Daily Archives: July 8, 2015

Albi. A Maravilhosa Cidade Vermelha

Albi, bèl. Qu’èi descobèrt uei un endret hèra agradiu.

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Não importa quantas vezes eu vou visitar Albi, a minha reação sempre será de alegria, tranquilidade, satisfação, a cidade vermelha me deixa muito, muito feliz. Meu coração pulsou de uma maneira diferente diante de suas belezas. Albi, às margens do Rio Tarn, se espalha com suas ruelas estreitas em um sobe e desce que parece cenário de filme. Casinhas medievais de tijolos maciços, floreiras nas janelas, portas coloridas, bares pequeninos mas aconchegantes e bonitos, pessoas simpáticas e muitas crianças. 

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Caminhando diante de casas cativantes de repente, um susto: as vielas vão dar no coração da cidade, ocupado por um templo gótico fortificado, erguido no século 13 em dimensões megalomaníacas. A Cathédrale de Sainte-Cécile é uma aula de história sobre o passado de Albi. Ela oferece um contraste impressionante entre o rigor defensivo exterior de sua arquitetura e riqueza interior de uma decoração maravilhosa, espetacular. Testemunho da fé cristã após a heresia dos cátaros, segundo a igreja católica, esta catedral fortaleza é uma obra-prima do gótico sulista.  Resumindo: a cidade foi o centro do movimento herege cátaro, que dominou o sudoeste francês no século 12 e provocou a ira da igreja, dando origem as cruzadas, albigenenses, cátaras, e a confrontos sangrentos que destruíram vidas e cidades inteiras da região no século seguinte. A catedral foi erguida logo após a reconquista da cidade, como símbolo do poder católico.   A maior estrutura de tijolos do mundo foi construída no século 13, sua arquitetura militarista impressiona pela grandiosidade de suas estruturas. Ao lado, o igualmente formidável Palais de la Berbie reforça a afirmação da beleza de todo o complexo. Hoje, o palácio do bispo abriga o renomado e restruturado Musée Toulouse-Lautrec, a maior coleção do mundo de obras do artista nascido na cidade e confirma que a sua observação social ia muito além de Paris. Adicione, ao local, obras de Matisse, Dufy, Gauguin e mais, este é um museu onde se pode passar o dia todo. A catedral e o palácio são ambos construídos de tijolos feito à mão – como é praticamente todo o resto em Albi, dando origem ao apelido a esta linda cidade de La Ville Rouge. Olhando de perto, pode-se observar impressões digitais de 500 anos, aqui e ali no barro cozido das estruturas dos tijolos.

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O labirinto de ruas sem trânsito na cidade medieval tem muitas lembranças do passado. As casas são muito bem conservadas e restauradas de maneira exemplar. Nos telhados e terraços, nota-se, que foram utilizados e eram perfeitos para a secagem do presunto, bem como serviam como excelente lavanderia. O medievo é pulsante. Os sinais das ruas estão em duas línguas: Occitânico e moderno francês. O dia radiante ajudou em muito para que o reflexo do vermelho esplendoroso da cidade tivesse um realce ainda maior. As pessoas estavam, pelo menos naquele dia que caminhei sozinho pela Ville Rouge, alegres, sorriam. Todos gentis, àqueles com que falei. Diante da ponte de pedra, ligação para a cidade velha, o rio Tarn me abraça, fiquei cerca de vinte minutos observando o seu diálogo comigo. Rio belíssimo, sem poluição, devidamente preservado. O que mais me impressionou em Albi foi a justaposição do velho com o novo. Uma cena que não me sai da cabeça, penso seguidamente nela, é aquela em que inúmeros skatistas deslizavam e demonstravam as suas habilidades diante da magnífica Cathédrale de Sainte-Cécile. Ahhh, cidade vermelha, quase rosa, sinto a tua falta, sinto falta do teu aconchego, passei momentos inesquecíveis em teus braços. Te abraçarei novamente, se Deus quiser. Até.

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Paulo Edmundo Vieira Marques

Professor, Historiador, Escritor Medievalista.

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