Arquivo diários:abril 30, 2016

La Cavalerie – A Comenda de Abastecimento dos Cavaleiros Templários

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Paralelamente às fundações das bastides, outro tipo de aglomeração, a “comenda” foi implantada pelos templários, no século XII. Exemplos bem conservados estão no planalto de Larzac, ao sul da linda cidade de Millau.

Quando chegamos, em uma manhã maravilhosa de sol, eu pude perceber claramente que se tratava de um entreposto de abastecimento. Os templários usavam aquele local para abastecer os seus mantimentos, restaurar os seus armamentos, preservar os seus cavalos, rumo a Terra Santa. Essa linda vila medieval, ricamente preservada, trata-se de uma aglomeração voltada para o cultivo de cereais, a criação de ovelhas e de cavalos para os incansáveis combatentes no Oriente. A presença dos templários durou até 1312, quando a ordem foi extinta por determinação do papa. La Cavalerie continuou sob a gestão da Ordem dos Hospitalários, que herdou os bens dos templários. Ela, sob o comando de poucos cavaleiros, continuou acolhendo peregrinos e templários que deixavam as Cruzadas. Caracteriza-se como uma comunidade hospitaleira, característica daqueles tempos.

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A comenda de La Cavalerie é parte de um conjunto de vilas criadas na região (como: Sainte-Eulalie-de-Cernon, La Couvertoirade) que se dedicavam ao cultivo de cereais e à criação de ovinos e equinos, com o objetivo fundamentalmente de fornecer, aos cruzados alimentos, lã e cavalos.

Me senti muito à vontade na cidade, caminhei por suas ruelas, procurando detalhes em qualquer construção. Tem uma igreja, pequena e rústica, mas de uma beleza indescritível, provavelmente do século XIII. As ruas, até hoje, são recobertas com as pedras do planalto calcário e as habitações eram construídas em dois níveis: no térreo, havia espaços para abrigar os animais e depósitos para a colheita. Uma escadaria externa levava ao andar superior, onde havia os espaços para a habitação.

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A população, na maioria de camponeses, era reduzida, pois os templários não era exatamente o povoamento da região, mas sim a criação de animais e, particularmente, a produção de lã, peles e queijo (o roquefort). Fiz uma explanação em frente a um destes entrepostos característicos da cidade. Me emocionei nesse momento, pois senti que os meus amigos compreenderam a especificidade do local.

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Com a perseguição e extinção dos templários, a bela cidade, ficou sob a administração dos hospitalários que construíram as suas muralhas com as suas torres cilíndricas e imponentes. 

Na despedida da maravilhosa vila medieval, da janela do ônibus, senti um aperto no meu coração. Alguma coisa me dizia que já estive ali e que dei te comer e beber ao meu corcel companheiro de batalhas. Até uma possível volta.

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Professor, Historiador e Escritor Paulo Edmundo Vieira Marques

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