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O escudeiro tinha por encargo transportar as armas, em especial o broquel, o escudo do guerreiro. Devia ainda preparar os cavalos de montaria, pois fazia parte da “escuderia” ou “cavalariça”. Era, por isso, considerado um membro do “famulus”, isto é, daqueles criados domésticos ligados à casa senhorial. Era o escudeiro quem servia seu senhor à mesa, o acompanhava em combate e era seu mensageiro. Os escudeiros formavam o grupo de serviçais obsequiados, geralmente jovens oriundos de famílias de vassalos que ficavam de guarda ou como aprendizes no castelo. Na Espanha e no Império Romano eram considerados aprendizes, um estrato inferior da aristocracia. Quando, no século XII, se desenvolveu o hábito de armar o cavaleiro, esses aprendizes passaram a ser considerados aspirantes à cavalaria. Contudo a elevação do custo da ascensão social inteditou tal possibilidade. No século XIV, o escudeiro era, portanto, um aristocrata que, embora tivesse idade e mérito, não poderia tornar-se cavaleiro. este passou a ser assimilado à nobreza, ao passo que o escudeiro manteve-se nos limites do estrato plebeu.
O poeta Wolfram von Eschenbach mostra suas armas, Códice Manesse, 1304.
Paulo Edmundo Vieira Marques
From Medieval Imago, post Escudeiro – Fiel Parceiro
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Derivada da palavra latina species, que designava qualquer “espécie” de produto e, mais tarde, a partir do Baixo Império (período final do Império Romano do Ocidente), as substâncias aromáticas ou drogas de origem exótica, as especiarias suscitaram a cobiça e a fantasia de muitos ao longo da Idade Média. Segundo o tratado do florentino Pegolotti, La pratica della mercatura, 1340, a lista das especiarias compreendia 286 produtos eliminadas as repetições, há no total 193 espécies. Os produtos comumente utilizados na farmacopeia medieval e provenientes dos três grandes reinos – mineral (mercúrio, bórax), vegetal (anis, cardamomo), animal (âmbar, castóreo, substância segregada pelo castor) – correspondiam a mais da metade da listagem. Depois, vinham os produtos de uso industrial, próprios para o tingimento (alume, indigo), ou utilizados na perfumaria (cânfora, almíscar), compondo 22 por cento dos produtos listados. Finalmente, os condimentos, últimos da lista, 20 por cento, com as clássicas e conhecidas especiarias (pimenta, canela, cravo-da-índia). Além desses constavam da lista: mel, laranja e açúcar, produtos que hoje não mais considerados especiarias
Um mesmo produto podia servir indistintamente à farmacopeia, à cozinha e às manufaturas, o que dificulta sua classificação por uso e utilidade. Mais de um quarto desses produtos, em particular as grande especiarias orientais, provinha da Índia, e do Extremo Oriente. Caracterizavam-se pelo alto preço e pelo fato de já serem objeto de grande comércio entre os indianos e árabes, antes de alcançarem o mercado europeu. A Pérsia e a Ásia Central forneciam 13 por cento dos produtos citados por Pegolotti, o Oriente Médio e o Egito, 20 por cento. Da África, vinham o marfim e o incenso, das regiões pônticas (na costa do Mar Negro), a sinopita e a argila vermelha da Armênia, dos países nórdicos, o âmbar, o estanho e o breu. mas um quarto dessas especiarias recenseadas provinha, sobretudo, das regiões mediterrâneas, produtos de sua atividade extrativa, agrícola e artesanal. A importância das especiarias na cozinha medieval foi por muito tempo creditada à necessidade de conservar os alimentos, ou à influência árabe. Todavia, um conhecimento mais apurado dos livros de receitas e das contas privadas passou a levar em consideração também os fenômenos de moda e gosto e a diversidade no uso dos condimentos segundo os países, ou as regiões, e diversos meios sociais. O consumo diversificou-se, crescendo conforme subia a escala social. Um tando abandonadas pela arte culinária do final da Idade Média, as especiarias continuaram como base da farmacopeia até a “revolução química” do século XIX. As receitas populares, remanescências de receitas ditas esquecidas ou modificadas, utilizavam os “simples”, mas os receituários e antidotários, expressão das teorias da polifarmácia herdada dos gregos e dos árabes, faziam uso intenso das especiarias em associações complexas.
A economicamente importante Rota da Seda (vermelho) e especiarias rotas de comércio (azul) bloqueado pelo Império Otomano, 1453 com a queda do Império Bizantino, estimulando a exploração motivada inicialmente pela constatação de uma rota marítima em torno da África e provocando a Era dos Descobrimentos.
Com o intuito de desenvolver o comércio das especiarias entre o Extremo Oriente e o Mediterrâneo, três grandes rotas intercontinentais foram, simultaneamente ou sucessivamente, utilizadas: o golfo Pérsico, nos primeiros tempos do Islã, o mar Vermelho e o Rio Nilo, sob os fatímidas, e as duas rotas mongóis da seda e das especiarias, sendo Marco Polo, um dos seus precursores, atingindo o mar Negro no início do século XIV. A partir de 1350 e até o final da Idade Média, Alexandria e Beirute foram os grandes mercados desses produtos do Oriente. Sua supremacia só seria contestada em 1498, com a chegada às Índias de Vasco da Gama, que, pelo contorno da África, inaugurou a rota portuguesa das especiarias.
Miniatura da Bodleian Libray, manuscrito que descreve a saída de Marco Polo de Veneza rumo a Rota da Seda.
Paulo Edmundo Vieira Marques
From Medieval Imago, post Especiarias – Cobiça e Fantasia
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