Bruniquel é uma pedra preciosa. Comuna francesa no departamento de Tarn-et-Garonne na região da Ocitânia. Bruniquel faz parte da lista das mais belas aldeias da França. Seus habitantes são de uma hospitalidade ímpar conforme relatos de amigos que lá visitaram os seus maravilhosos monumentos.
Bruniquel está localizada em uma colina íngreme com vista para a confluência do rio Vere, que vem de Albi, e do rio Aveyron que corre pelo desfiladeiro de mesmo nome, esculpido no planalto de calcário de Limogne. Pequena vila medieval de Quercy com mais ou menos 900 habitantes fixos, a maravilha do medievo do Tarn, desponta por suas casas e fortificações medievais. Está localizada 28 km a leste de Montauban.
O castelo da rainha Brunhild domina o lado do penhasco de Aveyron. O lugar foi atribuído à rainha em 587 até sua execução, em 613, triste morte, com o cabelo da soberana amarrado à cauda de um cavalo. O castelo também foi utilizado nas filmagens de Jeanne D’Arc, de Luc Besson.
A pequenina cidadela foi conquistada em 1176 pelos condes de Toulouse, Casa Trencavel. Em 1211 o trovador Guilhem de Tudèia, co-autor da “Canção da Cruzada”, se refugiou com Baundoin de Toulouse (meio-irmão do Conde Raymond VI) que ofereceu Bruniquel aos cruzados dissidentes e favoráveis a um movimento contrário a religião católica. Descoberto foi julgado como traidor sendo enforcado 1214, em Montauban.
Após a cruzada, a vila experimentou um grande incremento comercial uma vez que estava no caminho de peregrinos de Saint Jacques de Compostela. A sua igreja, de uma estrutura simples mas com recantos para o descanso e reza dos peregrinos ganhou fama. A maioria das casas foi construída entre o séculos XIV e XVI, principalmente em pedra, mas também em enxaimel. A maioria manteve suas ruas sinuosas e pavimentadas com pedras rústicas. No topo da colina se localiza castelos de excelente preservação datados do século XIII e XIV. Parcialmente destruídos após a paz de Montpellier em 1622 entre Louis XIII e protestantes, eles foram restaurados de forma considerável.
Bruniquel, em seguida, fica adormecida. No século XIX desperta para desenvolver atrações turísticas e paisagens que levam inúmeros artistas e pintores lá residirem.
De 1915 a 1921, Marcel Lenoir, pintor da escola Montparnasse, admirada por Picasso, vive nas proximidades e parte de sua obra é exposta no Museu Castelo de Montricoux. Castelos de Bruniquel ficam imortalizados no cinema no filme de Robert Enrico Le Vieux Fusil em 1975.
A história também observa que, nos primeiros dias da Segunda Guerra Mundial, como parte dos planos de evacuação para as pessoas que vivem perto das fronteiras do Oriente e as áreas prováveis de luta, residentes Salonnes em Moselle (Lorraine) foram transportados para Bruniquel. Após o armistício, em junho de 1940 e significando o fim dos combates, alguns dos refugiados foram autorizados a voltar para casa em Lorraine, alguns optaram por ficar em Quercy.
Bruniquel é uma meta que ainda vou perseguir para conhecer os seus segredos e belezas. Estava no meu roteiro de 2015, mas em virtude de fortes chuvas à época não pude subir as colinas da maravilhosa joia do Midi-Pirinéus. Mas não te esqueci doce cidadezinha. Aguarda-me.
Paulo Edmundo Vieira Marques
Professor, Historiador e Escritor Medievalista
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