O Jogo Medieval

Além dos emblemáticos torneios, havia uma série de jogos medievais, sobretudo a partir do século XIII. Apesar dos esforços conjugados das autoridades civis e eclesiásticas, os jogos de azar – principalmente os de dados – tiveram um grande desenvolvimento nessa época. Não havia taverna sem jogos. Todos jogavam. O poder público rapidamente abandonou a atitude penal em relação a esse tipo de jogo, adotando uma atitude fiscal, As próprias autoridades mantinham as casas de jogos, importante fonte de renda. Essa evolução, desenhada desde o final do século XIII, terminou por volta de 1500.

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 A história do nobre gesto de Alexandre, Rei da Macedônia, livro feito a mando de João da Borgonha, História de Alexandre, século XV. Fonte: gallica.bnf.fr

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 Peças medievais do jogo de xadrez, geralmente usadas também no medievo em virtude do seu significado descritivo do cotidiano medieval.

Por muito tempo apanágio exclusivo da aristocracia, o xadrez conquistou as burguesias urbanas a partir do século XIV. Produto importado que entrou na Europa por volta do 1000, via Espanha, Itália e países nórdicos, o xadrez foi durante muito tempo parte da educação do jovem cavaleiro. O jogo era assunto de vários livros, traduções e compilações que ocupavam lugar de honra nas bibliotecas dos príncipes do fim da Idade Média. Entretanto, antes da grande revolução do xadrez no final do século XV – aquela que transformaria a dama na todo-poderosa do tabuleiro – , o jogo parecia bastante insípido. Era mais massacre que estratégia.

O jogo de cartas era novidade na Idade Média. Na segunda metade do século XIV, surgiu na cena europeia o baralho, decorado com pinturas. Desde o século XV, era praticado por grande parte da população, permitindo a artesãos especializados viver da confecção e do comércio de baralhos. No início um jogo simples, ao longo do século passou a integrar dados racionais que permitiam a elaboração de uma estratégia, em particular com o princípio da distribuição e composição das cartas e a introdução da noção de trunfo. Essa conjugação de azar e reflexão esta na origem do sucesso do novo divertimento.

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 Cartas da Caça flamenga pintado desenhado à mão acredita-se  ter sido produzido na França ou Borgonha, final do século XV.

O jogo de Pela, ancestral do tênis, teve um crescimento sem precedentes no fim da Idade Média e começo do Renascimento. Para a nobreza, era um meio de manifestar sua excelência física e mostrar sua prodigalidade. Jogar com o príncipe era sinal de distinção e um meio de se valorizar no meio da sociedade da corte. A quadra era integrada às residências princepescas, enquanto outros jogos permaneciam nas cidades.

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Representação do Medieval Tennis no Livro de Horas  Hore Beate Marie Virginis secundum Usum Romanum. 1510.

No campo, o jogo mais comum era a Soule, um ancestral do rúgbi. Todos os golpes eram permitidos para apropriar-se da bola. Praticado na Inglaterra, países célticos, norte e oeste da França, era organizado pelos senhores feudais.

Paulo Edmundo Vieira Marques

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