São Jorge – O Santo Patrono dos Cavaleiros

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 São Jorge e o Dragão. Saint George and the Dragon. Autor desconhecido. 1480-90. Óleo em painel. Toledo Museum Art.

São Jorge teria nascido e sofrido o martírio em Diospolis (Luydda), na Palestina, no reinado de Diocleciano. O seu culto é antigo e de muita intensidade, desde os séculos IV e V que lhe são consagradas igrejas e monumentos (Constantinopla, Roma, Palermo, Nápoles, Etc). Este culto foi trazido para Europa pelos Cruzados, onde se lhe juntou a luta com o dragão, adição que segundo alguns historiadores especializados, parece ter ocorrido na Itália. O mito, narrado na Lenda Doirada, parece uma versão cristianizada do caçador Orion, ou de Pégaso/Belerofonte, o matador de Quimera: Jorge, passando pela cidade líbia de Silene, lutou e livrou-se de um dragão que devorava o gado e os habitantes da cidade do norte da África. A bravura, a proeza do grande guerreiro, levou a população a converter-se. Patrono dos guerreiros no Oriente desde o século VIII, foi no século XI que se tornou, na Europa, o dos equitadores e dos Cavaleiros, modelo do Cavaleiro sublimado cuja gesta foi dada como exemplo à cavalaria a partir do século XII e dotada de armas imaginárias, um escudo de prata com uma cruz de goles, armas também atribuídas a Galahad:

 (também conhecido por Galaaz ou Gwalchavad) é um personagem lendário das histórias do Ciclo Arturiano. Galahad era um dos Cavaleiros da Távola do Rei Arthur e um dos três que conseguiu alcançar o Santo Graal. Era o filho de Ban de Benoic e de Helena de Carbonek. Galahad era considerado o cavaleiro mais puro e, consequentemente, o único a poder sentar-se na Cadeira Perigosa da Távola redonda, um assento que ficava sempre vazio, já que só o escolhido poderia se sentar. Pela sua pureza, Galaaz é considerado uma encarnação de Jesus na forma de cavaleiro. Galahad é associada ao escudo branco com uma cruz vermelho, o mesmo emblema dado aos templários pelo Papa Eugênio III. 

Galahad, era considerado e feito o Cavaleiro celestial, o “Desejado”, imagem do Messias e da Graça (Sephira chesed), detentor do mandato celeste e o único que completou a demanda do Graal, simbolizando a perfeição da via cavaleiresca.

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Zanino di Pietro – Saint George Killing the Dragon. Metade do século XV, provavelmente trabalho feito, conforme datações atuais no ano de  1463.

As razões que fizeram do santo o patrono dos cavaleiros ligam-se a dois níveis simbólicos. O nível exotérico, ligado ao fato de Jorge ser sempre representado a cavalo, ao contrário de São Miguel, e o Cavaleiro é um homem a cavalo por excelência, fazendo desta especificidade o próprio sinal do seu estado. O nível esotérico, que se manifesta em dois planos. Um plano religioso, em que o santo é a encarnação da luta do Bem contra o Mal (o dragão), obrigação de todo o “Cavaleiro que tem por dever combater o Mal, a injustiça, a malícia neste mundo para que triunfe o Bem do Senhor Deus” como prescreve uma Pontifical do século XIII, e um plano metafísico ligado à vocação interior do cavaleiro, que é a de dominar, canalizar e insuflar o Espírito Divino na matéria bruta, a matéria prima. A analogia do equitador Jorge e do cavaleiro é total: dominando os quatro elementos pelo montar do cavalo, o santo aperfeiçoa a Criação, o que lhe permite existir em permanência pelo controle que exerce sobre o dragão, símbolo da matéria caótica original, hostil ao divino. Há uma tradição e contos em diversas partes do mundo que aponta o ano 303 como ano da sua morte. Apesar de sua história se basear em documentos lendários e apócrifos (decreto gelasiano do século VI), a devoção a São Jorge se espalhou por todo o mundo.

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Saint George and the Dragon. Rogier van der Weyden. 1432-35. National Gallery of Art

As constatações feitas neste artigo mais se sustentam nas imagens, meu principal objetivo. O meu maior intuito é mostrar-lhes as pinturas e que tirem as suas conclusões. E que sempre quando se refere a São Jorge suscita várias e interessantes interpretações. Um abraço para todos.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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