarquia francesa. Um colírio para os olhos. Sua exuberância arquitetônica é espetacular. Nota-se o esplendor do gótico com os seus detalhes expressos na maior magnitude.

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Foi finalizada em 1248, construída em tempo recorde, cerca de 7 anos e meio, por ordem do Rei Luis IX. Tinha um fim bem específico, o de abrigar as relíquias religiosas compradas do Imperador bizantino Balduíno II. E não eram quaisquer relíquias, era a coroa de espinhos da crucificação de Cristo e um pedaço da Santa Cruz, entre outras, conforme reza, a possível lenda.

O Rei queria transformar Paris na Nova Jerusalém, e trazer peregrinos de todos os lugares para a cidade de Paris. Os movimentos em direção a bela capela realmente tiveram sucesso. O afluxo de peregrinos aumentou consideravelmente. Creio eu, que um dos fatores responsáveis pela canonização do Rei como São Luís em 1297. Entre outros, é obvio.

Outro fator impressionante foi o valor em dinheiro envolvendo a Igreja. Enquanto ela custou 45 mil libras, as relíquias custaram três vezes esse valor, o que foi totalmente exorbitante. Os custos realmente somaram cifras enormes, mas compensadoras pelo requinte e beleza, mas enfim, análises orçamentárias ficam para outra oportunidade. O deleite vem à tona quando nós a fitemos.

A construção, de estilo Gótico Flamboyant, é uma extraordinária obra prima medieval classificada atualmente entre as mais belas expressões da arquitetura ocidental. A obra é dividida em dois níveis: uma capela inferior, que servia os funcionários e serviçais do palácio real e uma capela superior de uso exclusivo do rei e de sua família. A estrutura da Sainte Chapelle é de pedra e surpreende pela extraordinária leveza e elegância obtida por seus engenhosos construtores. A capela superior atinge 15 metros de altura e é cercada por uma grande rosácea e 15 maravilhosos vitrais multicoloridos. Dois terços são originais e um terço foi restaurado juntamente com outros detalhes em meados do século XIX sob a direção do famoso arquiteto Eugène Villet-le-Duc, conhecido restaurador de monumentos nacionais franceses.

Na capela inferior tem-se a sensação de aconchego e acolhimento. Na capela superior as elegantes nervuras de pedra emolduram os vitrais com delicadeza e se elevam até juntar-se na abóbada pintada de azul intenso salpicado de estrelas brancas. Elevação e enlevo são as sensações dominantes nesse espaço mágico banhado pela luz multicolorida que filtra através dos maravilhosos vitrais

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Sainte Chapelle, linda catedral, me proporcionou enormes alegrias, paz, serenidade. Senti-me penitenciado e abençoado dentro desta maravilha gótica. Sinceramente, como historiador, presenciei uma das mais impressionantes sensações de felicidade que um estudioso da História poderia sentir. Obrigado pelo privilégio em conhecê-la.

Este texto é uma homenagem a minha grande amiga Delia Paese, realizadora de um dos meus maiores sonhos, o de conhecer a essência do medievo e tocá-lo literalmente. Obrigado. Salve rainha.

Professor, Historiador, Escritor Paulo Edmundo Vieira Marques

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