Uma indagação se impõe com referência à escolha do contexto temporal e temático que eu me dedico e estudo com tanto afinco. Qual o sentido em estudar o Ocidente medieval, uma sociedade tão longínqua no tempo e no espaço, a partir das terras americanas e, em particular, brasileiras? A Baixa Idade Média continuou caracterizada pelas estruturas fundamentais de dois séculos anteriores. Encontraram-se nela os mesmos grupos dominantes principais e os mesmos grupos dominados. A Igreja continuou sendo a instituição hegemônica, enquanto prosseguiu o desenvolvimento do mundo urbano e o reforço dos poderes monárquicos. A conquista e a colonização da América não é o resultado de um mundo novo, mas sim nascido de uma decomposição da Idade Média.
Muito além das transformações, das crises e dos obstáculos, é a sociedade feudal, prosseguindo a trajetória observada desde o início do segundo milênio, que empurra a Europa para o mar. É uma Europa ainda dominada por longo tempo pela lógica feudal, com seus protagonistas principais, a Igreja, a monarquia e a aristocracia (mercadores), que finca o pé na América, e não uma Europa saída transfigurada da crise do fim da Idade Média e agora portadora das luzes do Renascimento e do Humanismo. A América foi conquistada, não creditando aos seus autores a mentalidade americana, mas provavelmente aos seus valores e à lógica de seus comportamentos provenientes de um contexto medieval. Diante disto, complementando e ratificando a importância dos estudos medievais a partir de um olhar sul americano e brasileiro, sempre procurarei uma próxima pesquisa no intuito de solidificar os conhecimentos e estudos do medievo perante aos meus alunos e a sociedade em geral.
Paulo Edmundo Vieira Marques
From Medieval Imago, post Indagações
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