Arquivo mensais:julho 2015

O Esplendor de Saint Sernin – O Auge do Românico

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A maravilha de Toulouse se impõe sobre o Haute Garonne e Saint Sernin mais ainda. As datas da construção da basílica não são muito claras, mas parece que o trabalho teve início por volta do ano 1000. A sua base como basílica, pois no decorrer do tempo houve inúmeras reformas e ampliações, foi em 1096 e a igreja foi dedicada ao primeiro bispo e mártir da cidade, Saint Saturnin (transformada para ” sernin “). Saint Sernin é uma das maiores igrejas de peregrinação e, provavelmente, foi o modelo para a Catedral de Santiago de Compostela. Ela tem os mesmos corredores laterais duplos e ambulatórios com capelas amplas e bonitas o que amenizava a dor e o sofrimento dos peregrinos.

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A basílica também desempenhou um papel vital na unificação da França. No decurso da cruzada albigense, os “cruzados” liderados por Simon de Montfort confrontaram-se com Raymond VI, o conde de Toulouse, que era aliado de Pedro II de Aragão. Trágicas e sangrentas batalhas se sucederam. Simon de Montfort, suscitou amor e ódio. Ninguém contestava sua forma de comandar e guerrear. Suas tropas o admiravam como líder exemplar e carismático. Os principais homens da cristandade consideravam-no como um instrumento do Céu e da justiça religiosa. Mas sua pilhagem brutal na região do Midi causou inúmeras vítimas que até hoje execram os seus descendentes. Montfort foi um grande líder militar e decisivamente derrotou Pedro e Raymond na Batalha de Muret, em setembro de 1213. Pedro foi morto, mas Raymond manteve a resistência. Toulouse, a capital do reino de Tolosa, foi ocupada sucessivamente por ambos os lados que sofreram um processo doloroso de inúmeras perdas humanas. Em 1215, Raymond aproveitou a ausência de Montfort e voltou a assumir o comando da cidade.

Montfort imediatamente voltou a sitiar a cidade. No 25 de junho de 1218, no entanto, a nobreza de Toulouse (Toulousains) ajudaria na defesa da cidade rosa e também nas obras de conclusão da Basílica de Saint Sernin, ainda não concluída por causa das devastações das guerras em curso, Montfort foi morto por uma pedra atirada do telhado da Basílica. Diz a lenda que a pedra foi arremessada por donas e tozas e mulhers (senhoras, meninas, e mulheres).

A morte de Montfort mudou o caráter da chamada cruzada. Seu filho Amaury de Montfort foi incapaz de segurar as terras conquistadas por seu pai e passou suas reivindicações ao rei da França. Desse momento em diante, a luta se tornou política. Blanche de Castille, regente de seu filho Luís IX solucionou o impasse com o Tratado de Paris-Meaux em 1229. A única filha de Raymond, Joan, condessa de Toulouse, e Alfonso, Conde de Poitou em 1237, filho do rei Luís VIII casaram-se e selaram o tratado e o compromisso de paz. Parte do tratado estipulava que, se o casal morresse sem filhos, a região do Languedoc reverteria para a coroa francesa. Ambos, Alfonso e Joan morreram retornando das cruzadas na terra santa. Luís IX e a coroa herdaram a província de Languedoc, como parte integrante das terras francesas.

Hoje, a grande basílica de Toulouse não nos mostra nenhum vestígio das guerras horríveis que terminaram o movimento dos cátaros na terra da langue d’oc. A abóbada de barril de Saint Sernin se destaca como um belo monumento às aspirações mais pacíficas dos antepassados da região.

Saint Sernin é conhecida pela sua imponência, a sua maravilhosa cor rosa e a magnífica escultura que adorna a igreja. Centenas de capitéis muito bonitos e tímpanos destacam as entradas da igreja. O melhor da escultura românica são destaques no ambulatório. Estas placas esculpidas, construídas nos mesmos, são esculpidas em mármore. O ‘Cristo Rei’ é o mais famoso, e remonta ao início do século 12.

n1200O tímpano do portal Miègeville data da primeira ou segunda década do século XII e foi influenciado pelos primeiros relevos sarcófagos cristãos. Este conjunto ‘Ascensão’ marca o início do renascimento da escultura monumental medieval. Saint Sernin é a maior representação da arte românica na Europa medieval. Suas esculturas e formas definem sua aparência como única. Sua composição é de uma aparência estonteante. Tudo é belo e grandioso. Miègeville tímpano portal, Basilique Saint Sernin.

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Hoje a língua do Sul está experimentando um renascimento – occitan é encontrado em sinais e ouve-se nas esquinas e mercados, principalmente o de Saint Sernin aos domingos pela manhã.  Em Toulousa as bandeiras da Occitânia tremulam e nos arredores de Saint Sernin mais ainda. Foi lá que ganhei uma que está guardada em meu escritório.

E Simon de Montfort ainda é lembrado com desprezo. Mas ninguém poderia ter previsto tais resultados extraordinários dos atos bélicos de mulheres e crianças de pé no telhado da basílica, naquele dia de junho de 1218. Uma pedra tirou a vida do líder da Cruzada e pavimentou o caminho para a reino medieval de Tolosa para passar posteriormente para as mãos do rei francês que o povo da região tanto odiava. Saint Sernin você viu tantas coisas e hoje nos dá outras tantas. Preserve-se, fique sempre conosco. Amém em qualquer credo.

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Paulo Edmundo Vieira Marques

Professor, Historiador e escritor medievalista.

Este texto é uma homenagem para as minhas grandes amigas e admiradoras de Saint Sernin, obrigado Tania Araujo e Patricia jane Dugan, a contribuição de vocês na viagem foi preponderante. Beijos.

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Cordes sur Ciel – Quase no Céu

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A cerca de 25 km de Albi, no Departamento de Tarn, você será literalmente seduzido pelo encanto de Cordes-sur-Ciel. Esta aldeia, repleta de história, rica em lendas, situa-se entre as rochas de Aveyron e o céu. A localização é extremamente exuberante. Parece uma enorme montanha com um ninho em seu topo. As nuvens cobrem o seu cume como que protegendo os seus moradores. Está entre as mais belas vilas medievais da França. Cordes sur Ciel fascina a todos que a descobrem. Inicialmente parece uma miragem posteriormente você observa que a cidade somente quer tocar e abraçar o céu. Como cita Albert Camus, visitante e posteriormente morador da linda cidade:

“O viajante que, a partir dos terraços de Cordes, olhar para o céu em uma noite de verão, não precisará mais se preocupar com a angústia ou solidão, pois nesta cidade a beleza se renova a cada dia o que irá remover qualquer sentimento sofredor”

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Ao caminhar pelas suas ladeiras, e cruzando as suas ruelas, parece que nos transportamos em uma viagem através dos séculos, como se folheássemos um fabuloso livro de arte. A íngreme subida não nos intimida, pois, a beleza é tanta que ficamos admirados observando cada ponto, cada esquina, cada casebre. Em Cordes sur Ciel tudo deve ser percebível e imperdível. Fique atento, ela nos chama ao seu convívio a todo momento.

Cordes-sur-Ciel é uma das mais antigas cidades muradas encontradas em Midi-Pyrénées, uma vila cujas as flores eram uma característica da região durante a Idade Média. As flores foram e são símbolos e fonte de sustentação do comércio local. Por sinal simbologia que a deixa mais bela.

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A cidade foi fundada em 1222 por Raymond VII, conde de Toulouse, durante a reconquista da Occitânia* após a morte de Simon de Monfort. Ela, Cordes, foi a primeira e mais importante Bastide, construída para acolher os refugiados após as guerras cátaras. Originalmente, era cercada por falésias de calcário branco. A área circundante certamente tinha sido habitada desde tempos pré-históricos. Mais tarde, os gauleses e os romanos ocuparam a área e construíram habitações no local. Descrevendo o vale, no início do século XII, duas pequenas aldeias existiam no seu entorno; no meio do lindo vale encontrava-se a pequena igreja de St-Pierre de Crantoul ao norte St-Jean de Mordagne para o sul. Para o oeste, a meio caminho até o pico rochoso, um pequeno grupo de casas foram construídas em um terreno plano em torno da igreja de Nossa Senhora do Vaysse. Quem pensaria, quem imaginaria que lá em cima, no topo destas encostas íngremes, difíceis de escalar, uma cidade seria construída e que transformaria as falésias em uma fortificação? Como historiador sempre desejei observar e estudar uma cidade com essas características. Senti-me gratificado e foi um privilégio conhecê-la.

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O seu contexto histórico é fascinante e vale a pena ser melhor estudado. Nas terras dos Condes de Toulouse, uma nova religião cristã foi formada que logo se tornou popular e começou a ser amplamente adotada em um clima de tolerância: o catarismo. No entanto, Roma, através do papa, declarou ser herético, tal movimento e, em 1209 lançou uma cruzada contra os manifestantes dissidentes. Por meio da espada e do fogo, pilhagens e massacres, o rei da França e os barões do Norte apreenderam essas vastas terras ao sul. Em 1218, Simon de Montfort, “o Leão da Cruzada” morreu em Toulouse. O movimento cruzado retrocedeu o que possibilitou a reconquista da Occitânia. Mas em 1222 nada restava da aldeia de Saint-Marcel, e nos arredores do lindo vale, que tinha sido sitiada e arrasada dez anos antes pelas tropas de Simon de Montfort.

O novo conde de Toulouse, Raymond VII, que acabou sucedendo o seu pai, decidiu por duas razões construir fortificações em suas terras:  para defender suas terras voltadas para o norte de onde o inimigo viria, substituindo a fortaleza de St Marcel, que havia sido queimada e destruída, e para acomodar a população local, que tinham sido dispersada em virtude das cruzadas vindas do Norte. Cordes foi construída na parte superior da rocha Mordagne, porque tinha todas as qualidades requeridas. Este monte isolado, que se estende de leste a oeste, é mais de 100 metros mais alto do que os do vale do Rio Cérou e seu pequeno afluente, o Aurosse. Suas encostas eram íngremes e suas falésias pedregosas faziam do seu cume quase inacessível, e não tinha sido habitada anteriormente.

A Bastide Cordes foi fundada em 1222 durante a chamada “Cruzada albigense”. Sete anos mais tarde, a sua construção já tinha sido concluída. O incrível trabalho foi realizado com imensa rapidez, quando a cidade e seus arredores foram fortemente fortificadas, Cordes foi considerada um reduto essencial e preponderante para a região do Languedoc. É foi por isso que, no Tratado de Paris, o rei exigiu que ele deveria ser entregue a ele, juntamente com várias outras cidades. Foi o regresso da paz que estimularam a atividade industrial em todo o Languedoc. Embora a fundação de Cordes coincidiu com um incremento e na reviravolta na história do Languedoc, foi também parte essencial de um movimento responsável pela fundação de centenas de novas aldeias na região. A cidade progrediu durante seu primeiro século de existência, cresceu rapidamente. Atraídos pelas vantagens oferecidas pelo Conde, como parcelas de terras para futuros habitantes na propriedade livre e individual, as pessoas vinham da região de Albi, de Rouergue e de Quercy para viver na nova cidade progressista e fornecedora de trabalho. Casas foram construídas e lojas de artesanato evoluíram.

Cordes sur Ciel tornou-se um dos principais centros dos cátaros. Mas iria experimentar a crueldade da Inquisição, o repressivo Bispo de Albi estaria ativamente envolvido na revolta dos habitantes da cidade contra os métodos da Inquisição. A lenda diz que em 1233, revoltados com o fato de que um seguidor cátaro fora condenado a queimar na fogueira, os habitantes de Cordes , diz os manuscritos do seu museu, atiraram  os três inquisidores no fundo do poço no  mercado da vila onde hoje há uma placa para comemorar ou relembrar o evento. Mas apesar de tudo nos anos seguintes a cidade experimentou um crescimento fenomenal. A Bastide – se espalhou para além de suas muralhas e novas linhas de fortificação foram necessárias  cinco no total -. Em três gerações, tornou-se uma cidade próspera e pulsante com mais de 5000 habitantes. Sua prosperidade surgiu a partir dos tecidos, tingimento, lã e couro industrial comércio e finanças. Os comerciantes prosperaram e algumas famílias nobres construíram, entre 1280 e 1350, magníficas residências com fachadas góticas no que Cordes é reconhecida.

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Em 1348 a peste negra atingiu a cidade. Aniquilou cerca de um quarto da população. Sete anos mais tarde, a Guerra dos Cem Anos levou a Inglaterra ocupar terras e colinas vizinhas. Cordes enfraqueceu-se por causa das rivalidades dinásticas entre Inglaterra e França. O povo de Cordes se defendeu contra esta enorme ameaça e reforçou as suas fortificações. Eles experimentaram dificuldades, especialmente com salteadores e mercenários, que se aproveitaram das muitas tréguas, entre os ingleses e os franceses, para empreender suas próprias guerras e atrocidades. A partir de 1450 a cidade voltou a um período mais calmo e empreendeu grandes projetos de construção e reparação. Construíram novas indústrias de couro e a nova indústria do pastel que iria produzir grandes fortunas. A partir de 1562, as Guerras de Religião, que viu católicos e huguenotes-protestantes, lutando entre si, iriam trazer dificuldades enormes para Cordes. A cidade fortificada, que foi considerada o melhor baluarte da região de Albi, tornou-se objeto de inveja dos huguenotes. Em 1568 foi assediada, saqueada e parcialmente queimada. Mas qual Fênix, a linda cidade reergueu-se como se tivesse a cumplicidade do céu e das nuvens para auxiliá-las nas dificuldades. Caminhando pelos caminhos de pedras de Cordes pude reviver os fatos que estudei e senti, pois é próprio do historiador, como se estivesse vivendo todos os fatos que relatei anteriormente, cada um em seu momento. As pernas cansadas, os joelhos doloridos, mas nada disso me impediu te visitar os céus, ou pelo menos o de Cordes sur Ciel e, a amostra foi maravilhosa.

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 *A Occitânia é uma região histórica e cultural da Europa cuja principal característica é a língua occitana, neo-latina muito parecida com a língua catalã. Pode ser considerada uma nação sem estado. Seu território com quase 200.000 km² compreende a França meridional, o Vale de Aran na Catalunha, alguns vales alpinos no Piemonte e uma aldeia na Calábria (sul da Itália), chamada de Guardia Piemontese, fundada no século XIII por evangélicos valdenses piemonteses que fugiram de perseguições religiosas e mantiveram a língua occitana.

 

Paulo Edmundo Vieira Marques

Professor, Historiador e Escritor medievalista.

Obs: Este texto é uma homenagem para um amigo e grande incentivador. Homem de grande sensibilidade para apreciar a arte. Muito Obrigado Jorge Strassburger, jamais esquecerei a consideração e o reconhecimento.

 

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Abadia de Fontfroide – O Retiro dos Anjos.

 

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Depois de um dia muito frio e chuvoso o dia seguinte, 28 de abril de 2015, amanheceu perfeito, céu azul, friozinho gostoso, 9 graus e um sol rejuvenescedor. Eu pressentia que algo maravilhoso nos esperava. Seguimos em direção à Narbonne, sudoeste da França, quase na fronteira espanhola. A vegetação e os aspectos das paisagens eram muito parecidos com as regiões próximas ao Mediterrâneo. Ao avistarmos a Abadia o espanto de alegria foi geral. Lugar extremamente preservado, com restaurações muito bem estabelecidas e estudadas e de uma medievalidade ímpar. Realmente todos ficaram impressionados com a beleza do lugar. Abbey Fontfroide ou ou l’Abbaye Sainte-Marie de Fontfroide está localizado no Maciço des Corbières, perto de um riacho. É esta fonte de água fresca (Fons frigidi) que deu origem ao nome do lindo mosteiro. Os braços da abadia também representam uma fonte. Logo quando se entra, no pórtico, somos informados que, originalmente, no auge, tal complexo tinha 24 celeiros e 30 000 hectares de terra. O sol bate no meu rosto e eu sinto uma sensação de paz e de tranquilidade. Se pudesse, se permitissem eu levar o meu ipad para dentro da abadia ficaria anos na companhia dos monges e anjos que creio ainda habitam esta maravilha medieval.

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Adentro às galerias e ao claustro da Abadia e sou invadido por vozes que anunciam que sou bem vindo e que estou em um lugar de muitos conflitos mas que agora mantêm a paz. Caminho para todos os cantos e recantos e quanto mais caminho mais feliz me sinto. Sinto que sou acompanhado por anjos. Apesar de ser um cientista, um historiador, pressinto a companhia agradável. Enfim pode ter sido um momento de emoção extrema. Mas gente, reitero, creio eu eles estavam lá.

Dois monges de Fontfroide, em particular, ganharam grande notoriedade: Arnaud Nouvel foi nomeado cardeal, reitor da igreja e legado papal, No século XIV um dos seus abades, Jacques Fournier, foi eleito papa sob o nome de Bento XII.

Em 1348, a peste negra atingiu Abbey Fontfroide e três quartos dos monges morreram. Em 1476, o mosteiro rico foi colocado sob prebenda, nome utilizado ao rendimento que recebe o pastor, o bispo e outros cargos eclesiásticos. Nos séculos 17 e 18, abades de Fontfroide reconstruíram muitos dos edifícios monásticos e acrescentaram novos recursos, incluindo um laranjal, jardins com terraços, uma parede imensa no pátio, e um grande portão.

Os últimos dos monges deixaram Fontfroide em 1791, mas a abadia não foi danificada e nem sofreu avarias durante a Revolução Francesa. O último abade de Frontfroide, o santo Père Jean, morreu em 1895. Uma lei de1901 pôs fim às comunidades monásticas, e os últimos monges fugiram para a Espanha. A abadia permaneceu desabitada até 1908, quando a propriedade foi vendida em leilão para aqueles que desejavam preservar sua arte e arquitetura. Torna-se privada com fins lucrativos mas com finalidade primeira de preservar um patrimônio tão caro à França.

Sob esta nova propriedade, extensa restauração foi realizado: vitrais foram montados, ferro forjado decorativo preencheu as aberturas das janelas, e estátuas e relevos foram adicionados às paredes e jardins. Em 1990, um jardim de rosas de mais de 3.000 roseiras foi plantada.

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A Abadia de Fontfroide é um excelente exemplo da cidade monástica prescrita pelos santos São Bento e Bernardo, em que tudo o necessário para uma vida simples é acessível dentro do complexo monástico.

Os vários edifícios, assim, proporcionam espaço para a oração (a igreja e o claustro), para o trabalho (o scriptorium e os jardins) e para o descanso (os dormitórios), bem como comida e bebida para sustentar os monges e irmãos leigos e principiantes.

O complexo monástico fechado de Fontfroide consiste em duas áreas principais: um para os monges e um para irmãos leigos e principiantes. A seção reservada aos monges é a mais próxima da igreja e aos claustros, enquanto a seção de irmãos leigos é aquela que se abre para o mundo exterior.

Os edifícios da abadia estão dispostos em torno do fluxo de água, o que gera a necessidade da irrigação para os jardins, os claustros, o moinho de milho e os viveiros de peixes.

Os antigos edifícios da abadia foram completamente restaurados e transformados em área de visitantes, que inclui um restaurante, uma loja de presentes, e uma adega.

Linda Abadia frequentemente ponho-me a pensar nos sussurros que escuto em meu escritório, tenho certeza que são os meus amigos anjos de Fontfroide me chamando para deliciar-me da água da Fons Frigidí, doce lugar onde o isolamento e solidão creio ajudaria em muito aos de boa vontade para fazer um mundo melhor. Até a volta.

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Paulo Edmundo Vieira Marques

Professor, Historiador, Escritor Medievalista.

Este artigo é uma homenagem a minha grande amiga Doutora Gislaine Machado, parceira de viagem e grande incentivadora dos estudos medievais.

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Albi. A Maravilhosa Cidade Vermelha

Albi, bèl. Qu’èi descobèrt uei un endret hèra agradiu.

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Não importa quantas vezes eu vou visitar Albi, a minha reação sempre será de alegria, tranquilidade, satisfação, a cidade vermelha me deixa muito, muito feliz. Meu coração pulsou de uma maneira diferente diante de suas belezas. Albi, às margens do Rio Tarn, se espalha com suas ruelas estreitas em um sobe e desce que parece cenário de filme. Casinhas medievais de tijolos maciços, floreiras nas janelas, portas coloridas, bares pequeninos mas aconchegantes e bonitos, pessoas simpáticas e muitas crianças. 

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Caminhando diante de casas cativantes de repente, um susto: as vielas vão dar no coração da cidade, ocupado por um templo gótico fortificado, erguido no século 13 em dimensões megalomaníacas. A Cathédrale de Sainte-Cécile é uma aula de história sobre o passado de Albi. Ela oferece um contraste impressionante entre o rigor defensivo exterior de sua arquitetura e riqueza interior de uma decoração maravilhosa, espetacular. Testemunho da fé cristã após a heresia dos cátaros, segundo a igreja católica, esta catedral fortaleza é uma obra-prima do gótico sulista.  Resumindo: a cidade foi o centro do movimento herege cátaro, que dominou o sudoeste francês no século 12 e provocou a ira da igreja, dando origem as cruzadas, albigenenses, cátaras, e a confrontos sangrentos que destruíram vidas e cidades inteiras da região no século seguinte. A catedral foi erguida logo após a reconquista da cidade, como símbolo do poder católico.   A maior estrutura de tijolos do mundo foi construída no século 13, sua arquitetura militarista impressiona pela grandiosidade de suas estruturas. Ao lado, o igualmente formidável Palais de la Berbie reforça a afirmação da beleza de todo o complexo. Hoje, o palácio do bispo abriga o renomado e restruturado Musée Toulouse-Lautrec, a maior coleção do mundo de obras do artista nascido na cidade e confirma que a sua observação social ia muito além de Paris. Adicione, ao local, obras de Matisse, Dufy, Gauguin e mais, este é um museu onde se pode passar o dia todo. A catedral e o palácio são ambos construídos de tijolos feito à mão – como é praticamente todo o resto em Albi, dando origem ao apelido a esta linda cidade de La Ville Rouge. Olhando de perto, pode-se observar impressões digitais de 500 anos, aqui e ali no barro cozido das estruturas dos tijolos.

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O labirinto de ruas sem trânsito na cidade medieval tem muitas lembranças do passado. As casas são muito bem conservadas e restauradas de maneira exemplar. Nos telhados e terraços, nota-se, que foram utilizados e eram perfeitos para a secagem do presunto, bem como serviam como excelente lavanderia. O medievo é pulsante. Os sinais das ruas estão em duas línguas: Occitânico e moderno francês. O dia radiante ajudou em muito para que o reflexo do vermelho esplendoroso da cidade tivesse um realce ainda maior. As pessoas estavam, pelo menos naquele dia que caminhei sozinho pela Ville Rouge, alegres, sorriam. Todos gentis, àqueles com que falei. Diante da ponte de pedra, ligação para a cidade velha, o rio Tarn me abraça, fiquei cerca de vinte minutos observando o seu diálogo comigo. Rio belíssimo, sem poluição, devidamente preservado. O que mais me impressionou em Albi foi a justaposição do velho com o novo. Uma cena que não me sai da cabeça, penso seguidamente nela, é aquela em que inúmeros skatistas deslizavam e demonstravam as suas habilidades diante da magnífica Cathédrale de Sainte-Cécile. Ahhh, cidade vermelha, quase rosa, sinto a tua falta, sinto falta do teu aconchego, passei momentos inesquecíveis em teus braços. Te abraçarei novamente, se Deus quiser. Até.

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Paulo Edmundo Vieira Marques

Professor, Historiador, Escritor Medievalista.

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Chuva, Sol, Frio, Vento, Primavera: a Beleza Intrigante da Carcassonne que eu vi.

 

 

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 As pedras de Carcassonne, caminhos inesquecíveis.

Carcassonne é a mais bem preservada cidadela medieval de toda a Europa. Construída no alto de uma colina, no sul da França, perto de Toulouse e dos Pirenéus, foi no passado a principal fortaleza militar da região. Do alto das suas impressionantes muralhas, que eram protegidas por mais de 1200 guerreiros, podia-se controlar uma importante via comercial que ligava a Península Ibérica com o resto do continente. Por causa de sua posição fronteiriça e estratégica, Carcassonne foi palco das mais ferozes e terríveis batalhas desse tempo. A primeira visão do centro histórico, cuja construção foi iniciada há cerca de mil anos, é inesquecível.

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A impressão que dá é que viajamos no tempo, para uma época de reis, cavaleiros, princesas e batalhas medievais. A fortaleza é protegida por 52 torres e duas muralhas uma interna e outra externa. A entrada principal, batizada de Porta Narbonnaise, é guardada por uma ponte levadiça. Na Era Medieval, cerca de 50 homens ficavam de guarda para impedir a entrada dos inimigos. Carcassonne, na verdade, são duas cidades. A Cidadela, que permaneceu intacta e protegida dentro das muralhas, e a Bastide Saint-Louis ou Cidade Baixa, que cresceu ao redor da fortaleza medieval. À noite, esta cidade transforma-se. Com menos de 400 moradores e apenas dois hotéis, as suas ruas ficam desertas e silenciosas, é a melhor hora para sentir o pulsar das muralhas, das ruas e também viajar, recuar 800 anos para sentir a vida de uma população que de uma forma melhor ou pior, viveu sem dúvida de uma maneira bem diferente da nossa. Uma das maiores atrações da cidade, é o Castelo Comtal, uma pérola da arquitetura medieval. Construído no século XII por um nobre chamado Bernard Trencavel, esta foi, durante anos, a morada dos senhores feudais que comandavam a região.

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O castelo é formado por duas alas, com um pátio no meio delas. Durante uma visita guiada, é possível conhecer as suas torres e boa parte do seu interior mais reservado. O Museu Arqueológico, tem no seu acervo ânforas romanas, sarcófagos e lápides Cátaras. (Os Cátaros faziam parte de uma corrente do cristianismo que pregava a não-violência e foram muito perseguidos pela Inquisição e dizimados pelo Papa Inocêncio III, com o auxílio do rei da França e os barões do norte). Para entender um pouco mais da história do lugar, vale a pena conhecer também o Museu da Inquisição, que expõe instrumentos de arrepiar. Esse triste período da história ocidental teve início no século XII e ganhou força quando o papa Inocêncio III autorizou o uso da tortura para obter a confissão dos heréticos. Verdadeiras atrocidades eram cometidas em nome da fé e, neste museu, podem ser vistos vários instrumentos como a cadeira de cravos, uma espécie de trono cheio de pregos onde o acusado era amarrado com cintos de ferro; e o berço de Judas, um triângulo de madeira com uma base de 30 centímetros e vértice de 60 usado para martirizar os hereges. Carcassonne é também um importante centro culinário. A cidade está cheia de bares, cafés e charmosos restaurantes, que lembram antigas tabernas medievais e tem o seu centro gastronómico no centro da praça. Escolha uma mesa ao ar livre, no meu caso a chuva era muito forte e tive que degustar no interior de um restaurante, por sinal a comida de ótima qualidade. Experimente um (cassoulet,) o mais famoso prato da região. Para acompanhar, saboreie um dos bons vinhos do lugar, como Corbieres, Minervois e Malepère. Uma refeição digna de reis e rainhas medievais.

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A primeira impressão que se tem em Carcassonne é a de um castelo encantado, repleto de histórias e contos fantásticos. Uma vez dentro das muralhas, descobre-se uma verdadeira relíquia da Idade Média, justamente procurada por milhões de turistas todos os anos. Hoje, Carcassonne é, depois da Torre Eiffel e do Monte Saint-Michel, o local mais visitado de França. As suas calçadas de pedra são percorridas, não por cavaleiros medievais, apesar de sentir-me como tal, mas por turistas de todas as nacionalidades, armados de vídeos, celulares, ipads e máquinas fotográficas

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A Basílica de Saint-Nazaire, a igreja original começou a ser construída no século 6, durante o reinado de Teodorico o Grande, o governante dos visigodos. Em 12 de junho, em 1096, o Papa Urbano II visitou a cidade e abençoou as pedras usadas para construir a catedral de Saint Nazaire e São Celse; a construção foi concluída na primeira metade do século XII. Foi construída no local de uma antiga igreja carolíngia, dos quais não se encontraram vestígios, mas pesquisas permanecem no local pois crê-se da existência dos mesmos. A cripta também, apesar de sua aparência antiga, remonta a nova construção. A igreja foi ampliada entre 1269 e 1330 no estilo gótico, em grande parte, à custa do bispo de Carcassonne, Pierre de Rochefort. Construída no intuito de intensificar a fé católica na região, até hoje, atrai peregrinos e visitantes de todos os credos para o seu recinto escuro, que convida ao recolhimento, iluminada por magníficos vitrais. O encontro do românico com o gótico dá-se aqui de uma forma harmoniosa, justificando o nome de: (joia da fortaleza,) com que os folhetos turísticos a distinguem. O seu órgão é um dos mais importantes e antigos do sul de França, e de Junho a Setembro há concertos diários. Pelas suas praças, onde ainda resistem alguns poços de pedra que abasteciam de água a população, distribuem-se agora esplanadas muito concorridas, com espetáculos diários de música ao vivo, bem distinta da dos trovadores Ramon de Miraval ou Peire Vidal, que aqui viveram durante algum tempo. Raymond-Roger Trencavel, visconde de Albi e último senhor da fortaleza, certamente não reconheceria a sua cidade. É certo que qualquer loja de souvenires vende conjuntos de capacete e espada, e mesmo armaduras completas. Também é fácil encontrar relógios de sol e saquinhos de pano com ervas cheirosas, das que perfumavam as roupas das damas da época. Mas a animação é sempre pacífica, e a magnífica iluminação noturna não dá paz aos fantasmas, impedindo o seu devaneio noturno e doloroso quais almas penadas; de acordo com o relato dos moradores e agentes turísticos durante os meses do verão, estive lá na primavera, Carcassonne é uma cidade profusamente habitada e muito viva. Para reconstituir ainda melhor o ambiente medieval, em agosto organizam-se torneios de cavalaria e falcoaria, com participantes vestidos a rigor, como no tempo dos cruzados. As velhas pedras da cidade não devem apreciar particularmente a lembrança, uma vez que foram estes que, em 1209, ditaram o seu fim: o visconde de Trencavel teve a ousadia de oferecer abrigo e proteção aos Cátaros, dissidentes de um catolicismo que se afundava na decadência moral. O seu pecado era defenderem a pureza dos costumes cristãos e não respeitarem a hierarquia eclesiástica.

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Carcassonne foi das primeiras cidades a sofrer o embate da guerra santa declarada pelo Papa Inocêncio III. Cercada, perdeu o acesso crucial ao rio Aude e, numa manobra pouco “cavaleiresca”, o visconde de Trencavel foi feito prisioneiro ao sair do castelo para negociar. A partir daí, começou o declínio. Simão de Montfort, o comandante da cruzada, administrou a cidade até à sua morte, mas o seu filho foi incapaz de manter o território conquistado, e entregou-o à autoridade direta do rei. Quando o filho do visconde de Trencavel tentou reaver as terras do pai, Luís VIII deu ordens para arrasar a fortaleza e exilar os seus habitantes; só sete anos mais tarde conseguiram obter autorização real para se instalarem de novo na zona, mas do outro lado do rio. O turismo anuncia Carcassonne como ( lá ville aux deux cités, a cidade das duas cidadelas) a antiga fortaleza, no cimo da colina, e o novo burgo que nasceu no século XIII, aos pés da primeira, na margem esquerda do rio Aude. Desde sempre as duas zonas tiveram existências distintas, com toda a atividade comercial e social a desenrolar-se em baixo, enquanto a cidade-alta abrigava uma guarnição de mais de mil soldados. A tendência manteve-se até hoje. Só cerca de duzentos e vinte, dos seus quarenta e cinco mil habitantes permanentes, habitam a cidade antiga. Mas apesar da atividade evidente nas suas ruas e praças arborizadas, que substituíram as muralhas e estão agora semeadas de cafés acolhedores, mas é óbvio, a atração será sempre a “cité”, marco milenar da história da região do Languedoc.

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Para além das comodidades e serviços turísticos de que dispõe, a Bastide Saint-Louis, como é conhecida a cidade-baixa, serve apenas para compor a magnífica vista que nos oferecem as torres altas da fortaleza – e do cimo desta sentinela de pedra, não se consegue evitar a sensação de fragilidade que vem do casario baixo e pálido da Bastide. Nada é regular ou simétrico nesta obra-prima da arquitetura militar, o que se explica pela longa história de reconstruções, modificações e acréscimos, que já dura há séculos e ainda não acabou. Mesmo depois da expulsão dos seus habitantes, a fortaleza foi modificada e aperfeiçoada, de modo a tornar-se um eficaz posto militar avançado. Ao mesmo tempo que se reforçou o sistema defensivo com a construção de uma segunda muralha exterior, também a austera Catedral de Saint-Nazaire foi aumentada e melhorada. O castelo do conde foi rodeado por um fosso, transformando-se numa fortaleza dentro da fortaleza. São cerca de três quilómetros de fortificações, por onde se distribuem cinquenta e duas torres para todos os gostos: há torres quadradas e redondas, de envergadura e tamanho diferentes; umas têm seteiras, outras janelas e algumas são, aparentemente, fechadas. Toda a cidade parece estar cheia de armadilhas: cotovelos estreitos para que só passe um inimigo de cada vez, degraus gigantescos, fossos dissimulados, enfim, todo o mostruário do engenho militar que foi sendo aperfeiçoado desde os romanos, destinado a guerras de cerco, tão comuns nos tempos medievais. Só a mudança das técnicas de guerra, nomeadamente a utilização generalizada da artilharia e a pólvora, nos séculos XV e XVI, a tornou definitivamente obsoleta.

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Basílica de Sainte Nazaire, Carcassonne.

Apesar de tudo, é impressionante o seu aspecto exterior de castelo, ao mesmo tempo irreal e inexpugnável. Contorná-la por entre as suas duas muralhas, espreitando pelas janelas e varandas para a paisagem verde de vinhas e campos cultivados, é um convite para uma viagem no tempo, que continua quando atravessamos a ponte levadiça. As ruas estreitas de pedra cinzenta, sombrias no verão e primavera e protegidas dos ventos frios no Inverno, transformam-se num labirinto, e nunca sabemos se terminam nas muralhas, na basílica ou na praça principal. Pouco importa. Os passos ecoam de longe, e a cada esquina esperamos ver aparecer alguém vestido de cota de malha e elmo reluzente. As carroças que conduzem os turistas em visitas guiadas reforçam a esperança, com o ruído dos cascos e o soprar dos cavalos a ressoarem nas paredes de pedra. Para continuar o recuo no tempo, é possível visitar o castelo do visconde, que dá acesso exclusivo a certas partes da muralha. E para terminar a viagem, nada melhor que uma visita ao Museu Medieval e ao da Inquisição, que nos proporcionam pormenores nem sempre agradáveis da história da cidade. Outro museu ao gosto da época é o da Tortura, que exibe sádicos e requintados instrumentos, concebidos em noites de insônia, destinados a punir sabe-se lá que crimes medievais.

Dizem os seus apreciadores mais sinceros que a cidade não deve ser visitada no Verão: há demasiada agitação e pouca privacidade para percorrer a velha Carcassonne, e a viagem no tempo, que deve ser feita na solidão, é constantemente interrompida por grupos de turistas ruidosos.

O destino de Carcassonne está traçado: será para sempre uma obra de arte inegável, e uma das maiores atrações turísticas da França e da Europa. A reconstrução fixou-a para sempre na Idade Média como quem tira uma fotografia, apesar de a cidade ter atravessado muitas outras épocas. E é, talvez, esta operação de congelamento temporal que lhe empresta toda a magia de cenário perfeito, que nos faz mergulhar profundamente num passado distante, belo mágico e por vezes também aterrador.

A Lenda da dama de Carcas

Não há castelo encantado que se preze que não tenha as suas lendas. Carcassonne justifica o seu nome com a história da dama de Carcas: quando Carlos Magno cercou a cidadela desta dama sarracena, achando-se desprovida de soldados, Carcas distribuiu pelas torres e muralhas bonecos feitos de palha, armados para combate. O estratagema teve resultado, e Carlos Magno levantou o cerco, desanimado com inimigo tão numeroso. Terá dito então a dama: “Sire, Carcas te sonne.” (“Senhor, Carcas vence-te”, em tradução livre). Daí o nome da cidade, que a lenda assegura ter-se tornado cristã, dando a dama origem à primeira linhagem de condes de Carcassonne. Outras lendas a respeito do nome da cidadela também são descritas, mas fiquemos com as menos extravagantes. A verdade, porém, é que os romanos já tinham uma fortificação na zona a que chamavam Carcasso, e os sarracenos, que se sucederam aos visigodos e não ficaram por aqui muito tempo, chamavam-lhe Carchachouna. A cidade-fortaleza foi palco de combates, cercos, destruições maciças e, por fim, expulsão dos seus habitantes, que resultou na ruína do que ainda estava de pé.

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Dame Carcas. Porta Narbonnaise, Carcassonne.

Lendária mesmo parece ser a sua reconstrução no século XIX, pelo arquiteto Viollet-le-Duc, o mesmo que restaurou os santuários de Notre-Dame de Paris e Sainte-Madeleine de Vézelay. Homem de sensibilidade e força de vontade que nos proporciona, até hoje, vivermos momentos inesquecíveis a respeito da Era dos Anjos, a Era do Medievo Bonito e intrigante. Ahh cidade deslumbrante, cidade que me remeteu ao passado, que fez chorar, sorrir, enfim cidade maravilhosa, por favor guarda os meus passos que deixei pelas pedras de tua cidade la. Até a volta.

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A bela Carcassonne, saudades.

Este artigo foi feito em homenagem a minha amiga Delia Paese, grande admiradora de La Cité, Carcassonne. Grande Abraço.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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