Daily Archives: October 15, 2024

Carros e Vagões Medievais

Manuscrito Bodleian Library, século XIV, vagão para transporte de armas, soldados e até cadáveres. O vagão de guerra.

Quando, na História, apareceram os transportes como, carretas (veículos de duas rodas) e vagões (veículos de quatro rodas) foram de extrema importância para os homens, para o comércio, para as trocas enfim, com a comunicação com outras pessoas. A sua eficiência com relação aos animais usados sem uma tecnologia de transporte, foi enorme, inexplicável. O historiador Jeffrey L. Singman escreve que uma carroça de quatro rodas com um par de cavalos poderia transportar mais de 1.200 Kg. por cerca de 30 km por dia. Os carros mais antigos, de transportes de homens e mercadorias, usados de forma razoável, foram os trenós usados entre 6.500 e 7.000 a.C. pelas tribos nativas da Europa Central e Oriental.

A ascensão do transporte sobre rodas, em torno de 3000-5000 a.C. teve início em lugares onde existiam fontes suficientes de madeira e aonde a tecnologia do seu corte era existente e avançada no que concerne a sua confecção e moldagem no formato de rodas. Inicialmente, as rodas eram sólidas em vez de raiadas. As rodas eram em forma de peças planas de madeira. As rodas poderiam ser um pedaço sólido de madeira, também poderiam ser encaixadas a partir de duas ou três peças, dependendo do tamanho da árvore original e o tamanho da roda final que se desejasse ao final do trabalho. Apenas ferramentas básicas, como um machado eram necessárias para produzir rodas de certa qualidade e durabilidade. A roda ou o eixo (na forma de toras, colocadas sob um objeto pesado para ajudar a rolá-los) foi a primeira atitude tomada pelo homem para confeccionar um transporte para levar cargas ou pessoas. Ainda hoje isso é objeto de discussão dos pesquisadores. No entanto, a combinação das duas rodas unidas por um eixo se mostrou extremamente eficiente. Os primeiros projetos fixaram os eixos com as rodas, lubrificadas por óleos animais*, que giravam sobre eles, proporcionando menos atrito do transporte sobre o solo.

Manuscrito século XIV, Morgan Library, o carro de bois a direita acima no auxílio à construção de igrejas.

Bandas de ferro, substituição e colocação de revestimentos de couro, introduzidos ao redor das rodas melhorou a longevidade da madeira. O transporte, a locomoção de animais e carroças puxadas por bois eram comuns no Egito, Grécia e Roma. Este meio, também, por muito tempo, foi usado na Idade Média. A grande alteração, no entanto, foi que o prestígio dos carros de bois diminuiu, seriam usados pelos camponeses em longa escala, para todo o tipo de afazeres no campo. Na cidade, nas classes menos favorecidas também foi de grande utilidade. Auxiliando ferreiros, comerciantes monges entre outros. A nobreza medieval e a realeza viraram-se para os cavalos para puxarem os seus carros. Geralmente cavalos de uma raça de grande porte, fortes e robustos para a sustentação de um transporte que requeria muita força. Por muito tempo a maioria da sociedade medieval confiou seu transporte aos bois e eles fizeram um trabalho admirável, dando sustentação para o progresso do comércio da Europa Central. Mas a população acabaria cedendo aos cavalos, aos animais de potência como eram chamados. Sua maleabilidade e rapidez influenciaram enormemente a escolha geral do povo medieval que se locomovia que batalhava levando armamento para as inúmeras guerras e que principalmente comercializava.

O uso de carros e vagões na era medieval, como o historiador John Langdon diz: assumiu um papel importantíssimo na difusão de todo o espectro econômico do mundo medieval. A diferença do transporte fez a diferença para o progresso europeu medieval. Antes do século XII, as carroças, a maioria era puxada de arrasto pesado feito por bois.

Manuscrito do século XIII, Morgan Library, 0 vagão no incremento comercial e das trocas.

Após este período, os cavalos tornaram-se os animais de serviço dominante. O interruptor de potência, no entanto, necessitava uma redução no tamanho e capacidade para a sua flexibilização e manuseio. Carros puxados a cavalo tinham cerca da metade da capacidade daqueles puxados por bois.

No caso de uma carga especial, especialmente pesada, como madeira ou carvão, os bois predominaram no transporte de carros e vagões. Veículos com cavalos e bois tiveram, na sua maior parte, duas rodas. Os vagões medievais, tão lembrados e vistos em filmes e livros, preferencialmente de quatro rodas, eram reservados para o transporte rodoviário, via florestas. Seguidamente assaltados por bandoleiros, ficaram famosos em cenas de filmes. Transportavam de tudo, na maioria das vezes alimentos, mas por ter a possibilidade de se esconder dentro deles, também era a morada preferida de alquimistas e bruxas. Lenda ou não foram muito usados por médicos e curandeiros medievais. Era pau para toda a obra, ou a Kombi daquela época, assim se poderiam resumir os famosos vagões.

Vagão medieval para a utilização de profissões como médicos, comerciantes, alquimistas etc.

O problema do transporte de quatro rodas foi que, apesar de eixos com giro frontal terem sido inventados por volta de 500 A.C., a tecnologia não se expandiu, foi lenta e demorada. Logo no início do período medieval, o giro frontal de eixo não existia, tornando-se quase impossível controlar o animal. O exercício para mantê-lo requeria grande força e destreza. A mudança ocorreu depois de cerca de 800 anos, pelo menos na Europa Central. Sem dúvida, uma demora demasiada para uma mudança tecnológica mais avançada, o que nos leva a conclusões de que as repetidas invasões bárbaras estagnaram melhores inovações nas regiões afetadas pelos choques. Vagões com eixos de giro não seria comum na Inglaterra até o século XVII. Dirigir carros ou vagões medievais foi uma experiência muito instável e dolorosa, era um sacrifício qualquer tipo de viagem, e a maioria delas eram longas naquele período, porque os veículos não tinham suspensão ou qualquer tipo de amortecimento, pelo menos até o século XIV, quando algumas suspensões em vagões de transporte, feitas com molas de ferro foram introduzidas no Flandres, atuais Países Baixos.

Um transporte, um carrinho que pouco se fala e se escreve sobre ele, é o carrinho de mão. Usado especificamente para o transporte de mercadorias como alimentos, ferramentas etc., foi um aliado muito importante para o homem no medievo. O carrinho de mão é de origem medieval e não tem nenhum antecessor romano. Ele, também, foi o único veículo que era empurrado em vez de ser puxado. As iluminuras, as representações e textos de manuscritos datam do século XIII, mas a sua tecnologia, sem dúvida antecede a essas fontes.

* Eram usados para facilitar a locomoção do transporte banha de porco, óleo de peixe, de oliva entre outros e de variações distintas. Conta-se na Idade Média, século XI, em Bruges até mel se usava para tal fim. Nas Cruzadas o óleo preferencial para o transporte das tropas era o de javali, por ser espesso, mas de excelente viscosidade e penetração nos eixos e extremamente duradouro.

Réplica de um vagão medieval para transporte de doentes e feridos.

Professor, Historiador: Paulo Edmundo Vieira Marques

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Chuva, Sol, Frio, Vento, Primavera: a Beleza Intrigante da Carcassonne que eu vi.

 As pedras de Carcassonne, caminhos inesquecíveis.

Carcassonne é a mais bem preservada cidadela medieval de toda a Europa. Construída no alto de uma colina, no sul da França, perto de Toulouse e dos Pirenéus, foi no passado a principal fortaleza militar da região. Do alto das suas impressionantes muralhas, que eram protegidas por mais de 1200 guerreiros, podia-se controlar uma importante via comercial que ligava a Península Ibérica com o resto do continente. Por causa de sua posição fronteiriça e estratégica, Carcassonne foi palco das mais ferozes e terríveis batalhas desse tempo. A primeira visão do centro histórico, cuja construção foi iniciada há cerca de mil anos, é inesquecível.

A impressão que dá é que viajamos no tempo, para uma época de reis, cavaleiros, princesas e batalhas medievais. A fortaleza é protegida por 52 torres e duas muralhas uma interna e outra externa. A entrada principal, batizada de Porta Narbonnaise, é guardada por uma ponte levadiça. Na Era Medieval, cerca de 50 homens ficavam de guarda para impedir a entrada dos inimigos. Carcassonne, na verdade, são duas cidades. A Cidadela, que permaneceu intacta e protegida dentro das muralhas, e a Bastide Saint-Louis ou Cidade Baixa, que cresceu ao redor da fortaleza medieval. À noite, esta cidade transforma-se. Com menos de 400 moradores e apenas dois hotéis, as suas ruas ficam desertas e silenciosas, é a melhor hora para sentir o pulsar das muralhas, das ruas e também viajar, recuar 800 anos para sentir a vida de uma população que de uma forma melhor ou pior, viveu sem dúvida de uma maneira bem diferente da nossa. Uma das maiores atrações da cidade, é o Castelo Comtal, uma pérola da arquitetura medieval. Construído no século XII por um nobre chamado Bernard Trencavel, esta foi, durante anos, a morada dos senhores feudais que comandavam a região.

O castelo é formado por duas alas, com um pátio no meio delas. Durante uma visita guiada, é possível conhecer as suas torres e boa parte do seu interior mais reservado. O Museu Arqueológico, tem no seu acervo ânforas romanas, sarcófagos e lápides Cátaras. (Os Cátaros faziam parte de uma corrente do cristianismo que pregava a não-violência e foram muito perseguidos pela Inquisição e dizimados pelo Papa Inocêncio III, com o auxílio do rei da França e os barões do norte). Para entender um pouco mais da história do lugar, vale a pena conhecer também o Museu da Inquisição, que expõe instrumentos de arrepiar. Esse triste período da história ocidental teve início no século XII e ganhou força quando o papa Inocêncio III autorizou o uso da tortura para obter a confissão dos heréticos. Verdadeiras atrocidades eram cometidas em nome da fé e, neste museu, podem ser vistos vários instrumentos como a cadeira de cravos, uma espécie de trono cheio de pregos onde o acusado era amarrado com cintos de ferro; e o berço de Judas, um triângulo de madeira com uma base de 30 centímetros e vértice de 60 usado para martirizar os hereges. Carcassonne é também um importante centro culinário. A cidade está cheia de bares, cafés e charmosos restaurantes, que lembram antigas tabernas medievais e tem o seu centro gastronómico no centro da praça. Escolha uma mesa ao ar livre, no meu caso a chuva era muito forte e tive que degustar no interior de um restaurante, por sinal a comida de ótima qualidade. Experimente um (cassoulet,) o mais famoso prato da região. Para acompanhar, saboreie um dos bons vinhos do lugar, como Corbieres, Minervois e Malepère. Uma refeição digna de reis e rainhas medievais.

A sensação que se tem em Carcassonne é a de um castelo encantado, repleto de histórias e contos fantásticos. Uma vez dentro das muralhas, descobre-se uma verdadeira relíquia da Idade Média, justamente procurada por milhões de turistas todos os anos. Hoje, Carcassonne é, depois da Torre Eiffel e do Monte Saint-Michel, o local mais visitado de França. As suas calçadas de pedra são percorridas, não por cavaleiros medievais, apesar de sentir-me como tal, mas por turistas de todas as nacionalidades, armados de vídeos, celulares, ipads e máquinas fotográficas

A Basílica de Saint-Nazaire, a igreja original começou a ser construída no século 6, durante o reinado de Teodorico o Grande, o governante dos visigodos. Em 12 de junho, em 1096, o Papa Urbano II visitou a cidade e abençoou as pedras usadas para construir a catedral de Saint Nazaire e São Celse; a construção foi concluída na primeira metade do século XII. Foi construída no local de uma antiga igreja carolíngia, dos quais não se encontraram vestígios, mas pesquisas permanecem no local pois crê-se da existência dos mesmos. A cripta também, apesar de sua aparência antiga, remonta a nova construção. A igreja foi ampliada entre 1269 e 1330 no estilo gótico, em grande parte, à custa do bispo de Carcassonne, Pierre de Rochefort. Construída no intuito de intensificar a fé católica na região, até hoje, atrai peregrinos e visitantes de todos os credos para o seu recinto escuro, que convida ao recolhimento, iluminada por magníficos vitrais. O encontro do românico com o gótico dá-se aqui de uma forma harmoniosa, justificando o nome de: (joia da fortaleza,) com que os folhetos turísticos a distinguem. O seu órgão é um dos mais importantes e antigos do sul de França, e de Junho a Setembro há concertos diários. Pelas suas praças, onde ainda resistem alguns poços de pedra que abasteciam de água a população, distribuem-se agora esplanadas muito concorridas, com espetáculos diários de música ao vivo, bem distinta da dos trovadores Ramon de Miraval ou Peire Vidal, que aqui viveram durante algum tempo. Raymond-Roger Trencavel, visconde de Albi e último senhor da fortaleza, certamente não reconheceria a sua cidade. É certo que qualquer loja de souvenires vende conjuntos de capacete e espada, e mesmo armaduras completas. Também é fácil encontrar relógios de sol e saquinhos de pano com ervas cheirosas, das que perfumavam as roupas das damas da época. Mas a animação é sempre pacífica, e a magnífica iluminação noturna não dá paz aos fantasmas, impedindo o seu devaneio noturno e doloroso quais almas penadas; de acordo com o relato dos moradores e agentes turísticos durante os meses do verão, estive lá na primavera, Carcassonne é uma cidade profusamente habitada e muito viva. Para reconstituir ainda melhor o ambiente medieval, em agosto organizam-se torneios de cavalaria e falcoaria, com participantes vestidos a rigor, como no tempo dos cruzados. As velhas pedras da cidade não devem apreciar particularmente a lembrança, uma vez que foram estes que, em 1209, ditaram o seu fim: o visconde de Trencavel teve a ousadia de oferecer abrigo e proteção aos Cátaros, dissidentes de um catolicismo que se afundava na decadência moral. O seu pecado era defenderem a pureza dos costumes cristãos e não respeitarem a hierarquia eclesiástica.

Basílica de Sainte Nazaire, Carcassonne.

Carcassonne foi das primeiras cidades a sofrer o embate da guerra santa declarada pelo Papa Inocêncio III. Cercada, perdeu o acesso crucial ao rio Aude e, numa manobra pouco “cavaleiresca”, o visconde de Trencavel foi feito prisioneiro ao sair do castelo para negociar. A partir daí, começou o declínio. Simão de Montfort, o comandante da cruzada, administrou a cidade até à sua morte, mas o seu filho foi incapaz de manter o território conquistado, e entregou-o à autoridade direta do rei. Quando o filho do visconde de Trencavel tentou reaver as terras do pai, Luís VIII deu ordens para arrasar a fortaleza e exilar os seus habitantes; só sete anos mais tarde conseguiram obter autorização real para se instalarem de novo na zona, mas do outro lado do rio. O turismo anuncia Carcassonne como ( lá ville aux deux cités, a cidade das duas cidadelas) a antiga fortaleza, no cimo da colina, e o novo burgo que nasceu no século XIII, aos pés da primeira, na margem esquerda do rio Aude. Desde sempre as duas zonas tiveram existências distintas, com toda a atividade comercial e social a desenrolar-se em baixo, enquanto a cidade-alta abrigava uma guarnição de mais de mil soldados. A tendência manteve-se até hoje. Só cerca de duzentos e vinte, dos seus quarenta e cinco mil habitantes permanentes, habitam a cidade antiga. Mas apesar da atividade evidente nas suas ruas e praças arborizadas, que substituíram as muralhas e estão agora semeadas de cafés acolhedores, mas é óbvio, a atração será sempre a “cité”, marco milenar da história da região do Languedoc.

Para além das comodidades e serviços turísticos de que dispõe, a Bastide Saint-Louis, como é conhecida a cidade-baixa, serve apenas para compor a magnífica vista que nos oferecem as torres altas da fortaleza – e do cimo desta sentinela de pedra, não se consegue evitar a sensação de fragilidade que vem do casario baixo e pálido da Bastide. Nada é regular ou simétrico nesta obra-prima da arquitetura militar, o que se explica pela longa história de reconstruções, modificações e acréscimos, que já dura há séculos e ainda não acabou. Mesmo depois da expulsão dos seus habitantes, a fortaleza foi modificada e aperfeiçoada, de modo a tornar-se um eficaz posto militar avançado. Ao mesmo tempo que se reforçou o sistema defensivo com a construção de uma segunda muralha exterior, também a austera Catedral de Saint-Nazaire foi aumentada e melhorada. O castelo do conde foi rodeado por um fosso, transformando-se numa fortaleza dentro da fortaleza. São cerca de três quilómetros de fortificações, por onde se distribuem cinquenta e duas torres para todos os gostos: há torres quadradas e redondas, de envergadura e tamanho diferentes; umas têm seteiras, outras janelas e algumas são, aparentemente, fechadas. Toda a cidade parece estar cheia de armadilhas: cotovelos estreitos para que só passe um inimigo de cada vez, degraus gigantescos, fossos dissimulados, enfim, todo o mostruário do engenho militar que foi sendo aperfeiçoado desde os romanos, destinado a guerras de cerco, tão comuns nos tempos medievais. Só a mudança das técnicas de guerra, nomeadamente a utilização generalizada da artilharia e a pólvora, nos séculos XV e XVI, a tornou definitivamente obsoleta

Apesar de tudo, é impressionante o seu aspecto exterior de castelo, ao mesmo tempo irreal e inexpugnável. Contorná-la por entre as suas duas muralhas, espreitando pelas janelas e varandas para a paisagem verde de vinhas e campos cultivados, é um convite para uma viagem no tempo, que continua quando atravessamos a ponte levadiça. As ruas estreitas de pedra cinzenta, sombrias no verão e primavera e protegidas dos ventos frios no Inverno, transformam-se num labirinto, e nunca sabemos se terminam nas muralhas, na basílica ou na praça principal. Pouco importa. Os passos ecoam de longe, e a cada esquina esperamos ver aparecer alguém vestido de cota de malha e elmo reluzente. As carroças que conduzem os turistas em visitas guiadas reforçam a esperança, com o ruído dos cascos e o soprar dos cavalos a ressoarem nas paredes de pedra. Para continuar o recuo no tempo, é possível visitar o castelo do visconde, que dá acesso exclusivo a certas partes da muralha. E para terminar a viagem, nada melhor que uma visita ao Museu Medieval e ao da Inquisição, que nos proporcionam pormenores nem sempre agradáveis da história da cidade. Outro museu ao gosto da época é o da Tortura, que exibe sádicos e requintados instrumentos, concebidos em noites de insônia, destinados a punir sabe-se lá que crimes medievais.

Dizem os seus apreciadores mais sinceros que a cidade não deve ser visitada no Verão: há demasiada agitação e pouca privacidade para percorrer a velha Carcassonne, e a viagem no tempo, que deve ser feita na solidão, é constantemente interrompida por grupos de turistas ruidosos.

O destino de Carcassonne está traçado: será para sempre uma obra de arte inegável, e uma das maiores atrações turísticas da França e da Europa. A reconstrução fixou-a para sempre na Idade Média como quem tira uma fotografia, apesar de a cidade ter atravessado muitas outras épocas. E é, talvez, esta operação de congelamento temporal que lhe empresta toda a magia de cenário perfeito, que nos faz mergulhar profundamente num passado distante, belo mágico e por vezes também aterrador.

A Lenda da dama de Carcas

Não há castelo encantado que se preze que não tenha as suas lendas. Carcassonne justifica o seu nome com a história da dama de Carcas: quando Carlos Magno cercou a cidadela desta dama sarracena, achando-se desprovida de soldados, Carcas distribuiu pelas torres e muralhas bonecos feitos de palha, armados para combate. O estratagema teve resultado, e Carlos Magno levantou o cerco, desanimado com inimigo tão numeroso. Terá dito então a dama: “Sire, Carcas te sonne.” (“Senhor, Carcas vence-te”, em tradução livre). Daí o nome da cidade, que a lenda assegura ter-se tornado cristã, dando a dama origem à primeira linhagem de condes de Carcassonne. Outras lendas a respeito do nome da cidadela também são descritas, mas fiquemos com as menos extravagantes. A verdade, porém, é que os romanos já tinham uma fortificação na zona a que chamavam Carcasso, e os sarracenos, que se sucederam aos visigodos e não ficaram por aqui muito tempo, chamavam-lhe Carchachouna. A cidade-fortaleza foi palco de combates, cercos, destruições maciças e, por fim, expulsão dos seus habitantes, que resultou na ruína do que ainda estava de pé.

Dame Carcas. Porta Narbonnaise, Carcassonne.

Lendária mesmo parece ser a sua reconstrução no século XIX, pelo arquiteto Viollet-le-Duc, o mesmo que restaurou os santuários de Notre-Dame de Paris e Sainte-Madeleine de Vézelay. Homem de sensibilidade e força de vontade que nos proporciona, até hoje, vivermos momentos inesquecíveis a respeito da Era dos Anjos, a Era do Medievo Bonito e intrigante. Ahh cidade deslumbrante, cidade que me remeteu ao passado, que fez chorar, sorrir, enfim cidade maravilhosa, por favor guarda os meus passos que deixei pelas pedras de tua cidade la. Até a volta.

A bela Carcassonne, saudades.

Este artigo foi feito em homenagem a minha amiga Delia Paese, grande admiradora de La Cité, Carcassonne. Grande Abraço.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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Dia do Professor – Teacher’s Day

Muito obrigado pelas manifestações de carinho e apreço endereçadas a mim nesse Dia do Professor, as repasso aos meus abnegados colegas de profissão

Abe Deo Vincit Semper Gladius Auxilius Nobis

Thank you very much for the expressions of affection and appreciation addressed to me in this Teacher’s Day, I pass them on to my selfless colleagues in the profession

Abe Deo Vincit Semper Gladius Auxilius Nobis

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