Monthly Archives: October 2015

O Simbolismo do Armamento do Cavaleiro Medieval

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Armadura germânica, início do século XVI

O Elmo: esperança, inteligência, pudor.

A couraça: prudência, piedade, proteção contra o vício e o erro.

As luvas: justiça, ciência, discernimento, honra.

O Escudo: fé, conselho, proteção contra o orgulho, o desregramento e a heresia.

A lança: caridade, sabedoria, justa verdade.

As esporas: temperança, temor a Deus, zelo pela salvação, lembra ao cavaleiro os seus deveres, impedem-no de desleixar na imobilidade.

A espada: força, Palavra Divina, bravura, poder. Símbolo de condição nobre e militar, ordenadora da criação, mantenedora da justiça, da paz.

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Professor Paulo Edmundo Vieira Marques

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Belcastel – A Vila Bonita

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Aninhada em um vale íngreme em uma curva do rio Aveyron, Belcastel é uma das mais belas vilas medievais da França. Seu coração dispara quando você percebe que não é um sonho, literalmente a linda localidade nos transporta a um conto de fadas. No início do século XX a vila de Belcastel só podia ser alcançada através de trilhas difíceis no lombo de cavalos e mulas. Os restos do Castelo de Belcastel foram encontrados em bom estado de conservação. Bendita incursões de exploradores que nos brindou com essa dádiva medieval.

Durante os meses de verão, é repleta de turistas, mas quando eu a visitei na primavera deste ano, na companhia de grandes amigos, a vila e as suas ruelas estavam acessíveis e com um trânsito ameno.

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Logo que desci do ônibus me deu uma vontade de caminhar ao longo do rio e desfrutar dos chorões e admirar a água límpida do rio Aveyron. Com as suas margens muito bem preservadas e de uma beleza ímpar. Parecia uma pintura com as suas árvores com enormes folhas verdes em contraste com inúmeras flores com tons de amarelo brilhante.

Belcastel é uma vila medieval, muitas dessas vilas estão localizadas na margem norte do Aveyron. A vila bonita se sobressalta. Sua localização estratégica lhe teria permitido, na Idade Média, o controle deste trecho do rio Aveyron.

As casas com telhados de pedra ardósia, derramam-se pela encosta do Castelo de Belcastel localizado na parte superior. Uma cena indescritível e inesquecível. O Castelo é do século XIII, construído sobre as ruínas de uma capela do século IX. No final das Guerras de Religião, conflitantes e tristes para a região, foi doado para família Saunhac que o reformou, o ampliou e o restaurou, solidificando as suas guarnições e fortalecendo-o de sobremaneira ao longo dos próximos duzentos anos.

A família e o Castelo atingiram o seu apogeu no século XV, quando Alzais Saunhac, o Lord de Belcastel, construiu uma bela ponte sobre o rio Aveyron para conectar-se com a aldeia de Belcastel e também com a sua igreja recém-construída no lado oposto do rio. Esta igreja simples, de uma aura sublime me encantou. A encantadora L’Eglise Sainte-Marie Madeleine, abriga estações da Via Sacra pintadas pelo artista contemporâneo, Casimir Ferrer, algumas historicamente importantes esculturas em pedra, e o túmulo de Alzais Saunhac. A bela ponte de pedra torna o cenário perfeito para fotografias e pinturas da vila e do castelo. A vila bonita me abraça e me diz: seja bem-vindo forasteiro aqui a história é viva. Anualmente, o conselho da aldeia realiza concursos de arte e exposições com produtos artesanais típicos da região. Festas e festivais medievais são atrativos turísticos.

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No final do século XVI, o último sobrevivente Saunhac deixou a região e o Castelo de Belcastel começou um declínio gradual. Em um certo momento, durante a Revolução Francesa, Belcastel tornou-se historicamente importante quando Peter Firmin, um nobre de Aveyron usou o Castelo como esconderijo enquanto foragido do novo regime vigente.

O lindo vale não merecia ser esquecido. Toda a beleza e história do lugar não poderia esvaziar-se. Mas renasceria na década de 1970, quando o Castelo foi comprado pelo arquiteto Ferdinand Pouillan. Ele passou oito anos restaurando e trazendo de volta a magnitude do Castelo de Belcastel. Com o auxílio de pedreiros argelinos, sem o uso de gruas ou de máquinas modernas, reconstruíram as torres e torreões do castelo e de suas sustentações complementares, tudo com pedras retiradas do próprio vale.

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Após a morte de Pouillan, o Castelo foi comprado por um casal de norte-americanos que abriram ao público. O turismo da bela vila incrementou-se em todos os sentidos.

Hoje, você pode visitar os jardins e visitar galerias do Castelo contendo coleções de armaduras do século XVI e da arte contemporânea. Ocasionalmente eventos musicais são realizados no local.

Se você está realmente disposto a viver momentos medievais inesquecíveis, você pode alugar uma suíte localizada em uma das torres do castelo para uma verdadeira experiência do século XV, mas com todas as conveniências modernas. Um fato que eu achei muito interessante e de extrema singeleza foi o museu dedicado a três importantes e fundamentais profissões que contribuíram para a edificação de Belcastel, o ferreiro, o sapateiro e o pescador. A caminhada até o Castelo, no seu topo, é maravilhosa, pois todos os aspectos de uma vila medieval estão contidos no passeio.

Uma imagem que não me sai da cabeça quando, dentro do ônibus, indo embora, olho para o Leste e avisto o Castelo ao longe refletido nas águas límpidas do rio Aveyron.

Belcastel é verdadeiramente uma colaboração única do passado para a compreensão do presente e do futuro. Obrigado vila bonita.

u996Esse artigo é dedicado a minha amiga Waleska Martins Soares, foi um privilégio tê-la conhecido.

Professor e Historiador Paulo Edmundo Vieira Marques

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La Couvertoirade, A Essência do Medievo

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A Sudoeste da França localiza-se a região dos Midi-Pyrénees. Ali encontram-se maravilhas vivas, o mundo parou de uma maneira sublime e terna, dentre elas alguns pontos turísticos abertos à visitação durante o ano inteiro. O medievo pulsa nesta região.

La Couvertoirade, uma maravilha medieval está situada no Parque Natural Regional de Grands Causses no Sul de Aveyron, a uma altitude 800 metros. Comunidade com 6000 hectares, com população permanente de 189 pessoas, distribuídas pela linda cidade e arredores. Concluo que são privilegiados habitantes de épocas distintas. Majestosa no coração de Larzac, a cidade mostra-se uma história viva do medievo. A Idade Média em sua essência. Quando adentrei no pórtico principal, observei crianças com trajes típicos medievais, brincando em torno de um círculo de pedras milenares. Senti-me como um cavaleiro retornando da Terra Santa revendo os seus familiares. Sensação extremamente gratificante para um historiador.

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Causse du Larzac era a Rota dos Templários (de 1120) e Hospitalários (de 1113). No tempo das Cruzadas essas Ordens Militares Religiosas tinham a função de abrigar e ajudar peregrinos que iam à Jerusalém visitar o túmulo de Cristo. Os Templários também se instalaram no Caminho de Santiago com a mesma missão: a de proteger peregrinos dos inúmeros saques e perseguições, principalmente de mercenários pagãos. Retornando à região, mais especificamente em La Couvertoirade, por volta de 1150, os Templários se instalaram e estabeleceram entrepostos de sustentação e proteção. Situada sobre antiga via de passagem, ligava Norte-Sul e partindo dos portos do Mediterrâneo podia-se ir para o Ocidente ou Oriente. Localizada em cima de colina com uma ampla vista para o vale era de difícil ameaça. Local estratégico! A região além de ser instigante é de uma paisagem exuberante. Ela seduz.

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Atualmente pequenas cidades tentam reviver e viver do turismo, que já está provado que se bem feito é capaz de criar empregos e sustentar com qualidade os moradores do local. As cidades fortificadas pelos Templários que estão na rota turística são Ste-Eulalie de Cernon, St-Jean-d’Alcas, Le Viala du Pas de Jaux e La Cavalerie e La Couvertoirade. 

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A vila de pedra é de um magnetismo extremo. Em 1200 os Templários construíram um castelo e em sua volta cresceu o povoado, as muralhas foram construídas no século 15. Essa cidade tem muita relação com os elementos templários e hospitalários, principalmente no sistema de recolhimento de água: as cisternas e “lavognes”, que é uma depressão na terra calcária e empedrada. Serve para juntar água das chuvas ou de nascente e para os animais. Ficam, as maiores, localizadas fora da cidade fortificada. Sinto enorme saudades dessa fortaleza templária. Me ponho a recordar os momentos enigmáticos que passei dentro desta vila repleta de história. Caminhar pela vila e por suas muralhas é de uma satisfação e prazer indescritíveis. Realmente e categoricamente é como voltar no tempo. Doce essência do medievo.

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Esse artigo é uma homenagem à minha querida amiga Berenice Longo.

Professor e Historiador Paulo Edmundo Vieira Marques

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