Manuscrito Bodleian Library, século XIV, vagão para transporte de armas, soldados e até cadáveres. O vagão de guerra.
Quando, na História, apareceram os transportes como, carretas (veículos de duas rodas) e vagões (veículos de quatro rodas) foram de extrema importância para os homens, para o comércio, para as trocas enfim, com a comunicação com outras pessoas. A sua eficiência com relação aos animais usados sem uma tecnologia de transporte, foi enorme, inexplicável. O historiador Jeffrey L. Singman escreve que uma carroça de quatro rodas com um par de cavalos poderia transportar mais de 1.200 Kg. por cerca de 30 km por dia. Os carros mais antigos, de transportes de homens e mercadorias, usados de forma razoável, foram os trenós usados entre 6.500 e 7.000 a.C. pelas tribos nativas da Europa Central e Oriental.
A ascensão do transporte sobre rodas, em torno de 3000-5000 a.C. teve início em lugares onde existiam fontes suficientes de madeira e aonde a tecnologia do seu corte era existente e avançada no que concerne a sua confecção e moldagem no formato de rodas. Inicialmente, as rodas eram sólidas em vez de raiadas. As rodas eram em forma de peças planas de madeira. As rodas poderiam ser um pedaço sólido de madeira, também poderiam ser encaixadas a partir de duas ou três peças, dependendo do tamanho da árvore original e o tamanho da roda final que se desejasse ao final do trabalho. Apenas ferramentas básicas, como um machado eram necessárias para produzir rodas de certa qualidade e durabilidade. A roda ou o eixo (na forma de toras, colocadas sob um objeto pesado para ajudar a rolá-los) foi a primeira atitude tomada pelo homem para confeccionar um transporte para levar cargas ou pessoas. Ainda hoje isso é objeto de discussão dos pesquisadores. No entanto, a combinação das duas rodas unidas por um eixo se mostrou extremamente eficiente. Os primeiros projetos fixaram os eixos com as rodas, lubrificadas por óleos animais*, que giravam sobre eles, proporcionando menos atrito do transporte sobre o solo.
Manuscrito século XIV, Morgan Library, o carro de bois a direita acima no auxílio à construção de igrejas.
Bandas de ferro, substituição e colocação de revestimentos de couro, introduzidos ao redor das rodas melhorou a longevidade da madeira. O transporte, a locomoção de animais e carroças puxadas por bois eram comuns no Egito, Grécia e Roma. Este meio, também, por muito tempo, foi usado na Idade Média. A grande alteração, no entanto, foi que o prestígio dos carros de bois diminuiu, seriam usados pelos camponeses em longa escala, para todo o tipo de afazeres no campo. Na cidade, nas classes menos favorecidas também foi de grande utilidade. Auxiliando ferreiros, comerciantes monges entre outros. A nobreza medieval e a realeza viraram-se para os cavalos para puxarem os seus carros. Geralmente cavalos de uma raça de grande porte, fortes e robustos para a sustentação de um transporte que requeria muita força. Por muito tempo a maioria da sociedade medieval confiou seu transporte aos bois e eles fizeram um trabalho admirável, dando sustentação para o progresso do comércio da Europa Central. Mas a população acabaria cedendo aos cavalos, aos animais de potência como eram chamados. Sua maleabilidade e rapidez influenciaram enormemente a escolha geral do povo medieval que se locomovia que batalhava levando armamento para as inúmeras guerras e que principalmente comercializava.
O uso de carros e vagões na era medieval, como o historiador John Langdon diz: assumiu um papel importantíssimo na difusão de todo o espectro econômico do mundo medieval. A diferença do transporte fez a diferença para o progresso europeu medieval. Antes do século XII, as carroças, a maioria era puxada de arrasto pesado feito por bois.
Manuscrito do século XIII, Morgan Library, 0 vagão no incremento comercial e das trocas.
Após este período, os cavalos tornaram-se os animais de serviço dominante. O interruptor de potência, no entanto, necessitava uma redução no tamanho e capacidade para a sua flexibilização e manuseio. Carros puxados a cavalo tinham cerca da metade da capacidade daqueles puxados por bois.
No caso de uma carga especial, especialmente pesada, como madeira ou carvão, os bois predominaram no transporte de carros e vagões. Veículos com cavalos e bois tiveram, na sua maior parte, duas rodas. Os vagões medievais, tão lembrados e vistos em filmes e livros, preferencialmente de quatro rodas, eram reservados para o transporte rodoviário, via florestas. Seguidamente assaltados por bandoleiros, ficaram famosos em cenas de filmes. Transportavam de tudo, na maioria das vezes alimentos, mas por ter a possibilidade de se esconder dentro deles, também era a morada preferida de alquimistas e bruxas. Lenda ou não foram muito usados por médicos e curandeiros medievais. Era pau para toda a obra, ou a Kombi daquela época, assim se poderiam resumir os famosos vagões.
Vagão medieval para a utilização de profissões como médicos, comerciantes, alquimistas etc.
O problema do transporte de quatro rodas foi que, apesar de eixos com giro frontal terem sido inventados por volta de 500 A.C., a tecnologia não se expandiu, foi lenta e demorada. Logo no início do período medieval, o giro frontal de eixo não existia, tornando-se quase impossível controlar o animal. O exercício para mantê-lo requeria grande força e destreza. A mudança ocorreu depois de cerca de 800 anos, pelo menos na Europa Central. Sem dúvida, uma demora demasiada para uma mudança tecnológica mais avançada, o que nos leva a conclusões de que as repetidas invasões bárbaras estagnaram melhores inovações nas regiões afetadas pelos choques. Vagões com eixos de giro não seria comum na Inglaterra até o século XVII. Dirigir carros ou vagões medievais foi uma experiência muito instável e dolorosa, era um sacrifício qualquer tipo de viagem, e a maioria delas eram longas naquele período, porque os veículos não tinham suspensão ou qualquer tipo de amortecimento, pelo menos até o século XIV, quando algumas suspensões em vagões de transporte, feitas com molas de ferro foram introduzidas no Flandres, atuais Países Baixos.
Um transporte, um carrinho que pouco se fala e se escreve sobre ele, é o carrinho de mão. Usado especificamente para o transporte de mercadorias como alimentos, ferramentas etc., foi um aliado muito importante para o homem no medievo. O carrinho de mão é de origem medieval e não tem nenhum antecessor romano. Ele, também, foi o único veículo que era empurrado em vez de ser puxado. As iluminuras, as representações e textos de manuscritos datam do século XIII, mas a sua tecnologia, sem dúvida antecede a essas fontes.
* Eram usados para facilitar a locomoção do transporte banha de porco, óleo de peixe, de oliva entre outros e de variações distintas. Conta-se na Idade Média, século XI, em Bruges até mel se usava para tal fim. Nas Cruzadas o óleo preferencial para o transporte das tropas era o de javali, por ser espesso, mas de excelente viscosidade e penetração nos eixos e extremamente duradouro.
Réplica de um vagão medieval para transporte de doentes e feridos.
Professor, Historiador: Paulo Edmundo Vieira Marques
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